Planejar o envelhecimento é um ato de liberdade
Bem-estar deve ser físico, emocional, social e financeiro; especialista explica por que todos deveriam pensar na própria longevidade antes dos 40
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Falar sobre envelhecer ainda é, para muitos, um tabu. Mas, segundo a psicóloga e especialista em gerontologia, Candice Pomi, adiar essa conversa é um erro que pode custar autonomia, saúde emocional e propósito de vida no futuro. “Planejar o envelhecimento não é pensar apenas na velhice; é pensar em como queremos viver os nossos próximos 30, 40 anos”, afirma.
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Em um país que envelhece rapidamente, mas ainda pouco se prepara para isso, o tema é urgente. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população com mais de 60 anos vai dobrar até 2050, representando cerca de 30% dos brasileiros. Já um levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que apenas uma em cada quatro pessoas faz algum tipo de planejamento financeiro ou emocional para o envelhecimento.
A psicóloga alerta: “Não basta saber que vamos viver mais, é preciso entender como saber viver bem. A liberdade que buscamos aos 60 começa nas escolhas que fazemos aos 30 e na maneira como começamos o plano de longevidade aos 40”, reforça.
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Planejar o envelhecimento envolve dimensões múltiplas: emocional, social, física e financeira. E, quanto antes começar, melhor. A especialista em longevidade defende que a preparação deve ser encarada como um ato de liberdade e autocuidado, não de medo. “Cuidar da mente, cultivar vínculos, desenvolver propósito, manter a saúde e aprender a lidar com as mudanças do tempo são formas de garantir independência e dignidade no futuro.”
Candice complementa: “É preciso deixar de pensar no envelhecimento como algo ruim. Até porque, pela lógica, se estamos ficando velhos, é porque a vida deu certo. Envelhecer é um processo biológico e fundamental no ciclo da vida; ‘errado’ é morrer cedo.”
O aspecto emocional, muitas vezes negligenciado, é um dos mais críticos. A solidão entre pessoas idosas é considerada um problema de saúde pública pela OMS desde 2023, com impacto direto em depressão, demência e até mortalidade precoce. “Construir uma rede de apoio e manter vínculos sociais ativos é tão importante quanto poupar dinheiro. A vida emocional precisa ser planejada, nutrida e renovada com o tempo”, acrescenta.
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A psicóloga também chama atenção para o impacto das transformações profissionais no envelhecimento. Com o aumento da expectativa de vida, as pessoas estão passando por duas ou até três carreiras ao longo da vida. “Aos 40, é hora de olhar para o futuro profissional com curiosidade, não com medo. A maturidade pode ser um terreno fértil para reinvenções se houver preparo emocional e autoconhecimento”, afirma.
Mais do que uma pauta de saúde pública, a longevidade é, para Candice, uma pauta de cidadania. “Planejar o envelhecimento é um ato político e de amor-próprio. É a chance de escrevermos nossas próximas décadas com autonomia, propósito e presença e não deixarmos que o tempo decida por nós”, destaca.
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