O ministro da Educação, Camilo Santana, participou nesta quinta-feira (28/8) do anúncio da retomada da construção do Anexo da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). As obras foram iniciadas em junho de 2013 e interrompidas em junho de 2014 por falta de recursos, de acordo com a instituição. A retomada da construção, com previsão de ser concluída no fim do ano que vem, será financiada pelo Governo Federal.
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O investimento é proveniente do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para universidades e instituições federais, anunciado em junho do ano passado. Para a UFMG, foram repassados R$ 51,7 milhões, valor destinado à retomada de obras.
Entre elas, a do Anexo da Escola de Música. Além dela, a construção do Anexo da Escola de Enfermagem, obras das quadras da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional (EEFFTO) e da cobertura do Anexo 2 da Faculdade de Educação. As obras haviam sido iniciadas pelo Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), lançado em 2007.
A obra do anexo da Escola de Música recebeu um investimento de R$ 25 milhões do total do Novo PAC, de acordo com o Governo Federal.
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O anúncio ocorreu em frente à estrutura ainda incompleta. “Estamos lutando muito para que a gente possa apresentar um projeto de lei no Congresso Nacional para que possamos dar mais previsibilidade e sustentabilidade orçamentária às nossas universidades, que são grandes patrimônios”, afirmou Santana. O anúncio fez parte da agenda do chefe da pasta em Belo Horizonte e contou com apresentação de músicos da faculdade.
O ministro reconheceu os desafios e limitações e afirmou que o governo e o ministério têm buscado recompor o orçamento das universidades e instituições federais. “Para garantir que o reitor possa fazer o planejamento sustentável, para que possa saber quais são os recursos que vai ter no ano que vem, planejar os investimentos e a ampliação. Esse vai ser um bom legado que a gente deixa para os nossos universitários”, afirmou.
Camilo Santana informou ainda que há outros planejamentos voltados para as universidades. Entre eles, o projeto de lei já aprovado na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados, que prevê a mudança na eleição dos reitores, com a garantia de que o candidato mais votado seja escolhido e empossado pelo presidente. Atualmente, o ocupante do cargo é nomeado pelo presidente a partir de uma lista tríplice, como estabelecido pela Lei 5.540/68.
O ministro informou ainda que há a intenção de propor um projeto para estabelecer um fundo orçamentário para as universidades e instituições federais, mas detalhes ainda não foram pensados ou discutidos.
A reitora da UFMG, Sandra Regina Goulart Almeida, participou do anúncio e celebrou a retomada da obra. Participaram também o vice-reitor da universidade, Alessandro Fernandes Moreira; o diretor da Escola de Música, Renato Tocantins Sampaio; o vice-diretor da Escola de Música, Carlos Aleixo dos Reis; a diretora da Escola de Belas Artes, Camila Rodrigues Moreira Cruz; e outros representantes da UFMG.
A reitora da UFMG, Sandra Regina Goulart Almeida participou do anúncio e celebrou a retomada da obra
Também estiveram presentes os deputados federais Rogério Correia (PT), Reginaldo Lopes (PT) e Ana Pimentel (PT).
O anexo
Renato Tocantins Sampaio, diretor da Escola de Música da UFMG, ressaltou que o projeto do Anexo da Escola de Música coloca a instituição em uma situação de nível internacional.
"O projeto acústico, em especial, coloca a Escola de Música em uma situação de nível internacional ao propiciar espaços com qualidade acústica flexível, favorecendo trabalhos de excelência em termos de performance, mas também de composição, didática de instrumentos musicais e voz, sonologia, educação musical e diversas outras subáreas da Música enquanto campo de conhecimento”, afirmou Renato Tocantins Sampaio, diretor da Escola de Música.
Ele, que participou do anúncio nesta quinta-feira, informou que, desde 2019, foram realizados diversos estudos para adequar os projetos — acústico, hidráulico, elétrico, estrutural e de mobiliário. “Aproveitamos para incluir elementos de tecnologias mais recentes, como, por exemplo, sistemas de vedação acústica para paredes e janelas e controle de ruído da climatização", conta.
O que terá no novo prédio da Música na UFMG?
- 3 Laboratórios de Percussão
- Laboratório de Música Popular
- 2 Laboratórios de Educação Musical
- 2 Laboratórios de Treinamento Auditivo
- Laboratório de Baixo Elétrico
- Laboratório de Guitarra
- 3 Laboratórios de Prática de Sopro – Metais
- Laboratório de Saxofone
- Laboratório de Canto Popular
- 2 Laboratórios de Música de Câmara
- Laboratório de Piano Popular.
- Laboratório de Canto Coral
- Laboratório de Grandes Grupos Instrumentais
Sem cafezinho
Após inaugurar a placa que registra a retomada das obras e cumprimentar os músicos que tocavam, o ministro Santana entrou brevemente no prédio da Escola de Música da UFMG. Ao sair do edifício, foi educadamente abordado pela estudante Thais Godinho, de 28 anos. “Adoraria oferecer um cafezinho, mas a gente está sem cantina”, disse ela ao chefe da pasta da Educação.
Após a fala, Thais agradeceu ao ministro e se retirou. Camilo Santana, a reitora da UFMG e as outras pessoas presentes deram ênfase à maneira como a estudante foi educada na abordagem. O assunto trazido por ela não rendeu, sendo logo substituído por outras questões, e a equipe retomou o trajeto até o carro para ir embora.
Ao Estado de Minas, a estudante de licenciatura em música contou que o fechamento da cantina do prédio prejudica os alunos. “A gente se vira da forma que consegue. [Isso] reverbera diretamente no nosso dia a dia. Às vezes a gente vem direto do trabalho. É um sustento muito básico, que eles deveriam resolver há muito tempo”, disse.
Thais Godinho abordou o ministro da e lamentou não poder oferecer um café, devido ao fechamento da cantina no local
Nas dependências do prédio, cartazes corroboram o ponto trazido por Thais. “Com fome desafina” e “Com fome ninguém estuda” são alguns dos dizeres espalhados.
Em maio deste ano, a cantina da Escola de Música foi temporariamente ocupada por estudantes da UFMG, assim como as unidades no Centro de Atividades Didáticas 1 e 2 (CAD1 e CAD2). Os alunos protestaram pela falta de cantinas na universidade.
Posicionamento
Em posicionamento diante da abordagem da estudante ao ministro da Educação, a UFMG afirmou, por meio de nota, que “tem adotado uma série de medidas para regularizar a situação de uso desses ambientes de alimentação em suas unidades acadêmicas e administrativas.”
Entre as ações, foram mencionadas a solicitação feita à Fundação Ipead, ligada à Faculdade de Ciências Econômicas (Face) da UFMG, da realização de “estudo técnico para a redefinição de valores a serem pagos como concessão remunerada de uso, com a possibilidade de redução desse valor", e a implementação do projeto Lanchonetes Universitárias, que prevê a incorporação da modalidade “lanchonetes” ao Programa de Alimentação da Política de Assistência e Permanência Estudantil da UFMG.
Além disso, a universidade informou que a Pró-reitoria de Administração (PRA) concluiu o processo licitatório e assinou o contrato para restabelecer o funcionamento da cantina da Faculdade de Letras (Fale) ainda neste segundo semestre de 2025, e que o processo para a Escola de Música e outras unidades está em andamento.
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A universidade explicou também o contexto do fechamento das cantinas. “A pandemia de covid-19 provocou mudanças de hábitos de consumo na comunidade acadêmica, que não utiliza as cantinas nos campi como antigamente, o que explica a menor demanda por esse tipo de alimentação, o grande volume de rescisões contratuais e a baixa adesão aos processos licitatórios abertos nos últimos anos”, afirmou.
