Funcionários do Hospital de Pronto-Socorro (HPS) João XXIII, em Belo Horizonte, denunciam que a falta de macas na unidade tem afetado a rotina de atendimentos aos pacientes. A situação levou o hospital a reter as macas que chegam pelas ambulâncias do Samu e que costumam levar horas para ser liberadas. A chegada do carnaval, período no qual a taxa de ocupação dos hospitais costuma aumentar, tem gerado preocupação aos profissionais da unidade.
Conforme denúncias recebidas pelo Sindicato dos Trabalhadores da Rede Fhemig (Sindpros), a falta de macas para atender o alto volume de pacientes no João XXIII tem acontecido cerca de três vezes por semana, geralmente nos dias de maior procura por atendimento às segundas-feiras e nos fins de semana.
Devido a esta situação, as ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) que chegam à unidade têm ficado com o material retido, pois o hospital não tem macas próprias para transferir os pacientes. Com os equipamentos retidos, as equipes do Samu precisam aguardar antes de atender novos chamados.
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O diretor do Sindpros e funcionário do Hospital João XXIII, Carlos Martins, explica que a situação tem sido mais delicada com os chamados pacientes espontâneos, aqueles que chegam de carro. “A gente improvisa com cadeiras de rodas e de banho. Mesmo sendo de forma inadequada, levamos para o setor para ser atendido”, relata.
Outro improviso feito pelos funcionários é buscar camas de setores fechados. Mesmo sendo inadequado, é a solução encontrada para que os pacientes não precisem ficar esperando e possam receber soro ou fazer exames, como raio-X.
Segundo Martins, o diretor da unidade foi informado no fim do ano passado da escassez de macas e informou que seria feita uma licitação para aquisição do equipamento, o que ainda não ocorreu. De acordo com o sindicalista, o hospital totaliza 28 macas - destas, quatro estariam com defeito, como rodas quebradas, o que dificulta o atendimento. “Por sermos um hospital de portas abertas, que atende todo mundo que chega, deveria ter, no mínimo, de 35 a 40 macas, mesmo que algumas ficassem guardadas de reserva”, detalha.
Posicionamentos
A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) confirmou que macas do Samu ficaram retidas no Hospital João XXIII ao longo da última segunda-feira (17/2) e que os equipamentos foram liberados depois que a Secretaria Municipal de Saúde fez contato com a diretoria da instituição. “Cabe ressaltar que não há falta de macas no Samu da capital”, destacou a PBH, em nota.
O Estado de Minas entrou em contato reiteradas vezes com a assessoria de comunicação da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), que administra o Hospital João XXIII, e pediu um posicionamento sobre a falta de macas e se há previsão de chegada de novos equipamentos, mas não recebeu resposta. A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) também não respondeu os contatos da reportagem.
Demanda
A falta de macas pode ser potencializada nos próximos dias, já que no período de Carnaval aumenta a demanda dos pronto-socorros, tanto pelo aumento no número de turistas na cidade, quanto pelo consumo maior de álcool e drogas. “É inegável que vai aumentar o volume de atendimento, de casos clínicos e pessoas que precisam ficar em observação”, explica Martins.
Outros hospitais da capital têm se preparado para o aumento da demanda no carnaval. O Hospital Risoleta Tolentino Neves, na Região Norte, informou que vai manter o funcionamento pleno durante os dias de festejo. “Para isso, estão sendo avaliadas as escalas das equipes assistenciais e adotadas medidas de recomposição, caso sejam necessárias”, afirmou a unidade.
As Unidades de Pronto Atendimento (UPA) também funcionarão 24 horas por dia, informou a PBH em um comunicado sobre os preparativos para o carnaval. Segundo a prefeitura, dois postos médicos avançados (PMAs) funcionarão na Região Centro-Sul, que concentra a maior parte dos foliões, e darão prioridade para casos de intoxicação, desidratação, hipoglicemia, mal súbito, agressões e pequenos traumas, dentre outros.
As unidades ficarão na Rua Guaicurus, 50, no Centro, e na Rua Domingos Vieira, 488, no Bairro Santa Efigênia. Ainda haverá 28 ambulâncias para atender a população e quatro veículos de prontidão nos PMAs.
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