Cantor Robbie Williams atribuiu envelhecimento da pele do pescoço à 'manopausa' e anos de bebedeira  festivos -  (crédito:  AFP)

Cantor Robbie Williams atribuiu envelhecimento da pele do pescoço à 'manopausa' e anos de bebedeira festivos

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Em recente entrevista, o cantor Robbie Williams, de 49 anos, disse que pretende fazer um lifting de pescoço para rejuvenescer a pele da região, já que os anos de vida festiva, regados a álcool, e a “manopausa” deixaram o seu pescoço mais flácido. E realmente o cantor está certo em culpabilizar os maus hábitos e o desbalanço hormonal.

“O álcool afeta a pele causando envelhecimento de várias maneiras. Primeiro que ele diminui a produção do ADH, que é um hormônio antidiurético, então o rim elimina água, levando à desidratação, inclusive da pele, o que leva às rugas precoces; e o álcool também leva a um processo inflamatório da pele. Já sobre o que ele chamou de manopausa, esse processo é conhecido como andropausa. Ele é equivalente ao que acontece na menopausa nas mulheres, em que você começa a ter uma diminuição da produção do hormônio masculino, da testosterona, e com isso o homem começa a ter os sinais e sintomas de andropausa. Quais são eles? Diminuição de libido, diminuição da produção de pelos, diminuição da ereção, alteração de irritabilidade, diminuição da qualidade de vida como um todo. E isso também influencia na pele, afinal a testosterona é muito importante para a produção de sebo na pele, o que ajuda na hidratação cutânea. A testosterona em produção normal no homem, saudável, confere uma pele hidratada com pouca ruga. Quando o paciente tem falta de testosterona na andropausa, essa pele fica menos hidratada, com falta de sebo, e começam a aparecer as rugas precoces numa pele muito seca”, explica Deborah Beranger, endocrinologista, com pós-graduação em endocrinologia e metabologia pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro (SCMRJ).

Além disso, segundo o Paolo Rubez, cirurgião plástico formado pela Unifesp, membro da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica (ASPS), poucas pessoas sabem, mas o músculo do pescoço, conhecido como platisma, é depressor da face, ou seja, as contrações constantes dele tendem a ‘puxar’ para baixo toda a região do terço inferior. Além disso, na região não são raras as alterações estéticas como a flacidez e a famosa papada.

“Tudo isso prejudica o contorno facial. O pescoço apresenta várias camadas de tecidos que podem sofrer com o processo de envelhecimento. A flacidez no pescoço, portanto, pode ser causada por um excesso de pele, de gordura, de flacidez dos músculos da região ou até pela glândula submandibular localizada abaixo da mandíbula”, destaca o Paolo. Por isso, para tratar a flacidez do pescoço, a técnica mais moderna de lifting na região é deep neck lift. “Esse procedimento ajuda muito no contorno facial, pois trata todas as camadas do pescoço, inclusive músculos, gordura profunda e glândulas submandibulares que podem ter crescido de tamanho. Ele pode ser feito até em jovens para melhorar o contorno”, acrescenta o médico.

Resultado natural e duradouro

Segundo o médico, o deep neck lift, além de trazer resultados mais naturais, é uma alternativa duradoura e segura aos procedimentos não invasivos injetáveis. “Essa técnica se diferencia por tratar todas estas camadas do pescoço, desde as mais superficiais até as mais profundas. As técnicas mais antigas tratavam apenas a pele e a gordura superficial. Já essa permite tratar em uma só cirurgia a região do pescoço e a papada. É muito interessante porque pode ser feito em jovens e melhora demais a definição da região”, diz o médico. “Muitas vezes o pescoço não era tratado de maneira direta, ou seja, ele era ‘esticado’ por uma tração lateral da pele a partir das incisões do lifting facial nas laterais do rosto”, explica Paolo. O nome da técnica é devido ao fato de tratar também as estruturas mais profundas do pescoço, como os músculos, a gordura acima dos músculos e a glândula submandibular.

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Andropausa

O médico destaca que a intervenção é indicado para qualquer caso em que o paciente precise de um melhor contorno do pescoço, independentemente da idade. A cirurgia é feita em centro cirúrgico a partir de uma incisão em torno de 4 cm abaixo do queixo: “Em casos de muito excesso de pele podem ser necessárias incisões também ao redor das orelhas. A anestesia deve ser a geral ou local com sedação”, explica Paolo.

Quanto aos cuidados pré-operatórios, eles são os mesmos de qualquer outro procedimento cirúrgico, ou seja, exames pré-operatórios, jejum de 8h na véspera da cirurgia, e o paciente deve estar em boas condições clínicas: “No pós-operatório, é necessário evitar esforços físicos por no mínimo três semanas, além de tomar as medicações prescritas e uso de faixa elástica na região por no mínimo uma semana. Além disso, o paciente deve dormir de barriga para cima durante no mínimo duas semanas”, conta o médico. “É comum no pós-operatório que o paciente apresente inchaço e roxo na região do pescoço. Eles são variáveis quanto à intensidade. Não é um procedimento doloroso, e em alguns casos é necessário que o paciente fique com um dreno no local por cerca de 48 horas”, destaca Paolo.

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Por fim, a médica endocrinologista lembra que também pode ser recomendada uma terapia de reposição hormonal. “Nela, tratamos repondo hormônio da andropausa, que é a testosterona, com implante, com injetável intramuscular ou com gel. Essas são as três maneiras para realizar a reposição”, explica Deborah.