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Estado de Minas COLUNA

Como lidar com filhos adolescentes

'Ensinar o amor aos nossos filhos passa por uma educação social, pelo ensino da cidadania e da ética'


08/08/2021 04:00 - atualizado 05/08/2021 09:27




"Meus filhos adolescentes me trazem muitos problemas. Não aceitam limites e não querem se envolver em nada. Não sei como lidar com eles nessa fase da vida”


Cecília, de Belo Horizonte

Cada geração tem características próprias, vivem realidades diferentes, respondem diversamente ao mundo em que vivem. E, como em tudo na vida humana, cada geração tem aspectos positivos e negativos. A atual juventude, comparada às anteriores, apresenta grandes avanços.

É mais sensível, mais informada, menos preconceituosa, mais liberada afetivamente e sexualmente. Conhecer as fragilidades dos jovens de hoje pode ser útil aos seus educadores e a eles próprios no caminho do seu desenvolvimento.

Uma pesquisa recente atesta que a atual juventude é extremamente vaidosa. Está perdendo o contato sadio com o próprio corpo, nas suas funções ligadas à vida, e enxergam o corpo como objeto primário de exibição e de conquista. A maioria acredita que a beleza, os músculos exuberantes lhe darão mais oportunidades na vida e que por isso serão mais amados.

Academias, plásticas, consumo de produtos diet e cuidados exagerados com a aparência são antídotos mais para a vergonha do próprio corpo em transformação do que para uma vida saudável.

No início da adolescência é até natural que isso ocorra. Vindos da infância logo começam a vida social buscando a afirmação dentro de uma sociedade narcisista. A gravidade, no entanto, está na persistência desse comportamento: a aparência física acima de qualquer valor.

Qualquer criança é movida pelo prazer imediato. Ela só faz o que gosta e não faz o que não gosta. O adulto emocionalmente é movido pelo prazer e pela realidade. A criança reluta em tomar um remédio porque tem o gosto amargo. Já o adulto, mesmo contrariando-se no gosto, toma o remédio por saber da importância. Levar em conta as consequências de nossos atos é considerar a realidade.

Nossos jovens, acostumados à proteção dos pais, procuram um prazer instantâneo e não medem as consequências. Daí as principais queixas dos pais: eles não gostam de estudar e não estudam; eles chegam tarde da noite em casa, mesmo sabendo que têm aulas na manhã seguinte; eles ficam horas e horas na frente do computador; eles não me ajudam em nada etc.

A procura pelas drogas tem origem na incapacidade de conviver com as frustrações, com as dificuldades, incluindo aqui a tristeza e a solidão. Saber dar o sim e o não aos nossos filhos é a melhor forma de lhes dizer que a vida é feita de altos e baixos, do que é permitido e proibido e dos limites naturais e sociais.

Ainda tem a questão da supervalorização das roupas, dos cosméticos, das grifes e das joias como instrumentos de conquista e sedução. O carro deixa de ser um meio de transporte e se torna um meio para provar o tamanho do poder e status. O celular não é só uma forma para se comunicar, mas para ser amado. Nada contra o “ter”, a menos que o apego excessivo aos bens materiais nos aniquile enquanto pessoas, a menos que matem o nosso “ser.” As cobranças familiares pelo sucesso social, incluindo a beleza, podem levar nossa juventude a um profundo individualismo.

Em uma realidade onde milhares de pessoas vivem abaixo da linha da miséria, onde milhares morrem de fome, onde a maioria não tem onde morar, que a nossa juventude tenha consciência disso e lute para melhorar essa realidade. Ensinar o amor aos nossos filhos passa por uma educação social, pelo ensino da cidadania e da ética.

Se eu estou perdido, narcisicamente, no meu mundo fechado, é natural que desapareça em mim a noção “do outro”. Não só do ponto de vista social, mas também do ponto de vista afetivo e mesmo familiar. Atualmente, poucos jovens se envolvem com problemas dos pais, sejam eles, financeiros, domésticos e profissionais. Poucos jovens descobriram que o “ficar” é apenas caminho. Não é a chegada. A vida, sob qualquer aspecto, exige de nós a entrega, o comprometimento, a construção e o envolvimento com o outro. Amor.

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