DIA DO OFTALMOLOGISTA

Avanço com nanopartículas de ouro quer restaurar visão em doenças da retina

Inovação poderia tratar condições como a retinose pigmentar e a degeneração macular relacionada à idade

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Neste 7 de maio, que marca o Dia do Oftalmologista, um recente avanço científico chama atenção pelo impacto da inovação na saúde ocular: pesquisadores da Universidade Brown, nos Estados Unidos, investigam o uso de nanopartículas de ouro como potencial ferramenta para restaurar a visão em pessoas com distúrbios degenerativos da retina, como a retinose pigmentar e a degeneração macular relacionada à idade.

A técnica divulgada no ACS Nano, publicação do National Institutes of Health, ainda em fase experimental de testes com camundongos, consiste na aplicação de partículas de ouro com cerca de 95 nanômetros diretamente na retina. Essas nanopartículas são ativadas por feixes de luz infravermelha, que geram calor localizado.

O estímulo térmico ativa células internas da retina, como as bipolares e ganglionares, que continuam funcionais mesmo após a degeneração dos fotorreceptores. Com a aplicação da inovação, essas células poderiam passar a exercer uma função semelhante à dos fotorreceptores, transmitindo informações visuais ao cérebro.

Os experimentos, conduzidos por uma equipe liderada pelo professor de neurociência de Brown, Daniel Palanker, mostraram que as nanopartículas podem permanecer estáveis na retina por vários meses sem efeitos tóxicos relevantes, enquanto as análises de resposta cerebral revelaram que a estimulação provocada pelo laser gera padrões de atividade correspondentes a imagens projetadas, o que indica a formação de uma percepção visual.

Segundo o oftalmologista Tiago César Pereira Ferreira, especialista em catarata, ceratocone, lentes de contato e cirurgia refrativa, com formações complementares em Harvard, Hospital Sírio-Libanês e UNIFESP, o estudo pode representar uma mudança conceitual importante no enfrentamento da perda visual.

“Trata-se de uma tentativa de contornar a ausência de fotorreceptores sem recorrer à substituição biológica ou mecânica da retina. Uma abordagem que explora a plasticidade das vias neurais remanescentes para recuperar a função visual por meio de um estímulo controlado”.

O oftalmologista comenta que tal tipo de abordagem representa um desdobramento avançado da chamada neuromodulação visual. “Seu diferencial está na tentativa de reativar circuitos visuais utilizando estímulos térmicos localizados. Pode se concretizar como uma estratégia menos invasiva que próteses retinianas, por exemplo, beneficiando pacientes que perderam os fotorreceptores, mas ainda preservam outras camadas da retina”.

A expectativa da equipe é que, no futuro, para uso em humanos, essa tecnologia possa ser integrada a óculos equipados com câmeras e laser infravermelho. O dispositivo funcionaria em tempo real: a câmera captaria o ambiente e, imediatamente, o laser estimularia as nanopartículas na retina, reconstruindo uma percepção visual adaptada.



Embora os testes em humanos ainda não tenham começado, Tiago destaca o potencial da linha de pesquisa. “A oftalmologia moderna vem incorporando soluções de alta precisão, como a tomografia de coerência óptica e os lasers refrativos. Esse novo uso da nanotecnologia sinaliza uma fronteira que integra biotecnologia e engenharia óptica para tratar doenças antes consideradas irreversíveis, como algumas formas de degeneração macular e retinopatias”.

Apesar de promissoras, inovações como essa ainda exigem validação clínica rigorosa, estudos de longo prazo e debates éticos e regulatórios antes de chegarem à prática. Tiago César ressalta que a constância no acompanhamento médico, no entanto, é importante também nesse aspecto. “Muitas doenças oculares são silenciosas no início. O diagnóstico precoce possibilita não só a manutenção da saúde ocular, mas também aproveita as possibilidades que a inovação tem proporcionado nesse sentido”.


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