'PEGOS DE SURPRESA'

Superlotação no Risoleta Neves: pacientes sofrem com longas esperas

Pessoas desavisadas enfrentam horas de espera na unidade, que funciona na Região Norte de BH

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Após limitar temporariamente o atendimento de novos casos, o Hospital Risoleta Tolentino Neves, na Região Norte de Belo Horizonte, pegou pacientes e acompanhantes de surpresa, que, sem aviso prévio, chegaram ao hospital em busca de consulta na manhã desta quarta-feira (22/1). A suspensão ocorreu devido a superlotação da unidade.

Desavisados, pacientes continuavam chegando ao hospital em busca de socorro. Alguns, revoltados, deitavam-se no chão ou gritavam pela falta de suporte. Foi o caso de Paloma Mendes, de 44 anos, que, com um pé quebrado, aguardava em uma cadeira de rodas desde cedo. “Cheguei aqui e ninguém quer saber como a gente está”, desabafou a cuidadora de idosos.

Paloma chegou ao hospital utilizando um aplicativo de transporte, mas enfrentou dificuldades logo na entrada. Segundo ela, o segurança reclamou porque o motorista parou o carro na porta, ignorando sua condição. Sem conseguir arcar com outro transporte, ela ficou presa na unidade, frustrada com a situação. "Eu não tenho condições nem de sair da cadeira de rodas", reclamou.

Nem mesmo os pacientes que já estavam dentro do hospital escaparam das longas esperas. O mecânico Guilherme Augusto Alves de Souza, de 23, contou que levou o irmão, vítima de um acidente, ao Risoleta Neves durante a madrugada. Com uma fratura exposta na perna direita, o jovem chegou à unidade por volta da 1h, gritando de dor. "Eu mesmo tive que colocá-lo na maca, porque não havia ninguém disponível para ajudar", relatou Guilherme, indignado com a demora no atendimento.

Até as 11h desta quarta (22/1), o jovem seguia em uma maca no corredor, sem atendimento, horas depois de ser levado para dentro da unidade. “Desde então, ele está lá, sem notícias. Ainda bem que deixaram a minha mulher entrar de acompanhante, mas eu pergunto e ninguém fala nada”, aponta.

Além da preocupação com o estado do irmão, Guilherme enfrentou outro problema. Enquanto preenchia a documentação do irmão, sua moto foi furtada. "É revoltante para quem trabalha tanto e não tem condição de pagar por saúde. Parece que a gente não tem valor", afirmou.

Horas de espera por atendimento

O Risoleta Neves é referência em atendimento não apenas para os moradores da capital, mas também para regiões próximas e outras cidades da Grande BH.

A aposentada Maria Auxiliadora Lopes, de 69, levou o marido, Inocêncio de Jesus, de 70, após ele piorar de dores na cabeça, ombro e costas, que começaram no último domingo (19/1). Sem confiar no posto de saúde de Ribeirão das Neves, na região metropolitana, o casal foi ao Risoleta em busca de ajuda, sem saber da restrição de atendimentos. “Estou dando medicação por conta própria, mas não resolve. Ele segura a dor por quatro horas só", conta.

Mas, mesmo com a pulseira amarela – indicativo de urgência moderada – ele já aguardava por mais de três horas na fila até o momento em que a aposentada conversou com a reportagem. “Foi uma luta para trazer ele aqui, ele não gosta de hospital. Aí chega aqui e já quer ir embora. O que eu vou fazer com ele em casa desse jeito? Ele já piorou de ontem para cá", relatou.

A aposentada Nelma Nanci Nascimento, de 70, deixou sua casa em Lagoa Santa, também na Grande BH, nas primeiras horas da manhã para acompanhar o marido, de 65, em busca de atendimento no Hospital Risoleta Tolentino Neves. Ele, que é diabético, está com os dedos dos pés inflamados e necessita de uma cirurgia vascular devido ao entupimento das veias.

A saga do casal começou com um encaminhamento feito por um médico particular para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Venda Nova, que, por sua vez, os direcionou ao Risoleta. Ao chegar no hospital, às 7h, ele recebeu a classificação verde e descobriu que não tem previsão de ser atendido. “Ele está aguardando a cirurgia, mas aqui dizem que não têm previsão para atender. Minha cunhada está tentando, de lá da UPA, conseguir um encaminhamento, ver se eles ligam pra cá para conseguir uma vaga", contou.

O que diz o hospital

A direção do Hospital Risoleta Tolentino Neves informou que a unidade enfrenta um cenário de superlotação constante desde 2023. Para amenizar a situação, medidas como reavaliação dos casos, agilização de diagnósticos e liberação de altas seguras estão sendo adotadas.

"O Hospital Risoleta lamenta o desconforto gerado para a população de referência neste momento, mas reafirma seu compromisso de, mesmo diante de todos os desafios, prestar uma assistência aos pacientes com segurança e qualidade", destacou a nota oficial da unidade, que é referência para casos de alta complexidade e emergências, incluindo Acidente Vascular Cerebral (AVC).

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*Estagiária sob supervisão da subeditora Regina Werneck

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