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Estado de Minas VITALidade

Educação sexual para a maturidade

Preparação para a maturidade é tão necessária quanto para qualquer outra fase da vida


05/09/2023 09:57
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Idosos se olham de perto
(foto: Pixabay)

Temos o hábito de classificar as pessoas por gerações: existem as crianças, os jovens, a nossa própria, a dos nossos pais, a dos nossos avós e, por fim, a dos velhos, que costumamos identificar como frágeis, doentes e desprovidos de desejos. Ao fazer isto, categorizamos cada um deles segundo estereótipos que acreditamos que lhe são típicos, deixando de lado toda a gama de diferenças individuais que existem entre as pessoas. Não concebemos o conceito da pluralidade, individualidade, esquecendo-nos de que existem muitos jovens velhos e muitos velhos jovens.

Simone de Beauvoir, em seu livro Balanço Final, relata que, quando era jovem, olhava para as pessoas de quarenta anos como velhas, de modo que lhe parecia inadequado que alguém nessa idade tivesse ligações afetivas ou flertasse. A autora narra que se sentia chocada quando pessoas de quarenta e até de trinta e cinco anos contavam de seus arroubos conjugais, já que acreditava que há um momento da vida em que era preciso ter a decência de renunciar a tais prazeres. No entanto, ao amadurecer, percebeu que isso se tratava de um estereótipo, já que, a despeito de sua relação com Sartre, relacionou-se com alguns homens depois dos quarenta, cinquenta anos e se sentia jovem e cheia de esperanças para os novos amores. 

A perspicaz Simone não estava equivocada em sua interpretação das categorizações pelas quais passam as pessoas maduras, pois nossa sociedade, não raras vezes, quer ignorar a sexualidade daqueles que não estão mais na chamada idade reprodutiva. Preferem acreditar que, ou estamos, ou deveríamos estar cuidando dos netos, fazendo crochê ou limpando a casa, não que haja qualquer mal em tais coisas, no entanto, somos muito mais que auxiliadores das gerações mais novas, como eram nossos pais. 

As relações afetivas e o sexo na maturidade são mais comuns do que os jovens podem imaginar e é imperativo discutir abertamente sobre o tema. À medida em que vamos amadurecendo, é possível que enfrentemos desafios que afetam nosso desejo e, por conseguinte, nossa vida sexual. A educação sexual para a maturidade é tão necessária quanto para qualquer outra fase da vida, já que precisamos entender que há mudanças em nossos processos físicos capazes de alterar nossas vidas sexuais.

Nesse sentido, nada melhor do que entendermos que o conhecimento é a chave para lidar com essas mudanças, reduzindo a ansiedade e promovendo uma compreensão ampla e realista do desejo na maturidade.

Deixando de lado os estigmas associados ao envelhecimento quando se trata da sexualidade, é um fato que as mudanças em nossos corpos podem acabar por afetar nossa função sexual. Isso vai desde alterações hormonais, diminuição da libido, dificuldades de ereção ou de lubrificação e até mesmo questões relacionadas à saúde, tais como doenças crônicas ou medicações que interferem em nossas vidas sexuais.

Além disso, fatores como a depressão, a ansiedade, o isolamento social e a baixa de autoestima podem também alterar o interesse e o desejo sexual, de modo que é preciso que as pessoas que estão em processo de amadurecimento fiquem atentas nas questões emocionais que podem estar afetando sua vida sexual, pois uma vez identificadas elas podem e devem ser trabalhadas.

O ideal é buscar ajuda de especialistas para nos auxiliar, tanto nas questões emocionais quanto nas alterações físicas que o processo de amadurecimento acarreta.

Assim, manter os hormônios equilibrados, no caso das mulheres, ou buscar soluções para melhorar a qualidade da ereção, no caso dos homens, pode ser um ponto de partida para melhorar nossa vida sexual durante o processo de amadurecimento.

Além disso, manter um diálogo saudável e aberto com o nosso parceiro é primordial para que, juntos, possamos encontrar meios de satisfação e prazer mútuo. Vale ressaltar que a sexualidade não se restringe ao ato sexual. Não faltam exemplos de idosos que, por meio do contato íntimo, da proximidade e do afeto partilhado, tornam seus encontros sexuais extremamente gratificantes.

A manutenção da vida sexual ativa é algo que deve ser buscado por nós, já que ela é fator de preservação de qualidade de vida e de bem-estar emocional. O contato íntimo é capaz de promover a sensação de conexão, proximidade e até mesmo de felicidade. Portanto, é importante não deixar que estereótipos ou tabus nos impeçam de desfrutar uma vida sexual plena à medida que envelhecemos.

Que a chama do amor e da paixão nunca se apague em nós, já que nossa vitalidade e nossos desejos só cessarão de existir com a nossa extinção. Que aprendamos a desafiar os estereótipos e quebrar as correntes do preconceito para, junto com nosso parceiro (a), escrevermos uma história de vida vibrante. Afinal, a idade é apenas uma poeira dourada sobre o livro da nossa existência, e a verdadeira essência do nosso ser é a busca incansável pela satisfação e pelo prazer, em todos os sentidos. 


 

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