DINHEIRO PÚBLICO

Cidade do Leste é 'campeã' de emendas parlamentares

Desde 2023, Mathias Lobato recebeu R$ 45,1 mi em verbas do Congresso, o que dá R$ 14,7 mil por habitante, enquanto em BH o valor por pessoa é de R$ 379

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O município que mais recebeu emendas parlamentares estaduais e federais desde 2023, quando assumiu a atual legislatura de deputados estaduais e federais e também senadores, é Belo Horizonte. No entanto, levantando em conta o número de habitantes, a cidade mais agraciada com recursos dos orçamentos da União e do estado, repassadas por parlamentares para suas bases eleitorais, é a pequena Mathias Lobato, no Vale do Rio Doce.

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Com uma população estimada de 3.069 habitantes, o valor total recebido pelo município nesta legislatura foi de R$ 45,1 milhões, o que representa R$ 14,7 mil por habitante. Nesse mesmo período, a capital mineira recebeu R$ 911 milhões. Considerando a população de cerca de 2,4 milhões de moradores, o valor recebido por habitante é de aproximadamente R$ 379, bem abaixo dos quase R$ 15 mil por habitante da cidade do Vale do Rio Doce.

Mas não é de hoje que Mathias Lobato é a mais beneficiada com emendas levando em conta o critério populacional. De acordo com o Portal de Emendas do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-MG), que registra as verbas estaduais e federais repassadas por indicação dos parlamentares, desde 2020, Mathias Lobato segue na liderança per capta, tendo recebido R$ 53,88 milhões de emendas nos últimos cinco anos. Os valores foram se avolumando desde 2020, quando o município recebeu cerca de R$ 1,4 milhão e chegaram a R$ 22,19 milhões em 2025.

E boa parte desses recursos recebidos pela pequena cidade são de uma mesma família: a Portela, que está na política desde 1998. A atual secretária de estado de Desenvolvimento Social, a deputada estadual licenciada Alê Portela (PL), é a campeã de envio de recursos para a cidade. Somente por sua indicação, Mathias Lobato, administrada desde 2020 por Karla do Fabiano (PSDB), recebeu R$ 10,3 milhões.

O pai da secretária, o pastor Lincoln Portela (PL), deputado federal desde 1999, mandou outros R$ 5,4 milhões em emendas. E o irmão de Alê Portela, Léo Portela, que foi deputado estadual entre 2015 e 2022, enviou outros R$ 3,3 milhões. Unida, a família destinou R$ 19 milhões dos R$ 53,88 milhões que a cidade recebeu em emendas, entre 2020 e 2025.

Além da família Portela, outro integrante de um clã político mineiro, o deputado estadual Thiago Cota (PDT), filho do ex-prefeito de Mariana por quatro mandatos, Celso Cota, também figura entre os que mais destinaram recursos para Mathias Lobato.

Nesse período, o parlamentar enviou R$ 5,4 milhões para a cidade. Além da família Portela, outros 22 parlamentares, incluindo os dois senadores mineiros, Rodrigo Pacheco (PSD) e Cleitinho Azevedo (Republicanos), também destinaram emendas para o município, além das verbas recebidas por indicação de blocos partidários da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e de comissões da Câmara dos Deputados.

Só de emendas Pix, conhecidas tecnicamente como transferências especiais, foram transferidos nesse período R$ 5,80 milhões para Mathias Lobato. Quase a metade dos recursos de emendas recebidos pelo município, foram classificados pelo TCE-MG como gastos em investimentos, que são despesas para a aquisição, construção ou melhoria de infraestrutura, equipamentos e obras públicas.

Não é possível consultar o uso detalhado desse dinheiro, já que o site da prefeitura do município não fornece nenhum dado sobre as emendas. Apesar de haver dentro do portal oficial do município uma aba destinada a essas informações, não consta nenhuma informação.

Tanto empenho em prol de Mathias Lobato rendeu a Alê Portela 1267 votos na cidade, colocando a deputada licenciada no primeiro lugar entre as mais votadas da cidade. Ela foi eleita com cerca de 42,1 mil votos. Apesar de também destinar emendas para a cidade, seu pai não teve um desempenho tão relevante e obteve somente 37 votos dos eleitores do município.

Relação histórica

Para garantir a destinação das emendas para Mathias Lobato e outras cidades de sua base eleitoral, Alê Portela, que é secretária do governo do estado desde junho de 2024, já deixou o cargo duas vezes e reassumiu sua cadeira no parlamento na época da aprovação do orçamento. Foi assim em 2024 e também neste ano, quando ela deixou a secretária, entre os dias 20 e 24/11, para aprovar suas emendas, retornando ao posto seis dias depois.

De acordo com secretaria, durante a exoneração estratégica, “ela protocolou um conjunto expressivo de proposições voltadas ao fortalecimento das famílias mineiras, à proteção de grupos em vulnerabilidade e ao aprimoramento de políticas públicas estratégicas para o estado”.

Por meio de uma nota, Alê Portela afirmou que seu grupo político mantém uma relação “histórica com o município de Mattias Lobato”, onde foi a parlamentar mais votada. “Essa confiança gera um compromisso permanente com a destinação de recursos para atender às principais demandas do município.

As emendas indicadas têm como foco prioritário saúde e infraestrutura, áreas que concentram as maiores necessidades locais e são recorrentes nas solicitações da administração municipal”, afirmou. Segundo ela, o apoio município “vem desde mandatos anteriores do nosso grupo político, com a utilização tanto de emendas estaduais quanto federais, conforme o instrumento mais adequado para cada demanda”. A prefeita não respondeu ao pedido de entrevistas feito pela reportagem.

Cidades sem emendas

Mas nem todos os municípios têm a sorte de Mathias Lobato, pelo menos quando o assunto são emendas federais. Nesta legislatura, a cidade de Presidente Bernardes, com cerca de 4.850 municípios, localizada na Zona da Mata mineira, não recebeu nenhuma emenda federal entre 2023 e 2025, somente estadual. Do orçamento do estado, por indicação dos deputados estaduais, a cidade recebeu R$ 2, 2 milhões.

O prefeito do município, Doutor Jazon (Republicanos) também não respondeu o pedido de entrevistas.
No caso das emendas estaduais, não há nenhum município, desde 2020, que não tenha sido contemplado com indicações de recursos feitos por deputados estaduais. Outras 75 das 853 cidades mineiras não receberam nenhuma emenda federal neste ano. Em 2024, foram sete cidades e em 2023 17 o número de municípios que não receberam emendas.

Entre as cinco cidades que mais receberam valores globais entre 2020 e 2025, além da capital mineira, que recebeu aproximadamente 1,95 bilhão de reais, aparecem Montes Claros (Norte de Minas) e Governador Valadares (Vale do Rio Doce), com , respectivamente, R$ 315 milhões e R$ 308 milhões de reais.

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As demais cidades que completam o ranking são Juiz de Fora (R$ 276,3 milhões) e Contagem (R$ 208,3 milhões). Na relação por habitante, em segundo lugar, depois de Mathias Lobato, aparece Nova Belém com R$ 48,1 milhões recebidos, o que representa R$ 15,2 mil por habitante, Marilac, com R$ 44,8 milhões e R$ 10,3 mil por habitante, Nova Módica com R$ 35,4 milhões e R$ 9,4 mil por habitante e Poço Fundo, com R$ 150,2 milhões, o que representa R$ 8,9 mil por morador.

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