DIAGNÓSTICO TARDIO
Hidradenite Supurativa: a doença que pode ser confundida com acne
No Dia Mundial de Conscientização da doença, especialistas alertam para sintomas que podem passar despercebidos, apesar de exigirem atenção médica
Mais lidas
04/06/2025 12:02
compartilhe
Siga nox
Caroços inflamados, feridas recorrentes e dolorosas, especialmente em áreas como axilas, virilha e nádegas, são sinais que muitas pessoas enfrentam no dia a dia e frequentemente acabam ignorando. No entanto, esses sintomas podem indicar uma doença inflamatória crônica chamada hidradenite supurativa (HS)[1].
Estima-se que cerca de 850 mil brasileiros sejam diagnosticados com HS, que pode ser confundida com espinhas recorrentes, furúnculos ou até mesmo pelos encravados. O desconhecimento sobre a doença faz com que muitas pessoas convivam com os sintomas por até uma década sem o diagnóstico correto.
No Dia Mundial de Conscientização sobre a Hidradenite Supurativa, 6 de junho, médicos reforçam a importância de reconhecer esses sinais aparentemente comuns pois a falta de diagnóstico pode mudar o rumo do tratamento e da qualidade de vida de quem convive com a doença.
“Apesar de tidos como ‘comuns’ os sinais não devem ser ignorados. Quanto antes o paciente identificá-los e procurar um dermatologista, mais cedo é possível controlar os sintomas e evitar complicações que comprometem a qualidade de vida. Os sintomas muitas vezes atrapalham na realização de tarefas comuns do dia a dia e, por isso, precisam ser controlados”, explica Maria Victoria Suarez, Presidente da Sociedade Latinoamericana de Psoríase e imunodermatologia SOLAPSO DI, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e Preceptora da Residência de Dermatologia do Hospital do Servidor Público Municipal de SP.
Os sintomas que precisam de atenção
- Nódulos dolorosos recorrentes nas axilas, virilha, nádegas, coxas ou abaixo dos seios;
- Lesões que aparentar ser cravos e espinhas na região da virilha, glúteos e abdômen;
- Feridas que drenam pus, têm mau cheiro e demoram a cicatrizar;
- Formação de túneis sob a pele (fístulas);
- Cicatrizes em áreas de atrito do corpo;
- Dor persistente em lesões repetitivas.
Apesar de sua prevalência, a HS ainda é pouco discutida e muitos pacientes sofrem calados, com vergonha ou receio de buscar ajuda. O estigma e a falta de informação atrasam o acesso ao tratamento adequado. Por isso, dar visibilidade à doença e colocar a experiência dos pacientes no centro da conversa é essencial.
“A doença tem um impacto muito negativo na autoestima e qualidade de vida. Por essa razão é fundamental que estes pacientes se sintam abraçados. Sintomas como ansiedade e depressão são frequentes sendo importante o acompanhamento psicológico. Buscar apoio nas associações de pacientes também pode ajudar a conviver melhor com a doença. Dar visibilidade à hidradenite supurativa é um passo importante para que mais vozes sejam ouvidas e acolhidas”, afirma Maria Victoria.
Mudanças no estilo de vida também fazem parte do tratamento da doença: parar de fumar, praticar atividade física, manter o peso adequado, alimentação balanceada são ações que ajudam a controlar os sintomas. “É importante que os médicos que trabalham na atenção primária e nos prontos socorros fiquem atentos a estes sintomas e encaminhem estes pacientes para o dermatologista para uma avaliação mais profunda e diagnóstico adequado”, complementa a especialista.
Nos últimos anos, a ciência avançou significativamente no cuidado com doenças imunomediadas como a HS. Novas terapias têm ajudado a controlar a inflamação, reduzir lesões e permitir que os pacientes recuperem autonomia e bem-estar.
Neste Dia Mundial da Conscientização sobre a HS, o convite é claro: se você convive com sintomas recorrentes como nódulos e feridas que parecem espinhas, procure um dermatologista. Um diagnóstico correto pode mudar tudo.