Eleita a melhor ONG do Brasil na categoria Saúde e a melhor de Minas Gerais no Prêmio Melhores ONGs 2025, a Santa Casa BH chegou ao topo do principal ranking nacional a partir de critérios que vão além do volume de atendimentos. A avaliação levou em conta práticas de governança, transparência, responsabilidade social, sustentabilidade financeira e impacto social, em um processo técnico conduzido por especialistas independentes.
O reconhecimento foi anunciado no dia 12 de dezembro, em cerimônia realizada em São Paulo, e posicionou a instituição como referência entre organizações filantrópicas da área da saúde.
Como funciona a avaliação
Considerado o maior prêmio de saúde no país, o Melhores ONGs é realizado pela Certificadora Social, em parceria com a Ambev VOA, com apoio técnico da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Em 2025, a premiação adotou um novo modelo de avaliação, com questionários mais detalhados, análise documental aprofundada e classificação por faixas de desempenho.
As organizações são avaliadas por uma banca independente formada por professores, pesquisadores, jornalistas e lideranças sociais, com foco em governança institucional, clareza na aplicação de recursos, comunicação, sustentabilidade e resultados concretos para a sociedade.
A Santa Casa BH, que já figurava entre as 100 melhores ONGs do Brasil, conquistou dois dos principais destaques da edição.
A Santa Casa é uma ONG?
Segundo o provedor da instituição, Roberto Otto Augusto de Lima, a classificação da instituição como ONG está ligada ao seu modelo jurídico e institucional. “Somos uma instituição privada, sem fins lucrativos. Nosso formato é de associação civil. Então, somos uma organização não governamental”, explica.
Ele também esclarece que, embora não atenda de forma gratuita em todos os serviços, o hospital presta assistência ao Sistema Único de Saúde (SUS). “A gente presta serviço, e o SUS nos remunera”, afirma.
Governança e transparência como eixo central
Para Roberto Otto, o principal fator que levou à conquista do prêmio foi o investimento contínuo em governança e transparência. “Hoje, governança está diretamente ligada à transparência”, diz.
Dentre as medidas adotadas, ele destaca a adesão a padrões internacionais de prestação de contas.
“A Santa Casa aderiu a um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, que é o da transparência. A gente tem trabalhado muito em demonstrar para a sociedade a aplicação dos recursos que a Santa Casa recebe e capta”, conta.
O provedor também ressalta que decisões estratégicas deixaram de ser centralizadas. “Hoje, na Santa Casa, ninguém toma decisão sozinho. As decisões são todas colegiadas. Isso dá muita governança e estabilidade para a instituição”.
Um dos exemplos de transparência é o relatório de sustentabilidade da instituição. "Nosso relatório de atividades segue a metodologia GRI, da Global Reporting Initiative, que é um parâmetro internacional. Isso permite que nossas demonstrações financeiras e nossos dados sejam comparáveis com os de instituições do mundo inteiro”, enfatiza Roberto Otto. O relatório e as demonstrações financeiras ficam disponíveis ao público no site da instituição.
Dimensão do atendimento em Belo Horizonte
A Santa Casa BH atua exclusivamente na capital mineira e concentra um volume expressivo de atendimentos mensais. “Por mês, a gente faz cerca de 4 mil internações. No ambulatório, são aproximadamente 24 mil atendimentos mensais”, detalha o provedor.
Além disso, o hospital realiza cerca de mil cirurgias por mês, apenas em Belo Horizonte. A instituição conta com 7 mil profissionais, sendo 6.100 funcionários celetistas, além de médicos que atuam como pessoas jurídicas por meio de cooperativas.
Atendimento fora da capital e uso de IA
A atuação fora de Belo Horizonte ocorre por meio da chamada carreta da família, voltada principalmente à prevenção oncológica. São feitos exames, como mamografia e dermatológicos e raios-x. Segundo Augusto de Lima, cada expedição realiza entre 500 e 600 consultas, com foco especial na detecção precoce do câncer de mama. “Em 2025, nas 13 expedições realizadas, cerca de 20% dos exames apresentaram achados críticos, o que significa diagnóstico precoce e aumento significativo das chances de cura.”
Dentre os investimentos recentes, a Santa Casa se tornou o primeiro hospital 100% SUS do Brasil a disponibilizar uma ferramenta de inteligência artificial para apoio clínico. “Disponibilizamos para todo o corpo clínico o sistema Elsevier, uma ferramenta de inteligência artificial que auxilia no diagnóstico e nas prescrições médicas”, destaca.
Segundo ele, a tecnologia busca casos semelhantes em bases científicas internacionais, e o sistema se baseia nas melhores práticas mundiais, com mais segurança para o médico e o paciente, além de agilidade no atendimento.
Novos equipamentos e exames especializados
Outro avanço citado foi a implantação do projeto Amigas do Peito, com a aquisição de um novo mamógrafo. “Com apoio do programa Valor à Minas e da deputada Carol Caram (Avante), conseguimos adquirir um equipamento de mamotomia acoplado ao mamógrafo”, explica.
De acordo com o provedor, o equipamento permite retirar o nódulo no próprio exame e, em muitos casos, evita que a paciente vá ao bloco cirúrgico e pode representar a solução definitiva, com mais rapidez e menor custo.
Dentre os planos para 2026, Roberto Otto citou a possibilidade de uma nova carreta de atendimentos, a ampliação de ambulatórios e a implantação do Instituto de Transplantes da Santa Casa. Ele explicou que o ganho de eficiência permite maior rotatividade dos leitos. “Com mais agilidade no diagnóstico e tratamento, o paciente tem alta mais cedo, e o leito fica disponível para mais pessoas”, afirma.
Também estão previstos novos ambulatórios de oftalmologia e nefrologia e continuidade do curso de graduação em enfermagem, que completou um ano em 2025.
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Um hospital mais antigo que Belo Horizonte
Fundada há 126 anos, a Santa Casa BH é apenas dois anos mais nova que a própria capital mineira. Hoje, a instituição responde por cerca de 20% dos atendimentos de urgência de Belo Horizonte, consolidando seu papel central na rede de saúde da cidade.
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*Estagiária sob supervisão do subeditor Thiago Prata
