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Estado de Minas COMPORTAMENTO

Água: o importante é criar o hábito

A água ajuda na prevenção de doenças e pode evitar o agravamento de certos quadros clínicos. Hidratar, portanto, é fundamental para a saúde da pele e do corpo


06/06/2021 04:00 - atualizado 06/06/2021 08:39

Água saborizada é uma opção para quem não gosta de beber água pura e mantém o organismo hidratado(foto: Photo Mix/Pixabay)
Água saborizada é uma opção para quem não gosta de beber água pura e mantém o organismo hidratado (foto: Photo Mix/Pixabay)


Hidratação é importante para qualquer perfil de paciente, com algumas limitações para grupos específicos. Em algum momento da vida já deve ter se deparado com o ditado: “água é um santo remédio”. Ainda que não seja um medicamento com poder de cura, ajuda na prevenção de doenças e pode evitar agravamento de certos quadros clínicos. Portanto, a recomendação médica fundamental é: Beber água é costume. Organismo saudável é aquele hidratado com defesas em dia. É necessário criar o hábito, alerta o médico Ladislau Fernandes, nefrologista do Hospital Vila da Serra e diretor médico da Clinemge – Clínica Nefrológica de Minas Gerais.

Ladislau Fernandes enfatiza que a falta de hidratação acomete desde doenças nefrológicas, intestinais até de pele, entre outras. A indicação para um adulto jovem sem nenhuma restrição é de 2 a 2,5 litros de água por dia, podendo ser maior em caso de prática de alguma atividade que o faça perder mais água. A urina deve sempre ter a coloração amarelo clara, não sendo necessário ser transparente. Lembrando que, pela manhã, ao acordar, a tonalidade será mais escura por estar mais concentrada. É importante, ressalta, saber que a quantidade de água impacta e tem relação com peso, altura, gasto energético, gênero e idade. A orientação de 2,5 litros é um norteador.

O nefrologista explica que o consumo de água precisa de mais atenção daqueles que têm uma dieta rica em proteína: “É de suma importância que se hidratem mais porque a ingestão diária maior de aporte proteico pode levar a complicações como a formação de cálculo renal. Alimentos industrializados, ultraprocessados, com alta quantidade de sódio (sal), também exigem atenção quanto à ingestão hídrica. Lembrar da incidência grande da população com hipertensão arterial sistêmica, desconhecida por muitos, que pode ser descontrolada devido a uma dieta errada, sem orientação. Assim como infecção urinária se beneficia de uma ingesta hídrica adequada”.

Médico Ladislau Fernandes, nefrologista do Hospital Vila da Serra e diretor médico da Clinemge, alerta que a indicação para um adulto jovem sem nenhuma restrição é de 2 a 2,5 litros de água por dia(foto: Arquivo Pessoal)
Médico Ladislau Fernandes, nefrologista do Hospital Vila da Serra e diretor médico da Clinemge, alerta que a indicação para um adulto jovem sem nenhuma restrição é de 2 a 2,5 litros de água por dia (foto: Arquivo Pessoal)
Ladislau Fernandes conta que, no consultório, a questão de muitos pacientes é se comerem muita proteína terão lesão no rim? “Não há estudo que aponte que a ingestão elevada de proteína seja lesiva ao rim primariamente, mas quem já tem deficiência de filtração renal, o consumo exagerado de proteína fará progredir. A doença renal é silenciosa e é classificada em cinco estágios de filtração. E o consumo de água muda de acordo com os estágios da doença renal. É individualizado até o estágio quatro, a não ser casos pontuais. Muitos acreditam que a água provoca inchaço, não é, mas sim o sal, que deve ser controlado sempre. O que provoca inchaço nos pacientes renais é o elevado consumo de sal e apenas para pacientes no estágio 5 e alguns casos específicos que haverá restrição maior de água.”

O médico lembra que tudo que é extremo, exagerado ou intenso trará consequências. Água em excesso pode prejudicar, pode mudar a concentração de sódio no indivíduo e talvez apresentar uma distensão abdominal ou refluxo, mas são distorções que podem ser causadas pela água ou qualquer outro líquido. “Mas, claro, como minha mãe me ensinou ‘todo exagero, gera desequilíbrio’. O que deve ser controlado por toda a vida é o excesso de sal. Água está liberada à vontade, mas é prudente evitar o exagero”, diz.

SEM SUBSTITUTO: ÁGUA É ÁGUA

Água é água. O nefrologista alerta que a hidratação não é trocar a água pelo refrigerante ou mesmo sucos, ainda que naturais, já que terão a presença da frutose (açúcar) e pode prejudicar quem faz o controle glicêmico. Ou mesmo de chá, já que muitos têm estimulantes naturais que determinados pacientes têm de evitar, como a cafeína. A maioria neste país tem acesso à água de boa qualidade, então, é só se hidratar com água.

As temperaturas estão caindo e o alerta para o baixo consumo de água é uma preocupação do médico. Ladislau Fernandes enfatiza: “As pessoas se esquecem de hidratar, no inverno há uma queda de atividades que requerem mais ingestão de água, o corpo precisa menos, ao mesmo tempo, a dieta nesta época fica mais calórica, exigindo mais água. É preciso cuidado principalmente com os idosos porque perdem o controle da sede e mesmo a percepção do sal, levando-os mais a quadros de desidratação. O importante é, independentemente da estação, a hidratação tem de faze parte do dia a dia e ser constante todos os dias do ano.”

Com as baixas temperaturas, é hora das “doenças invernais”. Gripes, resfriados e, claro, mais uma ameaça para o risco de se contaminar com o Sars-CoV-2 e ter a COVID-19: “Qualquer doença que acomete as vias aéreas superiores tem como prática preventiva uma boa hidratação que manterá as secreções fluídas. E pacientes positivos para COVID-19, com poucos sintomas ou assintomáticos também têm de se hidratar bastante. Ingerir água tem de fazer parte da rotina de todos e, se a desculpa do esquecimento é uma constante, o smartphone é uma ferramenta para se programar e avisá-lo do momento da água”.

Manto da pele: água protetora

Não importa a especialidade médica e da saúde. A indicação de todos é a necessidade de criar o hábito de se hidratar diariamente e na quantidade adequada a cada um, dando preferência, sempre, para a água. A médica dermatologista Adriene Barbosa Cabral destaca que a pele é o maior órgão do corpo humano e ela cobre uma estrutura chamada de manto hidrolipídico. A composição desse manto é de água e ácidos graxos, com uma função primária de proteção, como uma barreira contra o meio externo ao corpo. Por isso é muito importante a hidratação oral e a hidratação da pele com o auxílio de cremes.

A médica dermatologista Adriene Barbosa Cabral alerta que uma pele opaca, descamativa, com prurido, com uma cor não homogênea são sintomas que podem estar ligados a falta de hidratação(foto: Walter Cabral/Divulgação )
A médica dermatologista Adriene Barbosa Cabral alerta que uma pele opaca, descamativa, com prurido, com uma cor não homogênea são sintomas que podem estar ligados a falta de hidratação (foto: Walter Cabral/Divulgação )
Quanto mais hidratados estamos, mais compacta essa barreira e mais saudável a pele, impedindo, por exemplo, a entrada de microrganismos, como bactérias, vírus e fungos, além de impedir que substâncias que possam causar algum tipo de sensibilidade sejam absorvidas, como nas dermatites e eczemas. “É também comum a ocorrência de manchas e uma coloração pouco homogênea nas peles ressecadas. Todos dependem da água para que a pele esteja com a aparência saudável e mais jovem, com menos rugas e mais macia ao toque.”

Adriene Barbosa Cabral alerta que a água ajuda na elasticidade da pele e seria um dos fatores que poderia “ajudar contra a formação de estrias”. A dermatologista enfatiza ainda que, a celulite, que tanto incomoda as mulheres, tem muita ligação com o volume água ingerida diariamente. “Tomar ao menos dois litros de água por dia estimula os rins e faz com que as toxinas sejam eliminadas do organismo.”

A médica avisa também que a hidratação oral tem influência na saúde dos cabelos e unhas, mas nesses casos os fatores externos de desidratação tem um peso ainda mais forte que a pele. Como a queratina é uma substância que retém pouca água, é muito importante os cuidados de hidratação locais para evitar um cabelo seco, quebradiço e unhas frágeis e descamativas.

A dermatologista alerta que uma pele opaca, descamativa, com prurido, com uma cor não homogênea, às vezes com manchas brancas ou pontos vermelhos, são sintomas que podem estar ligados a falta de hidratação. “É muito comum o paciente se queixar no consultório de coceira intensa na região inferior das pernas e na maioria das vezes é um quadro ligado unicamente a falta de hidratação.”

Adriene Barbosa Cabral explica que o ideal seria que todos se hidratassem de dentro para fora e de fora para dentro. “Se só passarmos cremes e não tomarmos líquidos, não atingimos toda a estrutura da pele. A água é essencial para a saúde dermatológica. A absorção oral da água pura, ou de chás, sucos, ou água de coco, como exemplo, é muito importante. Quanto às águas termais, elas podem e devem ser usadas no dia a dia, como uma hidratação leve e refrescante, além de ser calmante para a pele.” A dermatologista enfatiza que a hidratação é importante até para melhorar a resposta a tratamentos dermatológicos, como por exemplo laser, ultrassom micro e macrofocado entre outros. Quanto mais hidratada a pele, mais é evidente a resposta.

É importante as pessoas se conscientizarem de que não se trata de escolher ou não beber água. É necessário, assim como é dormir, comer, fazer atividade física. Um alerta. Muitas vezes, o corpo tem sede, e não fome. Mas como as pessoas estão acostumadas a ficar desidratadas, não sabem diferenciar e acabam comendo em vez de tomar água''

Juliana Nakabayashi, nutricionista



Juliana Nakabayashi, nutricionista(foto: Arquivo pessoal)
Juliana Nakabayashi, nutricionista (foto: Arquivo pessoal)

NEM SEMPRE É FOME, MAS SEDE

Já a nutricionista Juliana Nakabayashi destaca que água é vida. Mais de 70% do corpo, praticamente todas as funções precisa dela, como para mastigar os alimentos. Sem água não há saliva e sem saliva engasgaríamos. “Então, é importante as pessoas se conscientizarem de que não se trata de escolher ou não beber água. É necessário, assim como é dormir, comer, fazer atividade física. Um alerta. Muitas vezes, o corpo tem sede, e não fome. Mas como as pessoas estão acostumadas a ficar desidratadas, não sabem diferenciar e acabam comendo em vez de tomar água.”

Juliana Nakabayashi avisa que sede se resolve com água e nada a substitui. Então, a primeira atitude é criar o hábito de incluí-la na rotina. “Sugiro colocar uma garrafinha na mesa de trabalho, tomar 1 copo de água antes de comer qualquer coisa, usar o relógio do celular para lembrar de se hidratar a cada duas horas. Até existem opções dos chás e sucos.” Mas, de novo, nada substitui a água.

E tem que ter atenção quando se trata de bebidas adoçadas, como os sucos e refrigerantes. Porque aí entra açúcar, adoçante, sódio e outros aditivos químicos. Mesmo com o suco natural precisa ter atenção. Se estiver acima do peso, tem esteatose hepática (gordura nas células do fígado) ou diabetes esse suco pode agravar a situação dependendo da quantidade. O que pode fazer é complementar o volume de líquidos por dia com chás e/ou sucos. A quantidade estimada de líquidos por dia é 35ml/ kg. Ou seja uma pessoa que pesa 70kg deve consumir 2,1 litros. E desses 2,1 litros que mais da metade seja água.

A nutricionista diz que a água saborizada é uma boa saída porque ela é diferente do suco, já que usa poucos ingredientes para prepará-la. “Sugestões para aromatizar a água: lascas de gengibre com canela em pau; folha de hortelã com rodelas de limão; morango com rodelas de laranja; ou apenas rodela de limão ou laranja.”


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