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Estado de Minas OPINIÃO SEM MEDO

Poxa, Galo! Que dia lindo, que domingo mágico você nos deu. Muito obrigado

Jogo de festa se transforma em espetáculo de futebol, emoção e demonstração de carinho e respeito pela história e por nossos amados


06/12/2021 06:55

Ricardo Kertzman com o irmão e o sobrinho no Mineirão
"Ao meu lado, meu irmão e meu sobrinho" (foto: Reprodução/Instagram)


Clubes de futebol, assim como empresas e instituições, não são de pele e osso, portanto, são aquilo que os homens fazem deles, e com eles.

Na minha coluna de domingo, avisei: levem lençol ao Mineirão, pois lenço não dará conta de secar as lágrimas. E também alertei: tudo o que escrevo e descrevo será pouco diante da festa que o Galo está planejando.

Contudo, por mais que eu tenha me preparado para ‘tantas emoções, bicho’ (eita, Roberto Carlos!!), o que os homens que dirigem este Clube - entendam ‘homens’, neste caso, como substantivo coletivo - e o grupo que forma o futebol profissional (atletas, treinador, departamentos médico, de fisioterapia, nutrição, etc., e comissão técnica fizeram ontem, no Mineirão, me levou à lona, em nocaute emocional, antes mesmo de o jogo começar.

Homenagens lindas e merecidas a ídolos do passado e entes queridos que se foram. Quem não conhece, respeita e cultiva o passado, está fadado a falhar no futuro. A memória afetiva de quem nos amou, e foi tão amado, é o combustível ideal para continuarmos amando no presente e no futuro. A diretoria foi muito feliz em não se esquecer de tanta gente que se foi.

E que coisa linda ver Dadá Maravilha, passos curtos e lentos, o resto de cabelo branquinho, branquinho, carregar a taça de campeão brasileiro de 2021. Fiquei tentando imaginar o que passava por aquela cabeça abençoada, que encostava o queixo no ombro ao cabecear a bola para o fundo das redes. No lugar dele eu diria a Papai do Céu: ‘agora estou pronto. Pode me levar quando quiser’.

E o que dizer do Belmiro, meu Deus!, uma lenda viva do futebol nacional, um patrimônio histórico do Atlético erguendo a taça junto dos nossos heróis? Que atletas maravilhosos são esses que, no ápice da glória, permitem o estrelato a um próximo? Obrigado, Réver e Alonso, nossos capitas, por tamanha generosidade e nobreza. Mostraram que no Galo ninguém ‘vive cheio de vaidade'.

Ao meu lado, minha esposa e minha filha. Meu irmão e meu sobrinho. E uma penca de amigos amados de décadas e suas famílias. E eu, cético e racional ao extremo, incrédulo de tudo que não consigo ver e tocar, tive a mais absoluta certeza, dessa vez, de estar sendo observado por sorridentes pai e mãe, como a dizerem: ‘que bom, filho. Vocês merecem toda essa alegria’.

NO PLACAR, 4x3

No campo, um espetáculo à parte. Foram sete gols, dois golaços (Hulk e Artur, do Bragantino), mais uma virada do ‘time da virada, do time do amor’, alternância no placar, ‘trocação’ o jogo todo. Para não dizer que não faltou nada, faltou o gol do Allan, nosso incansável Pit Bull, naquela bola ‘sacana’ que bateu na trave. Putz, como esse garoto merecia aquele gol.

Chorei, sim. Chorei muito, como milhares choraram também. De emoção, de alegria, de saudade. Chorei cada título que não ganhei, cada título que ganhei, cada jogo que perdi, cada jogo que venci. Mas chorei, sobretudo, por estar ali, naquele momento, sentindo a vida pulsar vigorosa em crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos, por causa do meu Galão Querido.

Há uma música que me toca muito. Chama-se Tendo a Lua, dos Paralamas do Sucesso. Um trecho, em especial, me emociona bastante: ‘Eu hoje joguei tanta coisa fora. Eu vi o meu passado passar por mim. Cartas e fotografia, gente que foi embora. A casa fica bem melhor assim’. Pois é. Foi assim que me senti ontem, no Mineirão. Wright, Aragão, 77, Copa União, Renato Gaúcho, Revetria, 2005… eu joguei muita coisa fora!

Por fim, falando em 2005, um recado a dois atleticanos dos grandes. Ou melhor, dos gigantes.  No genial filme ‘O Advogado do Diabo’, o não menos genial Al Pacino, na pele de John Milton, o caramunhão em pessoa, diz: ‘a culpa é como um saco de tijolos. Basta soltá-lo e ela vai embora. Senhores, soltem o saco! A culpa jamais foi de vocês. E ainda que tivesse sido, a dívida foi paga ontem. Com juros e correção. Portanto, obrigado por tudo e sigam em paz. Vocês merecem a leveza dos justos.

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