Servidora da PCMG é indiciada por suspeita de extravio de mais de 200 armas
Armamentos foram levados de delegacia no Barreiro. Servidora administrativa estava na Polícia Civil desde 2014 e foi presa em 9 de novembro
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A servidora Vanessa de Lima Figueiredo, de 44 anos, acusada de desviar mais de 200 armas da 1ª Delegacia de Polícia Civil do Barreiro, em Belo Horizonte (MG), foi indiciada pela Corregedoria da própria instituição. O inquérito foi concluído nessa terça-feira (25/11) e segue para avaliação do Ministério Público, responsável por oferecer a denúncia à Justiça.
Caso se torne ré, Vanessa irá responder criminalmente por peculato. Conforme redação do artigo 312 do Código Penal, esse crime ocorre quando um funcionário público se apropria de forma indevida de qualquer bem da administração pública. Vanessa foi presa no último dia 9 e está custodiada na Penitenciária José Abranches Gonçalves, em Ribeirão das Neves, na Grande BH.
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Conforme mostrou o Estado de Minas, a investigação, que correu sob sigilo, aponta que drogas e dinheiro também sumiram da unidade da corporação, conforme consta no inquérito policial. A informação foi divulgada à reportagem pelo presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais (Sindipol-MG), Wemerson Oliveira.
“Não tenha dúvida que esse material voltou para as mãos de grupos criminosos, principalmente naquela região do Cabana, comandada pelo Terceiro Comando Puro (TCP). Você chegar e tirar mais de 200 armas de dentro de uma delegacia, não vai passar para cidadão de bem”, declarou. A delegacia está localizada na Rua Solimões, na divisa entre os bairros Jardinópolis e Cabana do Pai Tomaz.
As investigações começaram após uma arma, que deveria estar sob custódia na delegacia, ser apreendida em uma operação policial. A Polícia Civil disse, porém, que não há informações sobre o envolvimento de organização criminosa no extravio das mais de 200 armas. A defesa da servidora também afirmou que o extravio não tem relação com facções.
Segundo o delegado-geral da Polícia Civil mineira, Rômulo Guimarães Dias, as armas desaparecidas são de “baixo calibre” ou “obsoletas”, não sendo mais utilizadas no serviço operacional.
No mesmo dia da prisão, dois mandados de busca e apreensão foram cumpridos na casa da servidora e também na residência dos pais dela. Concursada, ela atuava na Polícia Civil desde 2014. Investigações apontam que a mulher, que não é policial, era a única pessoa que tinha acesso ao armamento.
Em conversa com o Estado de Minas, o advogado de defesa de Vanessa, Lucas Furtado, afirmou, na ocasião, que a prisão dela foi arbitrária e premeditada. “A defesa não se opõe à busca e apreensão para investigação e informa que nenhum material ilícito foi encontrado na casa de Vanessa e na dos pais”, iniciou.
Parte do que foi utilizado para justificar a prisão da servidora foram imagens de câmeras de segurança que mostram a mulher segurando uma bolsa, supostamente com o armamento. Para a defesa dela, porém, as imagens são inconclusivas e não têm capacidade de vincular a cliente no caso de extravio.
“Em todas as imagens, que são de frente à delegacia, ela porta uma bolsa clara de uso pessoal. Ela entra e sai em horários normais com a mesma bolsa. Foi veiculado que dava pra ver as armas, mas nada disso apareceu nos autos”, avaliou.