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Estado de Minas

Casais usam a crítica para tentar mudar um ao outro


postado em 01/09/2019 04:00




Um casamento se constrói quando os parceiros se colocam de um mesmo lado e, por meio da admiração e da tolerância ao outro, procuram formas de viver cada vez melhor e feliz’
Antônio Roberto, tenho notado, na maioria dos casais, uma tendência a se criticarem conti- nuamente. Por que isso ocorre e qual a consequência desse comportamento no casamento?”

.Maria Eugenia, de Belo Horizonte

Se me perguntarem qual o maior inimigo do casamento ou de qualquer outro relacionamento humano não terei a menor dúvida em dizer: A CRÍTICA. E por que isso ocorre com tanta frequência nas relações, mesmo naquelas ditasa morosas?

A maioria de nós foi educada por meio de um modelo que coloca a crítica como o principal fator de mudança e crescimento. Parte-se do pressuposto de que, se a uma criança forem apontados seus defeitos e se ela for castigada por causa deles, haverá uma mudança no seu comportamento e ela crescerá sadia e feliz. A realidade educacional tem nos mostrado exatamente o contrário. Quando alguém é sistematicamente criticado, desenvolve-se nele uma forma interna de reatividade que dificulta a consciência dos seus erros e a descoberta de formas de superá-los. Isso tem um nome: resistência às mudanças. Se, na prática, aprendemos e internalizamos esse modelo, não é de admirar que, mais tarde, nossas relações sejam marcadas por ele. A maioria das brigas dos casais, por exemplo, tem por origem a tentativa de um mudar o outro por meio de repressões e críticas, que vão crescendo de intensidade, chegando, às vezes, até a violência.

Quando essa forma de se relacionar vira um hábito nas relações, o afeto, a aproximação, a admiração e o respeito vão dando lugar à hostilidade, à irritabilidade e à distância. O casamento é um espaço de crescimento. Cada um dos parceiros deve aumentar a consciência de seus próprios pontos fracos e envidar esforços no próprio crescimento enquanto ser amoroso. O diálogo, a exposição de cada um daquilo que o desagrada no comportamento do outro, a expressão dos próprios sentimentos negativos e dos próprios limites diante da humanidade do outro são fundamentais.

O que não vale é, em nome disso, colocar-se como superior ao outro, arvorando-se em juiz do outro e determinando como o outro deve ser. Pequenas dife- renças de opinião, de preferências podem se tornar um grande problema no casamento, pois as críticas de um são reforçadas pela reatividade do outro.

A marca fundamental da nossa vida é nossa imperfeição humana. Não existe um marido perfeito ou uma esposa perfeita. Um casamento se constrói quando os parceiros se colocam de um mesmo lado e, por meio da admiração e da tolerância ao outro, procuram formas de viver cada vez melhor e feliz, em vez de se colocarem como inimigos, tentando mostrar que é “bom” e que o outro não presta.

O verdadeiro amigo é aquele que conhece nossos pontos fracos e nos ajuda a viver melhor, apesar deles. É falsa a ideia de que o amigo deve nos alfinetar continuamente, pensando em nosso bem. Em vez de nos centrarmos na sombra do outro, querendo, por meio da crítica, acabar com ela, devemos nos centrar na luz e ajudá-lo a expandi-la.

Educar é essencialmente desenvolver o talento e o potencial do outro. Quando os parceiros se esforçarem para descobrir os pontos fortes um do outro e se ajudar mutuamente no desenvolvimento desses pontos, o casamento será um espaço de felicidade e paz, e não um espaço de guerra.

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