Agentes da PBH fiscalizaram um ferro velho a céu aberto no Conjunto Taquaril na manhã desta segunda (18/3) -  (crédito: Edésio Ferreira/EM/DA Press)

Agentes da PBH fiscalizaram um ferro velho a céu aberto no Conjunto Taquaril na manhã desta segunda (18/3)

crédito: Edésio Ferreira/EM/DA Press

A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) realizou, na manhã desta segunda-feira (18/3), a retirada de carcaças de veículos e móveis de um desmanche a céu aberto em uma área de preservação no Conjunto Taquaril, na Região Leste de Belo Horizonte. Além dos transtornos relacionados ao descarte indevido de materiais, a situação é agravada pela atual epidemia de dengue, visto que o local propicia a proliferação do aedes aegypti, mosquito transmissor da doença.

 

A Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) retirou do local cerca de 25 toneladas de resíduos, incluindo entulho, lixo e pequenos volumes. 

 

 

De acordo com a líder comunitária do bairro, Maria Thereza de Oliveira, moradores da região já realizaram inúmeras denúncias à Prefeitura. Embora o órgão municipal tenha notificado e multado os responsáveis pelo descarte inadequado, o cenário volta a se repetir. Segundo Maria Thereza, a própria população se apropriou do local, que é público, para jogar lixo e entulho.

 

 

“Já foi gasto muito dinheiro público com o Conjunto Taquaril para tirar essas famílias da área de preservação ambiental. Aqui tem duas nascentes e eles (populares que descartam lixo de forma irregular) não obedecem, então é preciso que haja esse tipo de ação com rigor”, relata a funcionária pública, que apoia as ações da prefeitura no local.

 

Maria Thereza de Oliveira, líder comunitária do Conjunto Taquaril

Maria Thereza de Oliveira, líder comunitária do Conjunto Taquaril

Edésio Ferreira/EM/DA Press

 

Além de Maria Thereza, outros moradores desejam melhorias para a região. Segundo relatos, os populares se incomodam com o depósito a céu aberto e ficam indignados com a repetição do descaso por parte da própria população.

 

 

Segundo agentes da PBH, este é um desafio muito grande que os fiscais encontram ali e em outras áreas da cidade. Mesmo com o trabalho de conscientização e de limpeza realizado pelo poder municipal, o ciclo acaba retornando. A expectativa é de que, com a transformação do local em uma área de lazer, o ciclo se encerre.

 

Os agentes iniciaram a remoção e a limpeza de toda essa área nesta segunda. Na sequência, vão iniciar algo que a comunidade solicitou: que o ambiente seja utilizado para beneficiar os próprios residentes com a construção de algum parque ou academia de ginástica.

 

 

“Nós temos aqui dois cenários: um espaço público que vem sendo utilizado por algumas pessoas para acúmulo de materiais, de pneu, de restos de carro, de resto de eletrodoméstico, e todos esses materiais acumulam água. Então nós vamos fazer aqui a ação de limpeza”, disse Elson Junior, coordenador da Regional Leste.

 

 

Ao mesmo tempo, uma loja que funciona como ferro velho ao lado do espaço será alvo de ação fiscal da Vigilância Sanitária, no intuito de combater os focos do aedes aegypti, que já foram identificados. Além disso, a Polícia Civil (PC) vai fazer uma análise de procedência de peças e outros materiais do ferro velho. 

Além disso, donos de três carros em situação de abandono foram notificados pela BHTrans e dois veículos foram catalogados e vão receber a notificação. Os proprietários têm cinco dias para retirá-los, caso contrário, serão removidos para o pátio da BHtrans. O dono tem 60 dias, contados da data de remoção, para fazer a retirada do espaço. Vencido esse prazo, o carro é levado a leilão.

 

Saúde pública

 

Desde o dia 17 de fevereiro o prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), declarou estado de emergência em saúde na capital devido ao contágio da dengue. A Região Leste acumula 5.155 de casos suspeitos da doença e 699 confirmações, segundo boletim divulgado pela Secretaria de Saúde Municipal na última terça-feira (12/3).

 

Devido à grande incidência da dengue na região, além de outras doenças transmitidas pelo mesmo mosquito (zika e chikungunya), a ação é de extrema importância. A líder comunitária do Conjunto Taquaril, inclusive, cita a epidemia para enfatizar a relevância da ação na área.

 

“Nós estamos em um momento de dengue, como vocês estão vendo. Os carros velhos guardam muita água. Tem muita criação de porco também. É vasilha de água pra porco”, disse Maria Thereza, que se preocupa com a água parada e com a proliferação de ratos e baratas no local.

 

 

O coordenador da regional também manifestou preocupação com a situação e ressaltou a importância do cuidado com a saúde pública, mas lembrou que a maioria dos focos do mosquito se encontram na área privada.

 

“Embora essa ação hoje seja numa área pública, a maioria dos focos do mosquito estão nas residências. Mais de 80% dos focos estão nas residências. É preciso também que as pessoas estejam de olho nos pratinhos, que estejam de olho nas calhas das próprias casas, para que a gente possa vencer essa guerra contra a dengue”, afirma Elson Junior.