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Filme 'O filho de mil homens' é destaque na Netflix

Com Rodrigo Santoro no papel do pescador Crisóstomo, adaptação da obra homônima de Valter Hugo Mãe conta a história um homem conectado com a natureza

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Atormentado, Rodrigo Santoro se ajoelha sobre a areia da praia. A maré sobe e a ventania voa pela noite. É quando seu personagem, Crisóstomo, leva uma concha ao ouvido e escuta sons que amenizam as forças naturais. Ela solta uma luz mística e o protagonista de "O filho de mil homens" se deita e decide sonhar.

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A adaptação da obra homônima de Valter Hugo Mãe, já disponível na Netflix, levou o ator até Búzios para interagir com elementos mágicos da natureza. Meses antes, "O último azul", de Gabriel Mascaro, levou Santoro pelo Amazonas, onde o barqueiro Cadu, seu personagem, encontra um caracol que o deixa ver o futuro.


"Por ter crescido solitário, Crisóstomo é um homem profundamente conectado com a natureza. Ele é livre de vícios e códigos impostos pela sociedade. Logo, é alguém muito puro, mas longe de ser fraco. Pelo contrário, ele é extremamente forte. Afinal, a natureza é a nossa grande professora", afirma o artista.


Segundo ele, as filmagens de Mascaro pela Amazônia o ajudaram a entender melhor a grandiosidade da floresta que é pauta global. Entre as lições, traz ainda uma máxima do lutador Bruce Lee – "seja água". "A água pode ter muita força, mas pode também ter muita leveza. Há algo de filosófico sobre sua fluidez."


Até a realização do filme, a trama de Mãe era tida impossível de se colocar em imagens. Isolado da vila onde mora, o pescador Crisóstomo passa os dias com um boneco de pano. Ele sonha com a chance de trocá-lo por um garoto de verdade. É o mesmo desejo que o autor trouxe à Flip em 2011, quando comoveu os presentes e se consagrou entre os brasileiros. O personagem teve mais sorte do que o seu criador.


Quando o destino reúne Crisóstomo e um órfão de 12 anos, ele ajuda o garoto a repensar suas visões de mundo. Criado pelo avô conservador, o menino se insere em um núcleo pouco convencional. O diretor Daniel Rezende faz coro a essa ideia de maleabilidade das normas sociais.


"É comum que nossas visões de mundo sejam formadas por conceitos muito enrijecidos. 'O filho de mil homens' nos leva a remoldar uma série de conceitos fundamentais, como a ideia de família e de paternidade", afirma o cineasta, que se diz apaixonado pela criação de universos que não existem.

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Em 2019, Rezende deu vida ao Bairro do Limoeiro e levou a Turma da Mônica, desta vez em carne e osso, para as salas de cinema. Seis anos após o primeiro live-action baseado nas HQs de Mauricio de Sousa, ele encontrou nas palavras de Mãe novos motivos para fantasiar. Nem por isso deixa a magia apagar o real.


REALISMO MÁGICO

"Gosto de abandonar a realidade para que possamos pensar sobre a realidade. Faço cinema para que as pessoas possam sonhar para ver se depois elas acordam." Ele descreve o realismo mágico como um berço para se observar a humanidade. Junto à adaptação da Netflix e o longa de Gabriel Mascaro, "O agente secreto", escolhido para representar o Brasil no próximo Oscar, também mistura realismo e fantasia ao sobrepor gêneros como a ação e o suspense aos dramas provocados pela ditadura militar.


"Temos uma dificuldade enorme em olhar para nós mesmos. Aquilo que é retratado de forma muito cruel e realista costuma nos afastar. Não queríamos que o realismo mágico tomasse conta da narrativa do filme. Queríamos que ele ditasse o ambiente que conecta essas personagens a si mesmas", diz Rezende.

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A casa de Crisóstomo, onde não há portas e a luz solar atravessa todas as janelas, convida ainda Isaura, vivida por Rebeca Jamir, a entrar na vida do protagonista. Ao fugir de um casamento arranjado, ela vê no pescador uma chance de recomeçar. A produção também dá destaque ao marido deixado para trás, vivido por Johnny Massaro –malvisto pela mãe religiosa, ele reprime a atração que sente por outros homens.


O roteiro divide o filme em capítulos e encontra tempo para cada um dos pobres coitados. O resultado é uma estrutura que reúne diferentes ideias de papéis sociais. "Penso que a arte tem o dever de imaginar outros mundos. Quando cresci, as referências que eu tinha do masculino eram Rocky e Rambo. Eu queria que o Crisóstomo fosse uma referência para as próximas gerações."


Para entrar na cabeça do personagem, Santoro escolheu a meditação. O processo exigiu horas de silêncio e quilômetros de andanças com os pés descalços. O ator precisava se afastar do caos da vida moderna.

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"Ele é o oposto do Rodrigo que vive nessa sociedade agitada, cheia de distrações. Crisóstomo é um exercício de presença. Ele tem os olhos de quem realmente quer enxergar. É alguém presente, disposto a se relacionar com o que quer que esteja em sua frente. Sua generosidade lembra a de uma criança." (Davi Galantier Krasilchik) 


“O FILHO DE MIL HOMENS”
• Disponível na Netflix
• Elenco: Rodrigo Santoro, Rebeca Jamir, Johnny Massaro
• Produção: Brasil, 2025
• Direção: Daniel Rezende

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