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Estado de Minas COMPORTAMENTO

Espaços fechados: é seguro ir à academia?

Com a liberação dos espaços fechados para praticar atividade física, mesmo com a pandemia, quais cuidados e riscos, o que exigir e como agir?


04/07/2021 04:00 - atualizado 03/07/2021 22:31

Atividade física é receita única para viver bem, com qualidade, disposição, energia, autoestima, reduzindo consideravelmente os riscos de desenvolver determinadas doenças(foto: Steve Buissinne/Pixabay)
Atividade física é receita única para viver bem, com qualidade, disposição, energia, autoestima, reduzindo consideravelmente os riscos de desenvolver determinadas doenças (foto: Steve Buissinne/Pixabay)


Para viver bem, com qualidade, disposição, energia, autoestima, reduzindo consideravelmente os riscos de desenvolver determinadas doenças, inclusive, de fundo emocional e psicossocial, há uma única receita: atividade física. E por toda a vida.

O Brasil, que já não tinha tantos adeptos e registra número assustador de sedentários, viu o cenário piorar com a pandemia da COVID-19.
 
No entanto, com a flexibilização das atividades, as academias e espaços de ginástica, musculação, dança, luta, ioga, pilates e natação estão liberados às aulas presenciais. Obrigados a seguir regras de higienização e determinação de protocolos sanitários, a grande dúvida é: vale a pena arriscar? É seguro?. 

A verdade é que, além da socialização, ter orientação especializada é fundamental, e muitos já não suportam mais treinar em casa de forma improvisada e não conseguem o resultado esperado com aulas via plataformas on-line, vídeos no YouTube ou mesmo investindo no levantamento de pacotes de arroz e latas de óleo. Tudo ficou enfadonho.

Com o mantra de todo profissional da saúde alertando sobre a importância da atividade física e, ao mesmo tempo, a recomendação para ficar em casa, muitos estão na dúvida de como agir diante da abertura das aca- demias.

Por isso, fomos ouvir especialistas, médicos, cardiologistas, infectologistas, professores de educação física e aqueles que não vivem sem se exercitar para saber como encontrar formas de retomar os exercícios de forma presencial, em locais fechados, minimizando os riscos e cuidando da saúde ao mesmo tempo.

A decisão de largar uma vida sedentária para a prática de hábitos saudáveis é transformadora, tanto no lado emocional quanto no físico. Os benefícios são significativos. Em dezembro de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) criou uma nova versão de suas diretrizes sobre a quantidade de atividade física que deve ser praticada.

Embasada em evidências científicas dos últimos anos, principalmente observadas com a pandemia do novo coronavírus, o relatório recomenda pelo menos 150 a 300 minutos de atividade aeróbica por semana, em nível moderado a vigoroso, para todos os adultos.

Para cada pessoa que frequenta uma academia tem 19 no sofá. Esse número é um retrato do ranking mundial da Organização Mundial da Saúde, que aponta o Brasil como o 5º país mais sedentário do mundo, com o percentual de 46% da população inativa, sendo a média global de 28%

Dado da Associação Brasileira de Academias (Acad)



Marconi Gomes da Silva, médico cardiologista, especialista em medicina do exercício e do esporte e diretor clínico da SPORTIF – Clínica do Exercício e do Esporte, alerta: “Existe um trabalho recente na revista Sports Medicine de 2021 que coloca questões importantes. Apesar da importância da alta frequência respiratória durante o exercício na dispersão das gotas contaminantes, na hora do exercício exalamos mais ar e a chance de contaminação é maior, não há dados confiáveis até o momento para definir distâncias seguras durante atividades esportivas”.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera um tempo de permanência de 15 minutos ou mais nesses ambientes como um risco maior por conta da proximidade e pelo tempo de exposição.

“Atividade física que não permite distanciamento pela delimitação de espaço, sobretudo em locais fechados, envolve alto risco de contaminação. Atividades que permitem o distanciamento significativo, o risco é moderado. E ao ar livre, o risco diminui muito.”
 
A publicitária Érica Fantini, de 33 anos, comemorou o retorno à academia e diz que a volta foi superesperada(foto: Arquivo Pessoal)
A publicitária Érica Fantini, de 33 anos, comemorou o retorno à academia e diz que a volta foi superesperada (foto: Arquivo Pessoal)
A publicitária Érica Fantini, de 33 anos, conta que começou com os treinos em academia aos 18, por questões estéticas de adolescente, mas hoje faz por prazer.

“Sei dos benefícios à saúde, mas tenho prazer em treinar. Faço musculação com personal trainer três vezes por semana e atividades aeróbicas duas ou três vezes. Logo que a academia fechou, treinei com meu personal de forma 100% on-line e com o tempo ele começou a ir na minha casa. Além disso, aluguei uma bicicleta de spinning por quatro meses e fiz aulas de beach tênis e futvôlei em casa.”

Para Érica, o retorno à academia foi superesperado e comemorado. Ela destaca que, apesar de ter se adaptado bem com os treinos em casa, ao ar livre, sentia falta de ter o auxílio dos equipamentos.

“No início, foi um pouco complicado adaptar ao treino com máscara, mas hoje é supertranquilo. E a academia preparou a estrutura para receber os alunos com segurança. Na primeira reabertura ainda tinham pessoas que tiravam a máscara, principalmente nos aparelhos de aeróbico. Hoje, já usam máscara 100% do tempo e só tiram mesmo para beber água. Acredito que todos estão adaptados ao novo hábito.”

Professora de educação física Beatriz Bicalho diz que evidências científicas mostram a necessidade de 150 a 300 minutos de atividade aeróbica por semana, em nível moderado a vigoroso(foto: Arquivo Pessoal)
Professora de educação física Beatriz Bicalho diz que evidências científicas mostram a necessidade de 150 a 300 minutos de atividade aeróbica por semana, em nível moderado a vigoroso (foto: Arquivo Pessoal)
A professora de educação física Beatriz Bicalho, coordenadora do curso de educação física da Estácio Belo Horizonte, mestre em educação e diabetes, enfatiza que, diante da pandemia, indivíduos que eram sedentários buscam agora melhorar a saúde, assim como o fortalecimento muscular e o condicionamento físico. Esse novo comportamento pode ajudar a mudar o grau de sedentarismo do brasileiro.

De acordo com Associação Brasileira de Academias (Acad), para cada pessoa que frequenta uma academia tem 19 no sofá. Esse número é um retrato do ranking mundial da OMS, que aponta o Brasil como o 5º país mais sedentário do mundo, com o percentual de 46% da população inativa, sendo a média global de 28%.

Cenário que tem piorado com a pandemia. Artigo publicado em janeiro de 2021 (Diet & Health under COVID-19), mostra que o Brasil está entre os países nos quais a população teve o maior ganho de peso, cerca de 52%.

Diante do péssimo retrato, Beatriz Bicalho recomenda que para qualquer indivíduo que desejar retomar os exercícios físicos, o primeiro passo é procurar um profissional de educação física. Outro fator fundamental que ela aponta é que todos devem fazer uma avaliação clínica, procurar uma orientação médica, visitar o cardiologista, principalmente se teve COVID-19 e se apresenta alguma sequela da contaminação dos Sars-CoV-2.

A Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte (SBMEE) e a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) publicaram um documento com orientações para o retorno seguro às atividades físicas após a infecção pelo Sars-CoV-2. Essas diretrizes trazem indicações tanto para atletas profissionais como para quem se exercita em busca de saúde e diversão.

“Independentemente de tudo isso, o retorno deve ser gradual. Não é possível buscar o mesmo desempenho de quando estava fisicamente ativo. Não adianta querer recuperar o tempo perdido o mais rápido possível. A maioria das pessoas faz isso e os prejuízos são grandes. Um checape anual é de suma importância, bem como o acompanhamento de um profissional de educação física para elaboração de um programa de treinamento de acordo com os exames e a condição física atual do praticante.”

Grupos musculares  


Seja qual for atividade que escolher, Beatriz Bicalho destaca que a diretrizes da OMS recomendam exercitar todos os principais grupos musculares pelo menos duas vezes por semana, alternando com exercícios aeróbicos.

“O treinamento de força na musculação tem uma série de benefícios, sobretudo quando citamos as doenças crônicas não transmissíveis, tais como, diabetes, hipertensão, cardiopatias, sedentarismo, e efeitos fisiológicos do envelhecimento, tais como sarcopenia e outros declínios. O treino de força cria idosos mais fortes e estáveis, como menor probabilidade de quedas, maior densidade óssea, aumento da massa muscular, traz também um risco reduzido de lesões nas atividades diárias. Musculação é importante, mas há outras opções, usando apenas o peso do próprio corpo, um treino funcional.”

Beatriz Bicalho lembra que a atividade física influencia também na alimentação: “Exercício, sono, descanso, relacionamentos sociais e alimentação saudável compõem o que chamamos de mente sã e corpo são. A prática de exercícios físicos isoladamente não garante uma vida saudável, mas acompanhada de uma alimentação adequada e balanceada vai ajudar a evitar a fadiga, otimizar o período de recuperação, diminuir o risco de lesões, além de garantir a correta reposição dos estoques de energia”.
  
 

 
Qual a importância da atividade física?

 
  1. Contribui para uma vida saudável
  2. Melhora os mecanismos do corpo
  3. Reduz os riscos de desenvolvimento de doenças cardiovasculares (infarto, acidente vascular cerebral e hipertensão) e diabetes
  4. Aliada da melhora de quadros de depressão, ansiedade e outros problemas relacionados a transtornos psicossociais e de fundo emocional
  5. Melhora a qualidade da memória
  6. Redução ou controle de peso atrelado a uma alimentação de qualidade
  7. Fortalece a imunidade
  8. Controle da taxa de colesterol LDL (considerado colesterol ruim) e do HDL (o bom)
  9. Controla a taxa de glicose no sangue
  10. Menores chances de desenvolver diversos tipos de câncer, principalmente se a atividade física está associada a uma boa alimentação
  11. Importante para o desenvolvimento das crianças, interação social e para evitar a obesidade infantil
  12. No caso dos idosos, contribui com a autoestima, eles se sentem mais fortes, dispostos, ativos e independentes para fazer tarefas do dia a dia, melhora a flexibilidade, a postura e conservação dos ossos
  13. Para o cérebro é essencial, já que o órgão será oxigenado com sangue de boa qualidade e influenciará na atividade cerebral
  14. A prática de forma coletiva ou individual mantém o corpo em forma e resistente. Seja qual for a atividade, é preciso que seja uma movimentação regular e ritmada para gerar todos os benefícios, sempre de forma responsável .



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