Obras na Grande BH prometem combater a falta de água em cidades da região
Investimento de R$ 1,1 bilhão da Copasa, com parte da verba vindo do acordo de Brumadinho, promete ampliar e modernizar sistema Rio Manso
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O desabastecimento de água, principalmente nos fins de semana, é um problema de longa data no município de Mário Campos (MG), na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Para melhorar o fornecimento, a Copasa anunciou nesta segunda-feira (22/9) o investimento de R$ 1,1 bilhão para ampliação e modernização do sistema Rio Manso. Desse total, R$ 527 milhões são provenientes do Acordo de Reparação de Brumadinho.
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“Nós sofremos muito com a falta de água, principalmente sexta, sábado e domingo. Sabemos que a obra vai passar por outros municípios e precisamos que Brumadinho e Mário Campos sejam resguardadas”, declarou a prefeita de Mário Campos, Andresa Rodrigues (PSB). Temos áreas que ainda nem têm água da Copasa. É preciso, ainda, muito mais obras e investimentos”, completa.
O projeto foi dividido em três lotes, sendo que o primeiro deles já está em execução com o início da implantação de mais de 12 quilômetros de uma adutora de água tratada que atravessará os municípios de Sarzedo, Mário Campos e Betim, com tubulações variam de 1,6m a 1,8m de diâmetro. Também está prevista a implantação de um novo reservatório com capacidade de armazenamento para 10 mil litros.
A previsão de conclusão do primeiro trecho desta etapa, que custará R$ 400 milhões, é para agosto de 2026, e o restante do lote será finalizado em abril de 2027. Com isso, o sistema já estará disponível para uso da população, visando um abastecimento pleno e contínuo.
Como contrapartida da obra, a Copasa se comprometeu a construir uma área de lazer na área onde as obras estão acontecendo para uso dos moradores de Mário Campos. A proposta, que será enviada oficialmente à companhia ainda está semana, engloba a construção de quadras, pista de caminhada.
“Um projeto conceitual que nós vamos enviar a Copasa no mais tardar até amanhã para que, tão logo esteja terminada está primeira etapa da obra, já iniciei está etapa para deixar um legado social para a população”, diz a prefeita.
Próximas etapas
A segunda etapa conta com investimento de R$ 200 milhões e prevê a ampliação e modernização da Estação de Tratamento de Água (ETA) Rio Manso, aumentando a sua vazão de 6 m³/s para 10,3 m³/s. "Será uma das ETAs mais modernas do mundo", afirma
Serão implantados quatro novos módulos de floculação, quatro novos decantadores, além da ampliação dos sistemas de sulfato de alumínio, cloro e cal. Haverá ainda adequações nos sistemas elétricos e de automação, assim como a implantação de uma nova Unidade de Tratamento de Resíduos.
Por fim, R$ 327 milhões serão direcionados para a implantação de 6 mil metros de uma nova adutora que chegará a um reservatório em Contagem com o objetivo de otimizar a distribuição de água na cidade. Estes dois lotes estão sendo licitados pela Secretaria de Estado de Infraestrutura (Seinfra).
O presidente da Copasa garantiu que, mesmo se a companhia for privatizada, as obras de todos os lotes estão garantidas.
"Todos estes projetos estão assinados e boa parte dele passa pelo acordo de reparação (de Brumadinho). A privatização não vai atrapalhar em nada esse processo, muito pelo contrário, com a privatização a gente pode ganhar agilidade para poder cumprir com essas obrigações", diz
Desabastecimento e qualidade da água em xeque
O anúncio ocorre em meio a uma onda de questionamentos da população em relação à qualidade da água entregue pela companhia. Parte da população da RMBH tem atribuído o recente surto de diarreia com a água da Copasa. Entretanto, Passaglio garante que a relação não procede. "A gente faz exames na água o dia inteiro e não houve relato de nenhuma amostra que não tenha passado nos testes de potabilidade. Quando há mudança de estação, é comum haver mudança no odor da água mas sem nenhum microrganismo que possa fazer alguém passar mal. Não há ligação nenhuma desse surto de diarreia com a qualidade da água, que eu posso afirmar que está dentro dos padrões", afirma.
Além disso, desde o início do mês passado, moradores de BH e região metropolitana têm observado alteração no sabor da água de suas residências, relatando que sentem “gosto de mofo”. Somente entre os dias 4 e 18 de agosto, a Copasa registrou mais de 300 reclamações.
Diante disso, a Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais (Arsae-MG) solicitou à companhia que respondesse aos questionamentos dos clientes. No dia 22 de agosto a Agência detalhou que a documentação enviada pela Copasa “não aponta anomalias de potabilidade, mantendo os parâmetros físico-químicos e bacteriológicos” e que dados do monitoramento da água bruta do Rio das Velhas, entre junho e julho, também foram apresentados e mostram concentrações de cianobactérias abaixo de 10 mil células por milímetro - faixa que não exige análises adicionais ou aumento de monitoramento.
No início de setembro a Copasa informou que enviou um relatório de 300 páginas ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) contendo documentos com resultados de análises laboratoriais e testes realizados em residências de toda a Região Metropolitana de Belo Horizonte, além do sistema de captação e abastecimento. Por meio de nota, a companhia afirmou que vem realizando análises que contemplam mais de 130 parâmetros de potabilidade desde o início dos relatos sobre mudanças no sabor e odor da água. Adicionalmente, a concessionária afirma ter contratado um laboratório independente para realizar testes além do que prevê o Ministério da Saúde e garantiu que a água distribuída na região metropolitana da capital "não oferece qualquer risco à saúde da população".
Como medida preventiva, a Estação de Tratamento do Sistema Rio das Velhas começou a receber a aplicação de carvão ativado em pó desde o dia 14 de agosto.