TRAGÉDIA

Ecstasy e cocaína: caminhoneiro deveria ter passado por teste psicológico

O caminhoneiro já era reincidente, com histórico de dirigir alcoolizado

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A recente prisão do caminhoneiro Arilton Bastos Alves, detido na manhã desta terça-feira (21/1) no Espírito Santo pela Polícia Civil de Minas Gerais, acusado de envolvimento em um acidente na Rodovia Régis Bittencourt (BR-116), em Teófilo Otoni, no Vale do Mucuri, ocorrido em 21 de dezembro e que resultou na morte de 39 pessoas, traz à tona a necessidade de discutir sobre a implementação de avaliações psicológicas rigorosas para motoristas infratores, conforme previsto no Código de Trânsito Brasileiro (CTB).

O laudo toxicológico realizado no motorista da carreta que provocou o acidente revelou que ele dirigia sob o efeito de uma combinação letal de cocaína, ecstasy, álcool e antidepressivos. O cenário se torna ainda mais alarmante ao considerar que ele era reincidente, com histórico de dirigir alcoolizado.

Adalgisa Lopes, psicóloga especializada em Psicologia do Trânsito e presidente da Associação de Clínicas de Trânsito do Estado de Minas Gerais (Actrans-MG), alerta para uma "epidemia silenciosa" no trânsito. “Enquanto negligenciarmos a saúde mental dos motoristas, estaremos fadados a enterrar um número cada vez maior de vítimas do trânsito. Não é exagero dizer que, ao não cuidarmos da saúde física e mental de motoristas, estamos colocando armas nas mãos de pessoas potencialmente instáveis”, afirma.

A psicóloga destaca que o Código de Trânsito Brasileiro já possui mecanismos para tratar a saúde mental de motoristas infratores. “O artigo 268 do CTB prevê a realização de avaliação psicológica para condutores que tiverem a permissão para dirigir suspensa, como no caso do motorista que causou esse acidente. Contudo, essa regra ainda não foi plenamente aplicada. Se estivesse em vigor, poderíamos ter evitado inúmeras tragédias”, pontua.

Estatísticas revelam que cerca de 30% dos acidentes de trânsito são causados por motoristas infratores reincidentes. “Não fazemos o suficiente para reeducar esses motoristas. As políticas públicas ignoram a influência do comportamento e das emoções nas causas dos acidentes”, critica Adalgisa.

Atualmente, a saúde mental dos motoristas só é avaliada no momento de obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). “É um absurdo que tenhamos um ‘laudo vitalício’ em um país que lidera rankings mundiais de ansiedade. Como podemos garantir a segurança nas estradas se ignoramos esse fato?”, questiona.

O que é verificado na avaliação psicológica?

Na avaliação psicológica, são analisados, por meio de métodos e técnicas específicas, os seguintes processos psíquicos:

  • Tomada de informação
  • Processamento de informação
  • Comportamento
  • Autoavaliação do comportamento
  • Traços de personalidade

As técnicas e instrumentos utilizados incluem:  

  • Entrevistas diretas e individuais  
  • Testes psicológicos, que devem estar de acordo com as resoluções vigentes do Conselho Federal de Psicologia (CFP), que definem e regulamentam o uso desses testes
  • Dinâmicas de grupo
  • Escuta e intervenções verbais

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