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IMUNIZAÇÃO

Faltam sete tipos de vacina em mais de 200 cidades mineiras, diz pesquisa

Pesquisa encomendada pela Associação Mineira de Municípios (AMM) aponta que cidades estão com desabastecimento de sete imunizantes

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Uma pesquisa feita em 211 municípios mineiros apontou que 93% deles apresenta falta de vacina contra varicela, a catapora, há, pelo menos, quatro meses. O levantamento foi feito pela Associação Mineira de Municípios (AMM) divulgado nesta sexta-feira (6/9). No início desta semana, o grupo enviou um pedido de explicação ao Ministério da Saúde depois de receber queixas de gestores de cidades mineiras sobre o desabastecimento de, ao menos, sete imunizantes. Os dados apresentados foram coletados com prefeitos e gestores entre os dias 3 e 5 de setembro.

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De acordo com a associação, entre os principais problemas identificados pelos gestores está a dificuldade nas aplicações devido ao desabastecimento crônico de imunizantes específicos. As vacinas que estão em falta, apontadas pelas administrações municipais, são: Varicela, Covid XBB, Meningocócica conjugada grupo C, Hepatite A, Tríplice (DTP), Raiva em cultura celular/vero, Febre Amarela e Meningocócica Conjugada ACWY.

"Estou recebendo de duas a três ligações por dia de prefeitos de várias regiões, informando a falta de vacinas e pedindo apoio. Nosso calendário vacinal está todo furado [...] Todas as crianças que nasceram nesse período estão com algum tipo de imunizante faltando no caderno de vacinação", afirma o prefeito de Coronel Fabriciano e presidente da AMM, Marcos Vinicius Bizarro.

No Brasil, o esquema de vacinação é responsabilidade do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde. O PNI, portanto, é responsável por elaborar um plano para a aquisição dos imunológicos até sua disponibilização nas salas de vacina, assim como o estabelecimento das normas e a definição do público que será imunizado.

Ofício

Na segunda-feira (2/9), a AMM protocolou um ofício cobrando explicações do Ministério. No documento, a associação ainda solicitou informações detalhadas sobre o cronograma de regularização da distribuição dos imunizantes. Quatro dias depois, a entidade explica que a pasta afirmou que a situação será normalizada em até 60 dias. No entanto, Bizarro não acredita que o prazo seja comprido.

“Não acredito que nesse tempo a situação se resolva. Não é apenas um imunizante que está faltando; se fosse, até daria para dizer que seria possível. Mas são sete tipos de vacinas diferentes que envolvem laboratórios e distribuidores distintas”, disse o presidente da AMM. 

Ao Estado de Minas, no dia em que o documento foi encaminhado, o Ministério da Saúde informou que, exceto a vacina Meningo C, não há desabastecimento de nenhuma das vacinas em questão, sendo as demais distribuídas conforme disponibilidade em estoque. A pasta detalha a situação de algumas das vacinas oferecidas (veja abaixo) e afirma que a indisponibilidade é ocasionada por fatores externos. A pasta foi procurada nesta sexta-feira para se pronunciar sobre a pesquisa, mas ainda não respondeu à demanda.

Em caso de indisponibilidade, o Governo Federal recomenda que, assim que possível, o resgate de não vacinados e daqueles com esquema incompleto seja realizado, para fins de continuidade ou início do esquema vacinal, conforme as indicações do Calendário Nacional de Vacinação, de modo a não comprometer a proteção imunológica da pessoa. Além disso, em alguns casos específicos e se houver disponibilidade, podem ser indicados outros imunobiológicos para substituição provisoriamente.

“As vacinas são algumas das moléculas mais complexas já inventadas e os sistemas que as implantam, monitoram e financiam são igualmente complexos. Os aspectos produtivos e logísticos de vacinas são compostos por diversos desafios que se tornam ainda maiores em um Programa de Imunização tão grande quanto o do Brasil”, conclui a pasta.

Situação em BH

A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informou que, no momento, o município está abastecido com doses da vacina Tríplice viral, DTP, Febre Amarela, Hepatite A, Raiva e ACWY. Quando à vacina contra a varicela, BH recebeu cerca de 18 mil doses, de janeiro a março deste ano. Em abril, maio e junho, não foram encaminhadas remessas da vacina para Belo Horizonte. Em julho e agosto, o município recebeu cerca de 5 mil doses, quantidade insuficiente para atender à demanda mensal, que é de 6,5 mil doses.

O órgão municipal afirmou já ter acionado a Secretaria de Estado da Saúde (SES) sobre a situação e não há, até o momento, previsão de recebimento de nova remessa de vacina para reabastecimento das unidades de saúde. Com relação à vacina Meningocócica C, a PBH informou que desde 2023 o município tem aplicado a vacina ACWY, que é mais completa, protegendo contra 4 sorotipos.

Confira qual a situação de cada vacina que está em falta segundo o Ministério da Saúde:

  • Meningo C e Meningo ACWY

Quanto à vacina Meningo C, o estoque está em situação de desabastecimento devido ao fornecedor – a Fundação Ezequiel Dias (Funed), vinculada à Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG) – não estar cumprido com os cronogramas e alterar as entregas de 2024. Tal situação acarreta um aumento não previsto do consumo das vacinas Meningo ACWY, que tem que ser utilizadas para substituir a vacina Meningo C. A vacina ACWY foi distribuída ao estado de MG mensalmente em 2024, na medida que houve demanda.

  • Hepatite A e Febre Amarela

Por problemas de controle de qualidade, houve atraso no cumprimento do cronograma de entregas, levando à restrição da distribuição aos estados. Com relação à vacina contra febre amarela, o fornecedor adquiriu emergencialmente, via compra internacional, as doses que estão sendo entregues ao MS, a previsão de normalização do estoque é até dezembro de 2024, segundo a Fiocruz.

  • Raiva

O contrato já está assinado, e as entregas estão sendo executadas pelo fornecedor. Há o planejamento de distribuição imediata das doses ainda esta semana se houver liberação positiva pelo Instituto de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz).

  • Vacina Varicela

Frente aos obstáculos regulatórios e de fabricação enfrentados, uma compra emergencial de vacinas contra varicela foi realizada no fim de 2023, por meio do Fundo Rotatório da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), com entregas previstas para os próximos meses. Simultaneamente, está em curso o processo de aquisição regular para o atendimento da demanda de 2024. A consulta aos laboratórios nacionais revelou que apenas um tem capacidade de fornecer a vacina no segundo semestre de 2024. A produção limitada desta vacina, tanto no mercado nacional quanto no internacional, impede a imediata regularização dos estoques e a plena disponibilidade para os usuários do SUS. O reestabelecimento está previsto para o primeiro semestre de 2025.

  • Tríplice Viral

Devido a algumas intercorrências na entrega e liberação do produto pelo laboratório produtor, a distribuição está contingenciada. O Ministério da Saúde realizou uma compra emergencial via OPAS para suprir a demanda dos estados. As doses estão sendo entregues ao MS e a previsão de normalização do estoque é para dezembro de 2024, ocorrendo o envio de doses acordado com o fornecedor.

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