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Estado de Minas HISTóRIAS QUE CONFORTAM

Poder terapêutico e educativo dos contos atua como estímulo durante toda a vida

Esse é mais do que instrumento de diversão. Também ajuda no desenvolvimento integral das pessoas


postado em 02/12/2019 11:00 / atualizado em 02/12/2019 11:15

O livro reúne contos e oficinas escritos por 24 especialistas (foto: Ana Moreira/Divulgação)
O livro reúne contos e oficinas escritos por 24 especialistas (foto: Ana Moreira/Divulgação)

O conto é uma narrativa que cria um universo de seres, quimera, fadas ou acontecimentos, e que encanta pessoas de todas as idades. A fantasia, o lúdico, as lições de vida e sonhos capturam o leitor. Os significados e as mensagens que as histórias transmitem têm o poder da transformação e até da cura. A linguagem simbólica e o que a escrita esconde por trás da simplicidade das palavras não deixa ninguém indiferente. Capazes de auxiliar no desenvolvimento humano, chega ao mercado a obra Contos que curam, da Editora Literare Books International. À medida que as narrativas se desenrolam, dão espaço à consciência, mostrando os caminhos para satisfazer as necessidades e os desejos. Ou seja, ocorre uma verdadeira transformação interior, que acaba transcendendo sobre toda a vida do indivíduo.

O livro reúne estudos, contos e oficinas de um grupo de 24 especialistas para apresentar os significados e as mensagens que as histórias transmitem para a mente, tanto consciente quanto inconscientemente. A coordenação editorial é de Claudine Bernardes, escritora e especialista em contos e fábulas terapêuticas, e Flávia Gama, storyteller e empreendedora. Entre as autoras, cinco são de Belo Horizonte: Ananda Sette, Flávia Gama, Lourdes Machado, Helena Lobo e Priscila Dutra. Cada uma escreveu um capítulo com um conto e uma oficina de conto expressão, auxiliando como usar o conto terapeuticamente.

A grande pergunta é: em que medida as palavras curam?. Ananda Sette, estilista, figurinista e professora de costura, acredita que tudo vem para nós na vida pela palavra. Pela expressão do pensamento, por meio das palavras “chamamos” as coisas para nossa vida. Inclusive, a física quântica tem vários experimentos nesse sentido. Quando a pessoa intenciona e acredita em algo, ela pode transformar o resultado. “A teoria quântica afirma que o observador de um fato influencia em como esse fato é percebido. Esse resultado está relacionado a um conceito de mecânica quântica, que diz que as partículas podem se entrelaçar e mudar, dependendo de quem as observa.” No caso dos contos, são usados símbolos e metáforas que auxiliam o leitor a se ver no personagem e resolver suas questões internas, assim como o personagem.

Conforme Ananda Sette, a linguagem simbólica usada nos contos é um valioso recurso para explicar problemas, etapas ou fatos por meio das imagens direcionadas ao inconsciente humano, sugerindo possibilidades e alternativas. “Graças a esse tipo de linguagem, as crianças podem ver suas preocupações e desejos expressos. Sendo assim, os contos, mitos, contos de fadas, fábulas e parábolas têm pelo menos cinco funções que influenciam na vida do ser humano, que são mágica: estimular a imaginação e a fantasia; lúdica: entreter e divertir; ética: transmitir ensinamentos morais e identificar valores; espiritual: compreensão de verdades metafísicas e filosóficas; e terapêuticas: encontrar nos personagens e situações referências para a nossa vida. Orientação para compreender o mundo ao nosso redor.”

O conto de Ananda Sette, O fio e a agulha, tem o objetivo de inspirar casais a refletir a respeito das dificuldades enfrentadas no dia a dia de um relacionamento, procurando se reconectar com o sentimento que os uniu para resgatar o amor e o companheirismo. “Quis escrever algo ligado ao meu universo, o da costura. Na mesma época, uma pessoa me perguntou se eu não tinha alguma atividade para desenvolver com um grupo de casais. Assim, surgiu a ideia. E o resultado foi o conto O fio e a agulha, seguido da atividade “Desatando os nós em nós”, em que utilizo o bordado como suporte principal”, explica a estilista.

Ananda Sette, que fez o curso de conto/expressão com Claudine Bernardes, revela que o procurou, justamente, como uma “forma de ter mais uma ferramenta de autoconhecimento e desenvolvimento humano para utilizar com meus alunos (a maioria mulheres e crianças), uma vez que a costura em si, e os trabalhos manuais em geral, já têm um forte potencial terapêutico. Queria ir além, ultrapassar a linha do aprendizado apenas do meu ofício. No meu Instagram, me defino como ‘empoderando mulheres com fazeres manuais ancestrais. Plantando a semente do corte e costura’. O que vem ao encontro desse meu desejo de perpetuar o aprendizado dos fazeres manuais, tão importantes para o ser humano e que vêm se perdendo com o tempo. Minha missão maior não é formar profissionais da área de moda, meu propósito mudou desde que comecei a dar aulas. O que me move hoje é plantar a semente da costura em muitos corações”.

Para Ananda Sette, a escrita e a leitura são um tipo de cura tanto para quem escreve quanto para quem lê. “Escrever é um ato heroico. Para elaborar uma história, temos que ‘viver’ a saga do herói. E para quem lê ou ouve – pois os contos, da maneira como são propostos no livro, são para ser contados por um facilitador, seguidos da atividade aplicada –, é tão simples, mas muito transformador.”

A escritora Ananda Sette, estilista e professora de costura, acredita que tudo vem para nós na vida pela palavra, pela expressão do pensamento(foto: Juliana Altoé/Divulgação)
A escritora Ananda Sette, estilista e professora de costura, acredita que tudo vem para nós na vida pela palavra, pela expressão do pensamento (foto: Juliana Altoé/Divulgação)
LIVROS SÃO REMÉDIO  

Na era tecnológica, muito se fala da falta de tempo para a leitura. Será que ainda há espaço e público em busca de contos? Ele estaria em busca de quê? “É uma dificuldade mesmo da nossa era, ter esse tal de tempo. Mas, sem leitura, é quase impossível haver conhecimento (de todo tipo), e o homem precisa de conhecimento para se desenvolver. Sempre haverá alguém em busca de contos, seja pais para lerem com seus filhos, seja na escola, seja em espaços terapêuticos, adultos etc. Por outro lado, há o risco de as pessoas, com o avanço das conexões virtuais, se afastarem cada vez mais do contato com as outras. Estamos surpresos diante de uma juventude que vem sendo chamada de ‘geração do desalento’, que não quer trabalhar nem estudar. Sentem-se menos felizes, menos úteis, mais solitários, mais deprimidos e mais propensos ao suicídio. Mas quem formou essa geração de desistidos? Transmitir o sonho também é nossa tarefa de adultos. Semear mundos imaginários faz parte da construção da esperança. A literatura ensina o exercício da fantasia para podermos imaginar e desejar uma vida melhor. A imaginação é um dom maravilhoso, que nos permite vivenciar e ser tudo que quisermos! Livros são remédios para a gente não se acomodar. Quem não acredita no que não vê, desiste antes de tentar”, enfatiza Ananda Sette.

Quanto às oficinas, Ananda Sette explica como elas funcionam. “As oficinas de conto/expressão têm o objetivo de compartilhar o conhecimento, sem impor. Provocar, por meio do uso dos símbolos presentes nos contos; utilizar o método socrático, maiêutica, que traz à luz o conhecimento por meio de perguntas em que a própria pessoa chega às suas conclusões. E, por fim, realizamos atividades didáticas para concretizar tudo isso. Sejam elas arteterapia, psicoexpressão, jogos, teatralização, dança etc. No livro, temos 24 capítulos, cada um escrito por uma autora, no qual são trabalhados temas como perdão, autoestima, raiva, resiliência, incoerência, ressignificação, empoderamento, amor, gratidão, transformação pessoal, compaixão, respeito e muito mais.”

Ananda Sette destaca que “o livro foi desenvolvido para ser utilizado por um facilitador, porém, a simples leitura dele já é um tesouro. Os símbolos e metáforas não explicados são entendidos de uma maneira profunda pelo nosso lado inconsciente.”


"Meu propósito mudou desde 
que comecei a 
dar aulas. O que 
me move hoje é plantar a semente da costura em 
muitos corações”
Ananda Sette, escritora, estilista 
e professora de costura

Contos, fábulas e parábolas

Cinco funções ou utilidades que influenciam a vida do ser humano:

1 – Mágica: estimular a imaginação e a fantasia
2 – Lúdica: entreter e divertir
3 – Ética: transmitir ensinamentos morais e identificar valores
4 – Espiritual: compreensão de verdades metafísicas e filosóficas
5 – Terapêutica: encontrar nos personagens e situações referências para a nossa vida. Encontrar também orientação para compreender o nosso mundo interior e conflitos

» Livro: Contos que curam

Coordenação editorial: Claudine Bernardes e Flávia Gama
Editora: Literare Books International
Edição: 1ª edição, ano 2019
Páginas: 216
Preço sugerido: R$ 50


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