POLÊMICA

Prefeito que proibiu funk já teria impedido alunos de irem ao teatro

Um professor de artes teria oferecido a apresentação de peça gratuita para alunos de escolas municipais da cidade

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O prefeito de Carmo do Rio Claro, na Região Sul de Minas Gerais, Filipe Carielo (PSD), teria impedido que alunos de escolas municipais da cidade fossem a apresentações teatrais. Carielo também proibiu a execução de músicas de funk em escolas municipais e em passeios recreativos com crianças e jovens no município. 


O professor de teatro José Osvaldo de Souza, de 41 anos, conhecido como Vadinho, conta que, em abril do ano passado, ofereceu uma apresentação da peça ‘O pequeno príncipe’ para alunos de escolas da cidade. “Esse projeto era pago. Mas fomos barrados até em fazer a proposta. Tinha até fechado com algumas diretoras, porém, de última hora, foi barrado. Até aí, tudo bem, porque envolvia dinheiro”, comentou. 

“Faz dez anos que sou professor, estou dentro de uma sala de aula. Sei o que pode ou não em uma unidade escolar”, afirma. 


No fim do ano, segundo ele, foi contratado pela Secretaria Regional de Educação de Varginha para coordenar um projeto de teatro em Ilicínea, outra cidade no Sul de Minas. A peça dessa vez era ‘O mágico de Oz’. “Solicitei o auditório para apresentar gratuitamente aos alunos da comunidade escolar - escolas particulares, estaduais e municipais.”


Souza disse que enviou o convite para a Secretaria de Cultura do município, porém não teve retorno. A apresentação aconteceu em 25 de novembro no Auditório Municipal Carmelita Figueiredo Santana.   


De acordo com ele, alunos de uma escola particular e de instituições da rede estadual compareceram ao evento, mas da rede municipal não. “Ele (prefeito) sempre me barra. É perseguição política. Ele alegou que me pediu explicações, mas garanto que ninguém me pediu explicação. Se eles tivessem me pedido o projeto da peça, eu teria passado”, reclama.


Notificação


O professor disse que recebeu uma mensagem da secretária de educação do município justificando a ausência dos alunos. “Além de haver problemas com relação à carga horária mínima de aulas dos alunos, entre outros problemas, a você também teria sido solicitado informações sobre o conteúdo da peça que não teria sido fornecido”, teria dito ela na mensagem enviada.


Souza também reclama que recebeu uma notificação de descumprimento de regras no uso do auditório municipal. O documento afirma que as escolas foram convidadas sem a devida autorização da Secretaria de Educação e que o procedimento foi informado pela Secretaria de Cultura e Turismo. “Tal atitude compromete a organização dos eventos, bem como prejudica a organização da grade de ensino e atividades das escolas da rede pública municipal”, diz um trecho da notificação. 


O documento cita ainda que o desrespeito aos procedimentos pode culminar em penalidades. 


Em nota, a Prefeitura de Carmo do Rio Claro informa, por meio da Secretaria Municipal de Educação, que adota critérios rigorosos na seleção de projetos destinados aos alunos da rede municipal.

"Ressaltamos que não houve qualquer convite, solicitação ou informação prévia por parte do diretor teatral em relação à referida peça. Informamos também que as Secretarias de Educação e de Cultura e Turismo são órgãos independentes, com competências distintas. A utilização do Auditório Municipal é de responsabilidade exclusiva da Secretaria de Cultura e Turismo, não havendo nenhum diálogo prévio entre o diretor teatral e a Secretaria de Educação convidando as escolas municipais", diz.


Proibições


Em dezembro do ano passado, o prefeito Filipe Carielo, declarou que proibiria músicas de funk nos intervalos ou em atividades escolares. 


"O ritmo... Noventa por cento das letras são totalmente impróprias para criança. Nem falo crianças de sete anos, falo 12, 13, 14, 15. Já está na puberdade, e a letra ainda é imprópria para criança. Se 90% daquele ritmo são letras impróprias, mesmo que tiver 10% bons, estou acostumando aquela criança com aquele ritmo que não é legal. Se você pai quer deixar seu filho ouvir funk, que ouça na sua casa", afirmou o político. 

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Já na terça-feira (14/01), o prefeito publicou uma medida proibindo a reprodução de músicas de funk em passeios recreativos com crianças e jovens. No decreto, ele cita a "Carreta Furacão da Alegria", grupo que desfila pela cidade trajando fantasias e performando coreografias e afirma que a proibição se estende a qualquer canção com conteúdo pornográfico ou linguajar obsceno.

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