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Estado de Minas OPINIÃO SEM MEDO

Ufa, acabou! O Galo é bicampeão brasileiro. Foi uma jornada e tanto

Não há na história do futebol mundial um clube como o Atlético, e uma legião de apaixonados como os atleticanos


02/12/2021 21:21 - atualizado 02/12/2021 21:30

Torcida comemora título do Atlético
Torcer para o Atlético é a mais difícil prova de amor deste mundo (foto: Leandro Couri)
Escrever em prantos não é fácil. Mas o que é fácil na vida de um atleticano da minha geração? Até porque, difícil é virar um jogo assim. Difícil é ver, a cada minuto, a sombra das tragédias passadas atrás da porta. É não conseguir curtir um placar de 3x0, contra o Ceará, no Mineirão, enquanto o jogo não acaba. Ou encarar o Juventude como se fosse o Bayern de Munique.

Leia: Histórico! Atlético busca virada épica sobre Bahia e é bicampeão brasileiro

Torcer para o Atlético é a mais difícil prova de amor deste mundo. A gente apanha como cachorro, mas não larga o osso. ‘Ô meu Deus do céu: por que é que tem de ser tão sofrido assim?’. Eu não sei, Mário Henrique, mas é. E é difícil - com o perdão do termo - pra caralho! Não basta ganhar do Bahia, um dos times da zona do rebaixamento. Tem de ganhar após levar dois gols e ressuscitar todos os vice-campeonatos da cova antes virar o placar.

Houve um tempo em que eu assistia a jogos assim beijando o escudo da camisa. Desisti e passei a olhar o placar, com o nome dos times, e recitar uma mandinga qualquer a cada ataque do adversário. Já tentei de tudo: não olhar, olhar de joelhos, olhar de pé, me encolher em posição fetal. Hoje, o jeito foi passar o segundo tempo inteiro derramando lágrimas, sozinho no quarto, primeiro de desespero, depois de emoção, de alívio, de amor… de cansaço!

Putz, como estou cansado. Cansado de sofrer nas derrotas e também nas vitórias. Espero que esse título transforme meus próximos anos na paz que eu - e milhões de irmãos alvinegros que sentem o mesmo - tanto mereço. Chega de pensar que o dia nunca chegará, pois já chegou. E chegou como sempre: na base do peito e da raça; do ‘eu acredito’; do ‘o Galo é o time da virada, o Galo é o time do amor’. Só faltou a luz apagar. Caramba, meu Galo Doido, como eu te amo!

TAÍ, MÃE! NÃO MORRI E… VALEU A PENA

Desde o jogo contra o CBFluminenC minha vida se transformou numa montanha-russa emocional. A minha bi-polaridade atingiu os píncaros do Everest. Comemorei e chorei no domingo. Passei a segunda-feira receoso. Terça-feira eu explodi e soltei minhas feras num texto que viralizou por todos os cantos. Ontem eu já não sabia o que pensar, e hoje, em completo pânico, só pedia aos deuses (e à minha mãe!!) para isso terminar de uma vez.

Por falar nela, minha mãe, só consigo lembrar de certas frases que dizia sobre o Atlético e os atleticanos: ‘isso é religião; que bom que seu time te deu essa alegria; um dia você vai ter um troço’. Pois é, mãe. É uma religião, sim. E dentre tudo o que a vida poderia me oferecer de mais belo e emocionante: você, a Adriana, a Sophia, meus irmãos e sobrinhos, meus amigos tão queridos, está ser atleticano. Mil vezes eu vivesse, mil vezes eu desejaria isso. Ah, pai, apesar de cruzeirense, sei que está feliz! No fundo, no fundo você sempre foi atleticano.

Hoje, definitivamente, assim como em 25 de julho de 2013, encerra-se uma era. Eu, milhões de apaixonados pelo Galo e a própria Instituição Clube Atlético Mineiro viramos uma página colada duplamente com Araldite (ainda existe essa merda?) e removemos uma pedra, do tamanho do Pão de Açúcar, dos nossos ombros velhos, doloridos e exaustos. Por isso, chega! É hora de encerrar, de ir para a rua e festejar estes 50 anos passados de dor, roubalheira, azar e injustiças. Mas é hora de soltar alguns gritos também:

O primeiro: é campeão! O segundo: ei, Flamengo, vai tomar no cu! O terceiro: ei, Aragão, vai tomar no cu! O quarto: ei, Wright, vai tomar no cu! O quinto: ei, Simon, vai tomar no cu! O sexto: ei, colunista-você-sabe-qual, vai tomar no cu! E vão tomar no cu também Juca Kfouri, Mauro Cezar e, como é mesmo o nome dos salsicheiros? Bem, deixa pra lá. Estes estão tão acabados quanto aquele time que nos deu tantas alegrias quando era nosso rival.

Finalmente, vou encerrar agradecendo: Rubens e Rafael Menin, Renato Salvador e Ricardo Guimarães, obrigado pra caraaaalho!! Sergio Coelho, Sergião, obrigado pra caraaaalho!! Cuca, obrigado pra caraaaalho!! Jogadores e toda a comissão técnica, obrigado pra caraaaalho!! Funcionários e todos os colaboradores, obrigado pra caraaaalho!! Irmãos atleticanos que nunca desistiram, obrigado pra caraaaalho!! Queridos amigos e parentes que se foram, obrigado pra caraaaalho!! Transformem o céu na Galoucura celestial. Deus nunca foi atleticano, mas desde 2013 começou a querer ser.

Ah, Leo Silva, com oito anos de atraso, obrigado pra caraaaalho!! Bora beber. Galoooooooo!!! 


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