Câncer de mama: medo da mamografia é entrave para diagnóstico
Exame de rastreamento tem potencial de detectar lesões ainda não palpáveis; o diagnóstico precoce é primordial para um tratamento menos agressivo
compartilhe
Siga no
A socialite Val Marchiori, de 50 anos, revelou recentemente nas redes sociais que foi diagnosticada com câncer de mama após realizar uma mamografia, exame que, segundo ela, evitava por medo. Segundo seu depoimento, por meio do exame se identificou um nódulo com características suspeitas e a biópsia confirmou o diagnóstico. A Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) reforça a importância de ampliar a conscientização das mulheres sobre a eficácia do exame e de não temer o chamado "quem procura, acha".
Outro caso foi tornado público na última quarta-feira (27/8), quando a senadora Damares Alves, durante sua fala na Comissão de Assuntos Sociais, informou que foi diagnosticada com câncer de mama em 18 de julho. Ela explicou que havia comunicado previamente sua equipe, mas decidiu tornar a informação pública ao participar da instalação da subcomissão do Câncer na Comissão de Saúde.
Damares relatou que realizou o rastreamento com mamografia e exames complementares e foi beneficiada pelo diagnóstico precoce. "Em 18, dias eu consegui fazer a cirurgia e com cinco dias eu estava trabalhando, com cinco dias eu estava aqui no Senado trabalhando, depois da cirurgia. Com dor, com um pouquinho de dor, com todos os meus cuidados. Só foi difícil não abraçar os colegas nesse período. Mas o diagnóstico precoce foi o fundamental para eu estar como estou", discursou.
"Algumas mulheres têm mamas mais sensíveis à dor durante o exame, assim como há o receio de, ao fazer a mamografia, ter a doença diagnosticada. Por sua vez, o desconforto é menor que o benefício e caso o tumor esteja presente, é sempre melhor diagnosticá-lo", explica o cirurgião oncológico Rodrigo Nascimento Pinheiro, presidente da SBCO.
"Quem procura – quando acha – acha mais cedo. Além disso, o exame é rápido, seguro e salva vidas. Já o adiamento da mamografia pode levar ao diagnóstico mais tardio da doença, comprometendo as chances de um tratamento mais eficaz e menos agressivo", diz.
No Brasil, a estimativa é que sejam registrados mais de 73 mil novos casos anuais de câncer de mama em 2025. A doença, que representa três em cada dez diagnósticos de câncer em mulheres brasileiras, é a mais comum entre as mulheres em mais de 157 países, desconsiderando os casos de câncer de pele não melanoma. Em todo o mundo, são registrados 2,3 milhões de novos casos anuais, com projeção de saltar para 2,9 milhões em 2035. O câncer de mama também pode atingir homens: cerca de 0,5% a 1% dos casos ocorrem no sexo masculino.
Cirurgia em câncer de mama
A indicação de cirurgia do câncer de mama depende do estágio em que a doença foi diagnosticada. De maneira geral, a maioria das pacientes passa por esse procedimento, ainda que com objetivos distintos. Essa definição com relação ao tipo de cirurgia mais indicado fica a cargo do cirurgião oncológico ou do mastologista e de sua equipe, que avaliam cuidadosamente a extensão da doença e quais são as medidas de tratamento a serem adotadas.
Rodrigo ressalta que é importante contar com o acompanhamento de profissionais qualificados. “Há diferentes tipos de cirurgia do câncer de mama. A definição ocorre de acordo com o objetivo do procedimento e com as condições - tanto da paciente, quanto do tumor - haverá uma cirurgia mais adequada”, explica.
Leia Mais
Cirurgia conservadora
Esse procedimento é conhecido como mastectomia parcial ou segmentar, mas também é chamada de lumpectomia ou quadrantectomia. A quantidade de tecido mamário removido varia de acordo com o tamanho e localização do tumor, além de outros fatores, como a probabilidade de dissipação de células tumorais.
Na prática, se dá pela retirada do segmento ou do setor da mama onde está localizado o tumor. Neste caso, o cirurgião oncológico deve extrair o tumor com uma porção de tecido saudável adjacente, como margem de segurança.
Mastectomia
Nesse procedimento é feita a retirada completa da mama, incluindo todo o tecido mamário. No caso da chamada mastectomia radical, podem ser removidos outros tecidos próximos como os músculos que se localizam abaixo da mama com os gânglios axilares – geralmente indicada para grandes tumores em que já há ínguas comprometidas ou o risco de disseminação é elevado.
Há, ainda, a chamada mastectomia total, com utilização da pesquisa de linfonodo sentinela (a íngua que inicialmente drena estes tumores). Este procedimento é indicado, muitas vezes, para poupar a paciente de tratamentos complementares, como a radioterapia. O objetivo é minimizar os efeitos colaterais do tratamento oncológico.
Sintomas
O sintoma mais comum da doença é o surgimento de um nódulo no seio, geralmente detectado durante o autoexame ou em uma consulta de rotina. Além do caroço no seio, existem outros sinais de alerta aos quais é importante estar atenta:
- Pele da mama avermelhada ou retraída
- Aspecto de casca de laranja nas mamas
- Alterações no mamilo, como inversão ou descamação
- Pequenos nódulos nas axilas ou no pescoço
- Secreção anormal — geralmente sanguinolenta — nos mamilos
Em dezembro de 2024, o Ministério da Saúde atualizou o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) do câncer de mama no SUS. A mudança incorporou cinco novos procedimentos à rede pública, com destaque para a ampliação da indicação da terapia neoadjuvante (tratamento realizado antes da cirurgia) para mulheres com câncer de mama em estágios I, II e III.
A atualização permite que mais pacientes tenham acesso a técnicas menos agressivas e com maior possibilidade de preservação da mama, quando bem indicadas. “A incorporação representa um avanço importante no cuidado à mulher com câncer de mama no SUS. Isso permite intervenções mais precisas, com menor tempo de internação, menos dor e melhor recuperação”, destaca o oncologista.
É possível prevenir o câncer de mama?
Entre as práticas saudáveis e preventivas que ajudam a reduzir o risco de desenvolvimento do câncer de mama, a SBCO destaca:
- Redução e manutenção do peso corporal saudável
- Prática de atividade física por, pelo menos, 150 minutos semanais
- Acompanhamento adequado em casos de reposição hormonal pós-menopausa
- Limitação no consumo de bebidas alcoólicas
- Não fumar
- Visitas regulares ao ginecologista, com realização de exames preventivos
Siga nosso canal no WhatsApp e receba notícias relevantes para o seu dia