SEPULTAMENTO

Mulher que morreu após comer ‘falsa couve’ será enterrada nesta terça (14)

Vítima morreu nessa segunda (13/10), depois de seis dias internada em estado grave; ela sofreu uma parada cardiorrespiratória no dia em que comeu a planta

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A mulher de 37 anos que morreu depois de comer Nicotiana glauca, uma planta tóxica conhecida como "falsa couve", em Patrocínio (MG), no Alto Paranaíba, será enterrada nesta terça-feira (14/10) no Cemitério Municipal de Guimarânia. O velório será às 9h na Funerária do Baiano. Ela deixa o marido e dois filhos.

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Claviana Nunes da Silva estava internada desde quarta-feira (8/10) e morreu nessa segunda (13/10). Ela havia sofrido uma parada cardiorrespiratória depois de ingerir a planta e ficou internada na Santa Casa de Patrocínio.

De acordo com o Corpo de Bombeiros, quatro pessoas consumiram a planta conhecida popularmente como “fumo-bravo” e apresentaram sintomas de intoxicação. A 'falsa couve' foi usada por engano no preparo de um almoço. O vegetal foi encontrado nas proximidades da cozinha da residência, reforçando a hipótese de erro na identificação da planta durante o preparo da refeição.

Durante o atendimento, a mulher de 37 anos teve uma piora súbita e entrou em parada cardiorrespiratória (PCR). Os bombeiros fizeram as manobras de reanimação e a vítima foi levada ao Pronto-Socorro Municipal, onde teve o quadro revertido.

As outras três vítimas foram socorridas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Três idosos, de 60, 64 e 67 anos também foram internados em estado grave no mesmo dia. No entanto, o idoso de 67 anos apresentou melhora clínica e recebeu alta médica na quinta (9/10).

Segundo os bombeiros, todos haviam ingerido a planta confundida com couve no almoço. Uma criança de 2 anos também foi internada. Ela não ingeriu a planta, mas ficou em observação médica.

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informou que está instaurado procedimento policial para apurar as circunstâncias do possível envenenamento. Segundo a corporação, os levantamentos preliminares indicam a possibilidade de envenenamento acidental, ocorrido durante o preparo do almoço, quando a planta foi confundida com couve.

O que é a Nicotiana glauca?

A Nicotiana glauca é uma planta da mesma família do tabaco, originária do norte e nordeste da Argentina e da Bolívia. Atualmente, está naturalizada em várias regiões do sul da América Tropical, Estados Unidos, México, Austrália, Caribe e em áreas secas do Velho Mundo. No Brasil, ocorre de forma cultivada ou ruderal, em ambientes secos ou úmidos, principalmente em quintais, beiras de estrada e áreas rurais.

A planta é considerada invasora, por se dispersar rapidamente e alterar ecossistemas naturais, ameaçando a biodiversidade nativa. É conhecida por diferentes nomes populares: “falsa couve”, “charuteira”, “couve-do-mato” e “erva-de-charuto”. A confusão com a couve comum aumenta o risco de intoxicação.

Por que a planta é tóxica?

A Nicotiana glauca contém alcaloides piridínicos, como anabasina, nicotina, anatabina e nornicotina, que agem sobre o sistema nervoso e afetam funções vitais como batimentos cardíacos, respiração e controle muscular. Alguns desses metabólitos podem levar à paralisia respiratória e até à morte.

Segundo o professor de química farmacêutica da PUC Minas, Guilherme Rocha, a planta produz metabólitos primários, necessários para fotossíntese e sustentação, e metabólitos secundários, que atuam na defesa contra predadores ou atração de polinizadores. Esses metabólitos secundários, como os alcaloides, podem ser extremamente tóxicos e interferir diretamente no metabolismo do corpo humano.

Ele também ressalta que, dependendo da quantidade ingerida, da concentração do alcaloide e do peso da pessoa, mesmo pequenas doses podem ser letais. Ao contrário de alguns alimentos, o cozimento ou refogado não destrói os alcaloides, mantendo a planta perigosa mesmo após o preparo.

Além disso, a Nicotiana glauca é muito comum em áreas rurais no Brasil e já causou confusões graves com a couve, incluindo mortes documentadas.

A intoxicação pela Nicotiana glauca ocorre em duas fases: inicialmente, os alcaloides causam uma superestimulação dos músculos e órgãos, levando a taquicardia, hipertensão, náusea, tontura e sudorese intensa. Em seguida, os receptores nervosos entram em fadiga, provocando queda brusca da frequência cardíaca, paralisia muscular e respiratória e, em casos graves, parada cardíaca.

Sintomas de intoxicação

  • Náuseas e vômitos logo após a ingestão
  • Tontura e sudorese intensa
  • Taquicardia seguida de queda brusca da frequência cardíaca
  • Fraqueza muscular e dificuldade para respirar
  • Perda de consciência e parada cardíaca

A falsa couve pode ser facilmente confundida com a couve comum, mas algumas características ajudam a diferenciá-la. Ao contrário da couve, que cresce de forma mais rasteira, a Nicotiana glauca desenvolve-se como um pequeno arbusto. Além disso, apresenta flores amarelas e partes com fluorescência, características ausentes na couve tradicional. Para garantir a identificação correta, é recomendado que a planta seja examinada por um biólogo ou especialista em farmacognosia.

Casos de intoxicação por Nicotiana glauca já ocorreram no Brasil. Em 2012, em Santa Luzia (MG), um homem morreu e quatro familiares ficaram internados após comerem a planta refogada, confundindo-a com couve. Em 2018, em Pio IX (PI), seis pessoas, incluindo duas crianças, foram hospitalizadas depois de ingerirem suco com folhas da planta; todas receberam alta.

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O que fazer em caso de intoxicação?

Ao perceber sintomas após a ingestão de plantas desconhecidas, é fundamental procurar atendimento médico imediato, levando, se possível, uma amostra da planta para facilitar a identificação. A reportagem procurou a Secretaria de Saúde de Patrocínio para mais informações sobre o estado de saúde das vítimas e aguarda posicionamento.

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