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Estado de Minas O FATO EM FOCO

Transexualidade: a visão de um pai que escolheu acolher em vez de abandonar

Psicanalista afirma que entender a orientação sexual diversa do filho ou filha pode ser um drama para os homens héteros, criados em torno do machismo


30/06/2021 07:07 - atualizado 30/06/2021 07:37



As afirmações de Carlos Roberto da Costa durante a entrevista de cerca de trinta minutos foram fortes e seguras. O homem de 66 anos, formado em jornalismo e que também é psicanalista, fala com muita tranquilidade sobre a transexualidade do filho.

Ele conta que Rodrigo nasceu menina, mas ao longo do tempo foi manifestando uma identificação com o sexo masculino. Gostava de vestir as camisas do pai e tinha um comportamento que o levou, na época do ensino fundamental, a ouvir piadinhas até mesmo no ambiente escolar. E a agressão verbal que saiu da boca de uma professora foi um dos momentos difíceis, quando ele foi chamado de “tomba homem”. 

Rodrigo Carizu nasceu menina, assumiu a orientação sexual e atualmente é ator, escritor, e performer(foto: Arquivo pessoal)
Rodrigo Carizu nasceu menina, assumiu a orientação sexual e atualmente é ator, escritor, e performer (foto: Arquivo pessoal)


O pai de Rodrigo lembra que enfrentou a situação com tranquilidade, fazendo reflexão sobre gênero e sexualidade e estudando as questões existenciais. E relata que as alterações no vestuário, a hormonização, e as crises emocionais do filho durante o processo de transição foram desafiadores para a família. Hoje ele afirma que o núcleo familiar vai bem. 

Para Carlos, além da situação de preconceito vivida diariamente pela comunidade LGBTQIA+, a preocupação dele como pai, ao perceber que tinha um filho trans, era o medo da violência a que ele estaria exposto.

“ O que nos preocupava era o transtorno que ele viria a enfrentar”, lembra o psicanalista. “ Por que o que nós observamos é que no Brasil, o índice de violência contra pessoas trans é enorme”, completa.

Na entrevista deste terceiro episódio da série sobre a vida da comunidade LGBTQIA , o pai de Rodrigo revela as dificuldades vividas pela família, o apoio dado ao filho trans e a preocupação com a mudança de mentalidade da sociedade, mas principalmente dos pais de pessoas trans, que são responsáveis, em muitos casos, pela marginalização deles, colocados para fora de casa quando assumem sua orientação sexual ou se identificam em outro gênero.

Rodrigo Carizu (o quarto em pé, da esquerda para a direita) tem 25 anos e é formado em Artes Dramáticas(foto: Arquivo pessoal)
Rodrigo Carizu (o quarto em pé, da esquerda para a direita) tem 25 anos e é formado em Artes Dramáticas (foto: Arquivo pessoal)


Segundo o psicanalista, os pais têm mais dificuldade de lidar com a situação do que as mães, por serem frutos de uma sociedade machista. E dentro de casa a regra geral é de que “se não tiver bom comportamento, não serve“.

“Não fomos educados para refletir o diferente. A gente foi criada para entender que o diferente a gente tem que rejeitar”  

O filho de Carlos tem 25 anos, é ator, escritor, e performer. Formado em Artes Dramáticas pela Fundação Clóvis Salgado, atualmente faz curso de Farmácia. Ele adotou o nome artístico de Rodrigo Carizu, e tem um portifólio rico, com várias participações em peças teatrais. 

“A principal mensagem que quero deixar é para os pais, os héteros:
que não precisam ter vergonha de sair com seu filho que se manifesta diferente. Não é o sexo que determina nossa vida. Que tenhamos calor humano, afeto, compreensão, apoio, e dar aos filhos valores para que sejam pessoas de bem”.



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