Professora não comentou sobre problemas familiares com colegas
A PCMG informou que o suspeito confesso de matar Soraya Tatiana é o filho dela, Matteos França. Missa de sétimo dia está sendo realizada nesta sexta-feira (25)
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Alexandre Carneiro e Laura Scardua*
A professora Soraya Tatiana Bonfim França não comentou sobre possíveis dívidas que o filho, Matteos França, teria contraído, afirma uma amiga e colega de trabalho. Ele, suspeito confesso de matar a mãe, alegou ter cometido o crime após uma discussão sobre graves problemas financeiros decorrentes de apostas na internet, de acordo com as investigações da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG). Matteos, de 32 anos, foi preso temporariamente nesta sexta-feira (25/7).
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De acordo com a corporação, Matteos alegou que teve um surto e acabou enforcando a mãe na sexta-feira (18/7), na casa onde os dois moravam, no Bairro Santa Amélia, na Pampulha. Ainda segundo o próprio, ele enfrentava um colapso financeiro devido a apostas na internet e dívidas de crédito consignado. A Polícia Civil informou que trabalha com duas linhas de investigação: crime premeditado ou não.
Em entrevista concedida durante a missa de sétimo dia da professora, realizada nesta sexta-feira (25/7), Caroline Dayrell, que atua como coordenadora no Colégio Santa Marcelina e era colega e amiga de Soraya Tatiana, afirmou que a família não aparentava ter problemas financeiros. "Ele trabalhava. Ela sempre trabalhou. Era uma família tranquila também nesse sentido. Não era uma família de muitas posses, de muitas riquezas, de forma alguma, mas uma vida tranquila", disse.
Caroline afirmou ainda que a professora também não relatava problemas familiares. "Ela seria incapaz de falar mal de qualquer pessoa, de qualquer ser vivo, muito menos de alguém dela, do coração dela (...) O que a gente ouvia dela era de um amor incondicional pelo Matteos: ela era alucinada pelo Matteos. A vida dela era o Matteos, era um pelo outro há muitos anos", contou.
Suspeito confesso
A amiga pondera que a resolução do crime não ameniza a dor pela perda da docente, apesar de trazer respostas. "Quando fala do filho, consegue estraçalhar a gente ainda mais (...) É bom saber, porque, de certa forma, encerra esse ciclo, mas consegue fazer doer ainda mais o que já estava insuportável", disse a coordenadora do colégio sobre Matteos ser o suspeito confesso de matar a professora.
Ao final da cerimônia, alunos distribuíram flores para os presentes na saída da igreja.
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A Polícia Civil informou, em coletiva nesta sexta-feira (25/7), que a causa da morte foi esganadura. A corporação afirmou ainda que o suspeito teria agido sozinho. Após a morte da professora, ele disse que saiu de casa com o corpo no porta-malas do carro dela. Ainda na sexta-feira, foi até o Bairro Conjunto Caieiras, em Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, e abandonou o cadáver, que só foi encontrado no domingo (20/7), após uma denúncia anônima.
Circunstâncias
Matteos teria sido a última pessoa a ver Soraya, quando ela saía para uma viagem à Serra do Cipó, distrito de Santana do Riacho, na Região Central do estado. Desde o início, pessoas próximas à professora buscaram imagens de câmeras de segurança que pudessem ajudar a esclarecer onde ela estava e de que forma saiu de casa.
À Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), durante o registro do desaparecimento, na noite de sábado (19/7), Matteos afirmou que chegou a verificar as câmeras do prédio onde a professora morava e não havia indícios de que ela tivesse saído, seja de carro ou a pé.
De acordo com o suspeito, as gravações mostraram que, entre a noite de sexta-feira e a manhã de sábado, dois veículos ficaram parados próximos ao portão social. No entanto, segundo o relato de Matteos, não foi possível identificar as placas nem verificar se alguém entrou ou saiu dos carros.
Homenagem
“Hoje meu mundo está mais triste, mais vazio, sufocante. Mas, dentro de mim, mãe, você continua viva: na minha voz, nas minhas escolhas, no que eu fui, sou e sempre serei. Tudo o que aprendi de mais bonito veio de você”, escreveu Matteos França em publicação no Instagram após o homicídio.
O filho de Soraya também escreveu: “Você foi mais do que apenas mãe. Foi minha amiga, minha parceira, minha maior encorajadora, incentivadora, minha inspiração, meu amor”.
Na última terça-feira (22/7), em entrevista ao Estado de Minas, Matteos chorou ao falar sobre a relação que tinha com a mãe. Ele chegou a descrevê-la como uma pessoa amorosa, que não tinha desavenças com ninguém. Matteos também afirmou que a família não fazia ideia do que poderia ter acontecido com ela.
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“Estamos esperando alguma resposta. Não consigo expressar o que estamos sentido de outro jeito que não seja perdidos e devastados. Queremos respostas e conseguir que ela descanse em paz”, disse o filho, à reportagem.