
MG: municípios pedem resposta do Ministério da Saúde sobre falta de vacinas
A Associação Mineira de Municípios (AMM) enviou um pedido de explicação após receber diversas queixas sobre a falta de imunizantes nos postos de saúde
Mais lidas
compartilhe
Siga noA Associação Mineira de Municípios (AMM) enviou um pedido de explicação ao Ministério da Saúde depois de receber diversas queixas de gestores de municípios mineiros sobre a falta de vacinas nos postos de saúde. A demanda foi enviada nesta segunda-feira (2/9), mas as reclamações vêm sendo recebidas há mais de 90 dias.
Siga nosso canal no WhatsApp e receba em primeira mão notícias relevantes para o seu dia
Segundo apuração da equipe técnica da AMM, estão em falta as vacinas Tríplice Viral, Hepatite A, Febre Amarela, Varicela, Raiva em cultura celular/vero, Meningocócica Conjugada grupo C e Meningocócica Conjugada ACWY.
"Estou recebendo de duas a três ligações por dia de prefeitos de várias regiões, informando a falta de vacinas e pedindo apoio. O nosso calendário vacinal está todo furado", afirma o médico e prefeito de Coronel Fabriciano, Dr. Marcos Vinicius.
Ele ainda destaca a preocupação com as crianças. "Os recém-nascidos precisam tomar as vacinas em tempo determinado e depois também os reforços. Se a primeira dose é aplicada no tempo correto e depois há atraso, isso gera uma bagunça e prejudica a saúde. Cria-se um caos na imunização do estado", acrescenta. Segundo o prefeito, a situação já dura mais de 90 dias e está se agravando.
02/09/2024 - 17:19 MG: 562 cidades têm previsão de clima mais seco que deserto 02/09/2024 - 17:30 MG: Corpo de Bombeiros registra 1.155 incêndios durante o fim de semana 02/09/2024 - 18:18 Vídeo: homem coloca fogo em parque e é flagrado por câmera
A política de vacinação no Brasil é responsabilidade do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde. O PNI, portanto, é responsável por elaborar um plano para a aquisição dos imunológicos até sua disponibilização nas salas de vacina, assim como o estabelecimento das normas e a definição do público que será imunizado.
"A função do estado é apenas a logística de distribuição, enquanto o município é responsável pela execução, ou seja, pela aplicação da vacina. Quem tem a obrigação de produzir, entregar ou comprar é o Ministério da Saúde", ressalta Marcos.
A AMM protocolou um ofício, enviado nesta segunda-feira (2/9), cobrando explicações do Ministério. No documento, a associação ainda solicitou: "Pedimos informações detalhadas sobre o cronograma de regularização da distribuição dessas vacinas, a fim de que possamos comunicar, adequadamente, às administrações municipais para que organizem de forma eficiente as equipes locais de saúde".
"A AMM aguarda retorno do Ministério da Saúde informando a normatização da aquisição e distribuição das vacinas para o planejamento de aplicação à população pelos municípios mineiros", concluiu a organização.
Ao Estado de Minas, o Ministério da Saúde informou que, exceto a vacina Meningo C, não há desabastecimento de nenhuma das vacinas em questão, sendo as demais distribuídas conforme disponibilidade em estoque. A pasta detalha a situação de algumas das vacinas oferecidas (veja abaixo) e afirma que a indisponibilidade é ocasionada por fatores externos.
Em caso de indisponibilidade, o Ministério da Saúde recomenda que, assim que possível, o resgate de não vacinados e daqueles com esquema incompleto seja realizado, para fins de continuidade ou início do esquema vacinal, conforme as indicações do Calendário Nacional de Vacinação, de modo a não comprometer a proteção imunológica da pessoa. Além disso, em alguns casos específicos e se houver disponibilidade, podem ser indicados outros imunobiológicos para substituição provisoriamente.
“As vacinas são algumas das moléculas mais complexas já inventadas e os sistemas que as implantam, monitoram e financiam são igualmente complexos. Os aspectos produtivos e logísticos de vacinas são compostos por diversos desafios que se tornam ainda maiores em um Programa de Imunização tão grande quanto o do Brasil”, conclui a pasta.
Confira o detalhamento das vacinas:
Meningo C e Meningo ACWY
Quanto à vacina Meningo C, o estoque está em situação de desabastecimento devido ao fornecedor – a Fundação Ezequiel Dias (Funed), vinculada à Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES/MG) – não estar cumprido com os cronogramas e alterar as entregas de 2024. Tal situação acarreta um aumento não previsto do consumo das vacinas Meningo ACWY, que tem que ser utilizadas para substituir a vacina Meningo C. A vacina ACWY foi distribuída ao estado de MG mensalmente em 2024, na medida que houve demanda.
Hepatite A e Febre Amarela
Por problemas de controle de qualidade, houve atraso no cumprimento do cronograma de entregas, levando à restrição da distribuição aos estados. Com relação à vacina contra febre amarela, o fornecedor adquiriu emergencialmente, via compra internacional, as doses que estão sendo entregues ao MS, a previsão de normalização do estoque é até dezembro de 2024, segundo a Fiocruz.
Raiva
O contrato já está assinado e as entregas estão sendo executadas pelo fornecedor. Há o planejamento de distribuição imediata das doses ainda esta semana se houver liberação positiva pelo Instituto de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz).
Vacina Varicela
Frente aos obstáculos regulatórios e de fabricação enfrentados, uma compra emergencial de vacinas contra varicela foi realizada no final de 2023, por meio do Fundo Rotatório da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS), com entregas previstas para os próximos meses. Simultaneamente, está em curso o processo de aquisição regular para o atendimento da demanda de 2024. A consulta aos laboratórios nacionais revelou que apenas um tem capacidade de fornecer a vacina no segundo semestre de 2024. A produção limitada desta vacina, tanto no mercado nacional quanto no internacional, impede a imediata regularização dos estoques e a plena disponibilidade para os usuários do SUS. O reestabelecimento está previsto para o primeiro semestre de 2025.
Tríplice Viral
Devido a algumas intercorrências na entrega e liberação do produto pelo laboratório produtor, a distribuição está contingenciada. O Ministério da Saúde realizou uma compra emergencial via OPAS para suprir a demanda dos estados. As doses estão sendo entregues ao MS e a previsão de normalização do estoque é para dezembro de 2024, ocorrendo o envio de doses acordado com o fornecedor.
O que a PBH diz
A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) informou que no momento o município está abastecido com doses da vacina Tríplice viral, DTP, Febre Amarela, Hepatite A, Raiva e ACWY.
Já a vacina contra a varicela, BH recebeu cerca de 18 mil doses, de janeiro a março deste ano. Em abril, maio e junho não foram encaminhadas remessas da vacina para Belo Horizonte. Em julho e agosto, o município recebeu cerca de 5 mil doses, quantidade insuficiente para atender à demanda mensal, que é de 6,5 mil doses.
O órgão municipal afirmou já ter acionado a Secretaria de Estado da Saúde (SES) sobre a situação e não há, até o momento, previsão de recebimento de nova remessa de vacina para reabastecimento das unidades de saúde.
Com relação à vacina Meningocócica C, a PBH informou que desde 2023 o município tem aplicado a vacina ACWY, que é mais completa, protegendo contra 4 sorotipos.
O Estado de Minas procurou a Secretaria de Estado de Saúde (SES) sobre a falta das vacinas, o motivo e a previsão de regularização, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto, e a matéria será atualizada quando houver pronunciamentos.