
Estresse crônico pode favorecer ocorrência de Alzheimer
Eventos como perda de emprego ou divórcio podem levar a uma inflamação cerebral, associada ao risco elevado da doença
Mais lidas
compartilhe
Siga noPesquisa publicada na revista Annals of Neurology revela que eventos como perda de emprego ou divórcio podem levar a uma inflamação cerebral, associada ao risco elevado de Alzheimer. A pesquisa, realizada em Barcelona, envolvendo mais de mil participantes, examinou a correlação entre a experiência de eventos estressantes específicos e biomarcadores de Alzheimer, como a neuroinflamação. Embora a hipótese inicial não tenha sido totalmente confirmada, descobriu-se que tais eventos na meia-idade estão ligados ao acúmulo da proteína betamiloide no cérebro.
Esse estudo, ainda preliminar, reforça a importância de abordar o estresse como um fator significativo para a saúde neurológica, sugerindo que intervenções focadas no gerenciamento do estresse podem oferecer proteção contra o desenvolvimento de demências. Essa não é a primeira pesquisa que indica que experiências estressantes na fase intermediária da vida podem ter um impacto significativo na saúde mental a longo prazo, aumentando as chances de Alzheimer e outras doenças neurodegenerativas.
26/04/2024 - 15:00 Zumbido no ouvido? Redobre a atenção com o consumo de café 26/04/2024 - 16:00 Umidificador de ar pode ajudar sua pele! 26/04/2024 - 17:00 Altitude no futebol: impactos para atletas em locais acima do nível do mar
Segundo a médica geriatra da Saúde no Lar, Simone de Paula Pessoa Lima, o estresse crônico afeta a saúde cerebral de diversas maneiras, podendo aumentar o risco para vários problemas mentais. “Esse efeito se deve, em parte, ao aumento dos níveis de cortisol, que pode modular o funcionamento do cérebro ao longo do tempo. A associação de estresse e depressão já foi confirmada por diversos estudos. Expandir essas alterações para associação com doença de Alzheimer é bem plausível.”
O Alzheimer
Alzheimer é um tipo de demência que afeta inicialmente a memória, o pensamento e o comportamento. É progressiva e degenerativa, o que significa que os sintomas pioram com o tempo, afetando a capacidade da pessoa de realizar tarefas diárias. As causas exatas, segundo a geriatra, ainda não são completamente compreendidas, mas a doença envolve uma combinação de fatores genéticos, ambientais e de estilo de vida.
“O risco de desenvolver Alzheimer aumenta significativamente após os 65 anos, bem como a presença de certos genes, como o APOE 4, que aumentam a probabilidade de desenvolvimento da patologia. Temos também o fato de pessoas com pais ou irmãos com a doença terem maior risco. Fatores como obesidade, sedentarismo, tabagismo, hipertensão arterial, diabetes e colesterol alto, estresse crônico, depressão, isolamento social e baixo nível de educação.
Diagnóstico
O diagnóstico é realizado por exclusão de outras condições que podem também afetar a memória e avaliação cognitiva (testes). Exames específicos são usados para ajudar quando há dúvida de diagnóstico e não servem para rastreio da doença. O processo inclui avaliação dos sintomas, histórico familiar e condições de saúde; da memória, do raciocínio, habilidades visuais-espaciais e outras funções; exames físicos e laboratoriais e imagens cerebrais.
Tratamento
Embora não haja cura, há tratamentos que podem ajudar a tornar mais lenta a progressão da doença. O tratamento também abrange os sintomas que o paciente apresenta. Simone fala sobre medicamentos inibidores da colinesterase (como Donepezila e Rivastigmina) e memantina, que podem ajudar a melhorar ou estabilizar os sintomas por algum tempo.
“Temos também exercícios físicos e atividades que estimulam a mente, podendo melhorar a qualidade de vida do paciente. Alguns casos merecem intervenções mais específicas como terapia ocupacional, fonoterapia ou fisioterapia. Grupos de apoio, aconselhamento e planejamento de cuidados a longo prazo são essenciais para pacientes e cuidadores.”
Cuidados e prevenção
Para reduzir o risco de desenvolver Alzheimer, é crucial adotar estratégias para gerenciar o estresse eficazmente. Isso inclui praticar exercícios regulares, manter uma dieta saudável, envolver-se em atividades que promovam relaxamento e bem-estar mental, como meditação e yoga.
“Também é importante manter um ambiente social ativo e buscar apoio em terapias ou grupos de suporte. Medidas preventivas como estas podem não apenas melhorar a qualidade de vida, mas também diminuir a probabilidade de desenvolver demências relacionadas ao envelhecimento”, indica.