CENTRO DE BH

Curiosidades da Praça Sete: o coração simbólico de BH em 10 histórias

Um dos pontos mais icônicos da cidade tem histórias surpreendentes. Listamos algumas delas

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A Praça Sete de Setembro é mais do que um cruzamento central: é memória viva, palco de manifestações políticas, epicentro cultural e referência econômica de Belo Horizonte. Instalada oficialmente em 1922 com a pedra fundamental do obelisco em comemoração ao centenário da independência do Brasil, ela concentra histórias, símbolos e curiosidades que ajudam a entender a cidade.

Inspirada em documentos da Prefeitura de BH e na entrevista com o arquiteto e professor da PUC Minas, Ulisses Morato, esta matéria revela 10 curiosidades surpreendentes sobre a praça mais icônica da cidade.

1. A Praça que mudou de nome

Antes de se chamar Praça Sete de Setembro, o local era conhecido como Praça 14 de Outubro, nome dado em referência à data de criação da Comissão Construtora da Nova Capital, liderada por Aarão Reis. A mudança de nome ocorreu em 1922, durante as comemorações do centenário da Independência do Brasil.

2. O obelisco "viajante" de BH

Popularmente conhecido como "Pirulito", o obelisco comemorativo só foi instalado dois anos após a celebração do centenário da independência, em 1924. Entregue a Belo Horizonte como um presente pelo município de Betim, é composto por 28 peças de granito e mede 13,57 metros de altura. Em 1962, foi removido para dar lugar ao tráfego de carros e acabou abandonado num terreno próximo ao Museu Abílio Barreto. Em 1963, foi reinstalado na Praça Diogo de Vasconcelos (ou Praça da Savassi), retornando à Praça Sete apenas em 1980, após pressão popular.

Entregue à Belo Horizonte como um presente pelo município de Betim, é composto por 28 peças de granito e mede 13,57 metros de altura
Entregue à Belo Horizonte como um presente pelo município de Betim, é composto por 28 peças de granito e mede 13,57 metros de altura Marcos Vieira/EM/D.A.Press

3. A praça já teve outro monumento - e ele foi rejeitado

Com a retirada do obelisco em 1962, a Prefeitura instalou em 1963 o "Monumento aos Fundadores e Construtores de Belo Horizonte", com bustos dos políticos Afonso Pena, Augusto de Lima e Bias Fortes e do engenheiro Aarão Reis. A rejeição popular levou à sua transferência, em 1970, para o Parque Municipal Américo Renné Giannetti, onde permanece até hoje.

4. Um centro de limpeza intensa e constante

A Praça Sete é varrida pelo menos quatro vezes por dia, todos os dias da semana, incluindo domingos e feriados. A lavagem da praça também ocorre diariamente, e a coleta de lixo domiciliar é feita de segunda a sábado à noite. Além disso, adesivos e cartazes ilegais são retirados três vezes por semana e a limpeza de pichações, duas vezes por semana. Estima-se que 660 quilos de lixo são coletados por dia na praça e arredores.

A lavagem da praça também ocorre diariamente, e a coleta de lixo domiciliar é feita de segunda a sábado à noite
A lavagem da praça também ocorre diariamente, e a coleta de lixo domiciliar é feita de segunda a sábado à noite Marcos Vieira/EM/D.A.Press

5. Os quarteirões ganharam nomes de povos indígenas

Os quatro quarteirões fechados ao redor da Praça Sete foram requalificados nas décadas de 1970 e 1990, e receberam os nomes de Krenak, Pataxó, Maxacali e Xacriabá em homenagem a povos indígenas mineiros. O objetivo foi valorizar a diversidade cultural e reforçar o caráter simbólico do espaço público.

"Um concurso público de arquitetura foi promovido para que houvesse o fechamento desses quarteirões. Quatro arquitetos foram escolhidos para fazer intervenções nesses locais. A ideia era essa: Fechar, dar um tratamento, colocar equipamentos, criar espaços de convívio, etc", explica Morato.

6. A praça virou prioridade para pedestres nos anos 1970

Foi quando a Prefeitura decidiu fechar os quarteirões no entorno da praça para veículos, criando áreas exclusivas para pedestres, com bancos, jardins e mobiliário urbano. Essa medida foi vista como uma ruptura com o modelo de cidade centrado no automóvel. "Isso aconteceu devido à demanda da cidade em dar prioridade à espaços para as pessoas circularem ao invés de uma estrutura automobilística", destaca o arquiteto.

7. Um dos primeiros centros financeiros de Minas Gerais

A Praça Sete e seus arredores abrigaram os primeiros bancos de BH, como o Banco Pelotense, de origem gaúcha, o Banco Hipotecário e Agrícola do Estado de Minas Gerais e o Banco da Lavoura. Ao longo do século XX, se consolidou como centro bancário e comercial da cidade, com instituições financeiras importantes e intensa atividade econômica.

8. O obelisco como símbolo de método contraceptivo

Devido à sua visibilidade, o obelisco já foi usado como suporte simbólico para campanhas de saúde pública. Em ações de conscientização sobre o uso de preservativos, o "Pirulito" chegou a ser coberto por um plástico transparente que simulava uma camisinha gigante.

Quando foi inaugurado em 1932, o Cine Brasil, localizado no quarteirão Pataxó, em estilo art déco, era o edifício mais alto da cidade
Quando foi inaugurado em 1932, o Cine Brasil, localizado no quarteirão Pataxó, em estilo art déco, era o edifício mais alto da cidade Marcos Vieira/EM/D.A.Press

9. O edifício do antigo Bemge é hoje o UAI

O prédio onde hoje funciona a Unidade de Atendimento Integrado (UAI), localizada no quarteirão Krenak, foi construído em 1922, projetado pelo italiano Luigi Olivieri, com estilo eclético e materiais importados da Europa. Tombado pelo Iepha/MG desde 1988, o edifício foi sede do Banco do Estado de Minas Gerais entre 1967 e 1998. Sua restauração para abrigar a UAI foi feita com rigor histórico e arquitetônico.

De acordo com Ulisses Morato, a Praça Sete "simboliza o momento em que o projeto urbano de Belo Horizonte buscava afirmar sua modernidade, mas acabou sendo apropriada pela vida pública como um espaço de manifestações e encontros". Para ele, sua importância ultrapassa o urbanismo planejado: "A Praça Sete é um espelho do que a capital mineira se tornou: plural, densa, viva e em constante transformação".

10. O Cine Brasil já foi o ponto mais alto da cidade

Quando foi inaugurado em 1932, o Cine Brasil, localizado no quarteirão Pataxó, em estilo art déco, era o edifício mais alto da cidade. Muitas pessoas subiam ao topo para observar Belo Horizonte do alto, pagando ingresso apenas pela vista. Hoje, o prédio é referência cultural e abriga o Cine Theatro Brasil Vallourec.

"Um fato que eu acho muito lamentável, na minha opinião, é a forma que exista um projeto que prevê que boa parte desses edifícios históricos sejam cobertos por letreiros eletrônicos de anúncio. Ao meu ver é um desrespeito com o patrimônio da cidade - e espero que não haja prosseguimento", desabafa Morato.

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Hoje, o prédio é referência cultural e abriga o Cine Theatro Brasil Vallourec
Hoje, o prédio é referência cultural e abriga o Cine Theatro Brasil Vallourec Marcos Vieira/EM/D.A.Press

11. Placas com mensagens históricas e patrióticas

O obelisco possui quatro placas de bronze. A primeira delas diz: "Monumento Comemorativo do Centenário da Independência Nacional, mandado erigir pelo presidente do Estado, Dr. Raul Soares de Moura. Este obelisco, que se encontrava recolhido no museu da cidade, foi reconstruído e inaugurado em 12-XII-1963 pela administração do Prefeito Jorge Carone Filho".

Já a segunda: "7 de setembro de 1822. 7 de setembro de 1922". A terceira traz a inscrição em latim: "Cultus hoc tibi ponimus. Accipe, patria, signum quae maiorum servas integra nomen, honorem" (Tradução: "Depositamos aqui esta homenagem a ti. Recebe, pátria, este símbolo que conserva intactos o nome e a honra de nossos antepassados"). E a quarta: "Em memória dos grandes e pequenos obreiros da Independência do Brasil".

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