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Estado de Minas OPINIÃO SEM MEDO

Galo Campeão! Timinho e atletas em fim de carreira fazem história

E não acabou, não: técnico traidor, zagueiro aposentado, goleiro frangueiro, volante bichado, atacante em fim de carreira...


30/11/2021 14:31

Hulk, do Atlético
Hulk, um dos heróis do bi que está pra chegar (foto: Pedro Souza / Atlético)


Poucos times campeões foram tão prejulgados e tão injusta e precocemente criticados como este Galo de 2021. Talvez o de 2013. Campeão mineiro, iniciou o Brasileirão como se não o fosse. Ao perder o jogo de estreia - sim, de estreia!! -, torcedores contrários, disfarçados de cronistas esportivos, iniciaram uma verdadeira ‘caça às bruxas’.

O futebol não é nem nunca foi uma ciência exata, e talvez por isso seja tão empolgante. Um favorito ao título poderá cair (alô, Grêmio!); clubes sem maiores pretensões, senão a permanência na série A, poderão alçar a Libertadores de 2022; gigantes, como São Paulo e Santos, não passaram de meros figurantes neste campeonato.

Sou atleticano mais do que tudo. O Atlético definiu minha existência como nada mais. Sou pai, marido, filho (fui), irmão, empresário, colunista… Mas nada disso vem antes de ‘atleticano’. Se houvesse um único adjetivo possível a me definir, ou a definir minha passagem pela Terra, gostaria que fosse... ‘atleticano’.

Sou daqueles que será enterrado com a bandeira alvinegra sobre o caixão, ao som do hino mais apaixonante do mundo, cercado pelos filhos e netos dos meus amigos da vida, que lá estarão a lembrar jogos históricos e momentos inesquecíveis, vividos na juventude, ao meu lado e de seus pais e avós queridos.

CHEGOU A HORA, VAIS ME PAGAR

Prestes a ser bicampeão brasileiro, é hora de soltar as feras e cuspir os marimbondos entalados há décadas. É hora, sim, de vibrar, comemorar, sorrir, chorar, abraçar e ser feliz como jamais. É hora de esquecer o passado e tudo o que passou, mas é hora de lembrar o passado e... tudo o que passou! Inclusive o passado recente.

Detesto injustiça como não detesto nada mais. É o que me tira o sono e me corrói as vísceras. E o Galo, tão injustiçado pelos homens e pelos deuses, e pela CBD/CBF e seus crápulas de preto, amarelo, laranja ou o escambau, conhece como ninguém o sentimento de ser injustiçado. Este ano não foi diferente.

Ainda no começo do campeonato, a tal ‘imprensa do eixo’, com certo auxílio mineiro, pedia a cabeça de atletas recém-chegados, bem como a do técnico Cuca. Caramba! Nossos super heróis da vida real mal chegaram ao clube. Nem bem haviam aprendido a falar ‘nó, uai, sô, taqueopariu, nósinhora’, e foram tratados como o Emerson Conceição, hehe.

A imprensa paulista anunciava: ‘o Galo vai cruzeirar’. O grupo político opositor - gente que ajudou, literalmente, a quebrar o caixa do Clube, socorrido às pressas pelos tais 4 R’s - liderado por aquele famoso ex-presidente (não posso citar o nome, senão ficará bravinho comigo), idem. Só criticavam e tentavam minar o moral de um grupo ainda em formação.

E o que falar das Cassandras: ‘Cuca traidor; Réver aposentado; Jair bichado; Alan desequilibrado; Everson frangueiro; Diego Costa fim de carreira’? E das maldades e maledicências contra Sergio Coelho, presidente do Clube, apontado por um bando de imbecis que não o conhece, como ‘rainha da Inglaterra’?

Sim, ele é simples. Simplório, até! Mas das almas mais caridosas deste mundo. De ‘chucro’ (ênfase nas aspas) tem muito, mas de bobo não tem nada. Empresário de sucesso e negociador dos mais habilidosos. Líder nato, sabe ser liderado. Eis a virtude: Deus nos deu duas orelhas e uma boca, para escutarmos mais (os sábios) e falarmos menos (bobagens).

OS REDENTORES

É verdade. Sem a ajuda financeira dos 4 R’s e a liderança de outro abnegado voluntário, que é o Sergio Coelho, estaríamos fazendo companhia ao rival na série B. Foram eles que injetaram milhões de reais, trouxeram credibilidade ao Clube e transformaram a gestão em exemplo de governança corporativa, ao contrário das administrações familiares anteriores.

O Atlético caminha para ser um dos quatro ou cinco maiores clubes de futebol da América do Sul. Será um dos dois ou três maiores do Brasil. Irá figurar como um dos maiores do planeta. Eis aqui, muito mais que uma possibilidade, uma realidade, e não uma profecia estúpida, rancorosa e financiada, do tipo ‘time medíocre; vai brigar para não cair’.  

Repito: sou atleticano mais do que tudo nessa vida! Mas não sou nem nunca fui cego, surdo e mudo. Vivi, de corpo e alma, e derramei suor e lágrimas em 76, 77, 79, 80, 81, 83, 85, 86, 87, 89, 91, 94, 96, 97, 99, 2002, 2005, 2012 e 2015, ‘in loco’, a cada eliminação em uma semifinal, a cada vice-campeonato e na maldita queda para a segundona.

Assisti, incrédulo, ao Rosário nos bater por 4x0, reverter a derrota de igual placar no jogo de ida e nos vencer nos pênaltis, com Taffarel no gol, meu Deus! Assisti ao Botafogo nos fazer 5 gols em menos de 10 minutos e igualar o placar. E ao Santos, idem, com 4 gols. E a tantas traves, defesas milagrosas e apitos ladrões que nos roubaram alegrias merecidas.

Não, meus caros, as duas Conmebol; as dezenas de campeonatos mineiros; o primeiro título brasileiro; a Recopa Sul Americana; a Copa do Brasil apoteótica de 2014; a Libertas mais emblemática da história, em 2013… nada redimiu ou ‘compensou’ tanta dor, tanta raiva, tanta tristeza e tanta frustração. E o título nacional deste ano também não será capaz.

Mas os tempos são alvissareiros. Dinheiro, gestão, arena, torcida e a profissionalização do futebol brasileiro (VAR, patrocinadores, etc), ainda que lenta e aos trancos e barrancos, apontam o caminho da prosperidade, atualmente traçado pelos, sim!!, redentores do Clube Atlético Mineiro. Os verdadeiros; e não os sedizentes apenas.

CUSTO x BENEFÍCIO

Ser atleticano-mais-do-que-tudo-nessa-vida tem peso e custo enormes, que não compensam, racionalmente falando. Para cada passageira alegria, há um caminhão de tristeza infinita. Mas ‘amor incondicional’ não se escolhe. Sente-se, sofre-se, curte-se e pronto! E nem por um milésimo de segundo eu desejaria que fosse diferente.

Nos últimos jogos tenho visto enxurradas de lágrimas. Crianças, adolescentes, jovens, velhos e idosos choram como bebês famintos. A energia que paira sobre o Mineirão é de tal sorte intensa que o mais congelado cubo de gelo derreteria como se ao sol do Saara. O nome disso é catarse! Uma catarse coletiva, que transcende gerações.

É como se o menino com dez anos de hoje, em prantos no segundo gol contra o CBFluminense, domingo passado, fosse o Ricardo com dez anos de 1977, lá da ‘torcida do América’, ao lado do pai cruzeirense, que já se foi, também em prantos a cada ‘bomba’ chutada por cima do travessão de Waldir Peres.

É como se a garota com treze anos - treze é Galo!! - de hoje, agarrada à mãe, olhos vermelhos, rezando para o fim do jogo contra o Grêmio, rodadas atrás, fosse o Ricardo com treze anos, em casa, ao lado da família, amparado, assistindo a José de Assis Aragão - maldio seja! - nos tirar o título brasileiro de 1980.

É como se o casal de namorados no jogo contra o Juventude - o que o Galo une, o homem não desune - com seus vinte e poucos anos, fosse o Ricardo de 1987, na Copa União, no Maracanã, apanhando dos urubus, e no Mineirão, mais uma vez sendo eliminado por forças não tão ocultas assim, e por um carma que nem Telê Santana conseguiu exorcizar.

O nem tão sonhado, mas tão esperado grito de bicampeão brasileiro, tem vindo como se o parto do Messias (o das religiões, e não a besta de carne e osso que nos desgoverna), devagar e sempre, aos poucos, jogo após jogo. É como se o campeonato tivesse cem rodadas e, cada partida, uns quinhentos minutos, fora os acréscimos infinitos.

FALTA MUITO POUCO OU QUASE NADA

Ameaçou contra o Juventude. O início ocorreu contra o Fluminense. Talvez hoje, no jogo do maior algoz (que nos levou, na mão-grande, um Brasileiro, uma Libertadores e, quiçá, um Mundial) contra o Ceará, a matemática emule o Reinaldo de 1980, e sem Aragão, Wright, Arnaldo, Símon, Márcio Rezende e outros (que o diabo os carregue!!) acenda o pavio.

Daí, a explosão de alegria que será ouvida do Everest; vista da Estação Orbital; sentida por Deus; observada pelos ET’s das mais distantes galáxias observáveis, finalmente liberará milhões de megatons, elevados à enésima potência, da mais pura, justa e merecida alegria represada, sob a forma do ensurdecedor grito de ‘é campeão!’.

Chorem muito, meus irmãos de fé. Sorriam muito, também. E abracem e beijem todos aqueles que compartilharam - e compartilham - da maldição bendita da atleticanidade. Gritem alto. Mas alto mesmo! Façam tremer o chão das Gerais. O chão de cada cidade, estado ou país que afortunadamente tem a honra de abrigar um coração atleticano.

Idolatrem nossos guerreiros. Eles merecem muito. Esse ‘timinho’ será um dos maiores da nossa história. Réver, mais uma vez, erguerá a taça do ‘bichado, aposentado’. Cuca, também mais uma vez, calará a boca dos rancorosos. Hulk e Diego Costa, ‘ex-jogadores em atividade’, farão muitos darem uma de FHC: ‘esqueçam o que eu disse’.

Dias assim não são apenas raros; são únicos. Como única foi nossa trajetória até aqui. Por isso, façam valer cada segundo. Por nossos queridos que já se foram. Eles merecem cada pedacinho da nossa emoção. O céu se transformará na Galoucura celestial, e Papai do Céu conhecerá o maior amor que foi capaz de nos legar. Que assim seja. Eternamente. Amém!

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