MÁS CONDIÇÕES DE TRABALHO E ATRASO NO PAGAMENTO

Produção de filme sobre Bolsonaro é alvo de denúncias de agressões

Figurantes e técnicos relatam agressões, comida estragada, atrasos de pagamento e práticas irregulares durante as gravações realizadas em São Paulo

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A produção do filme “Dark Horse, que retrata o atentado a faca contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), está sendo acusada de agressões, dificuldades estruturais e más condições de trabalho. Os relatos são de figurantes, atores e técnicos que participaram das gravações entre outubro e novembro de 2025, em São Paulo (SP). As informações foram divulgadas inicialmente pela Revista Fórum e confirmadas pelo Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões de São Paulo (Sated-SP).

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Dirigido pelo cineasta Cyrus Nowrasteh, “Dark Horse" tem o ator norte-americano Jim Caviezel no papel principal e conta com a participação do ex-secretário de Cultura Mário Frias, escalado para interpretar o personagem Dr. Álvaro. Uma versão preliminar do roteiro obtida pela imprensa descreve cenas de ação ambientadas na Amazônia, envolvendo confrontos com cartéis de drogas e a presença de indígenas e xamãs.

Os atores Eddie Finlay, Marcus Ornellas e Sergio Barreto serão, respectivamente, Eduardo, Flávio e Carlos Bolsonaro em filme de longa metragem, 'O Azarão'
Os atores Eddie Finlay, Marcus Ornellas e Sergio Barreto serão, respectivamente, Eduardo, Flávio e Carlos Bolsonaro em filme de longa metragem, 'O Azarão' Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram - Reprodução/site Sérgio Barreto

Um dos depoimentos mais graves é o do ator e figurante Bruno Henrique. Ele afirma ter sido agredido por membros da equipe de segurança da produção durante uma diária no Memorial da América Latina, no dia 21 de novembro. Segundo Bruno, a equipe proibiu o uso de celulares no set, mas não teria oferecido um local seguro para guardar os aparelhos. Diante disso, ele decidiu entrar com o celular. Ao ser abordado na revista, afirma ter sido arrastado, empurrado e expulso do espaço por um segurança estrangeiro.

“Esse americano que tomou a blusa em que o celular estava da minha mão veio, grudou no meu braço, me jogou para fora do local. (..) O segurança deu um tapa na minha mão e veio para cima de mim para me dar um soco. (…) Ele me deu um soco e, inclusive, eu fiz corpo de delito. Eu estava de óculos e, quando desci para pegar, ele me deu uma rasteira”, disse.

Comida estragada e atrasos em pagamentos

Bruno também denuncia problemas relacionados à alimentação e aos pagamentos. De acordo com ele, figurantes chegaram a comer comida estragada no set e, em alguns casos, trabalhadores foram impedidos de sair por tanto tempo que acabaram fazendo necessidades nas próprias roupas.

Outra denúncia é que o elenco brasileiro recebia um “kit lanche” como única forma de alimentação pelas mais de 8h de trabalhado. Enquanto a equipe estrangeira tinha direito a café da manhã, almoço e lanche da tarde liberado. 

O Sated-SP informou que abriu um dossiê reunindo relatos recebidos pelos canais oficiais do sindicato. O material aponta possíveis irregularidades na contratação, incluindo atrasos de cachê e orientações para que figurantes pagassem R$ 10 pelo transporte até as locações — valor que seria descontado do pagamento ou exigido antecipadamente. 

Além disso, profissionais relatam que direitos de imagem e voz teriam sido oferecidos por valores muito abaixo do padrão do mercado, com cachês entre R$ 100 e R$ 170. A empresa responsável pelo recrutamento afirma que os valores pagos seriam de R$ 150 a R$ 250 e negou irregularidades.

Os sindicatos que representam técnicos e artistas afirmam que a produção não seguiu parâmetros das convenções coletivas brasileiras.

O Sindcine lembra que produções estrangeiras devem apresentar contratos de trabalho, cumprir regras nacionais, garantir registro da equipe brasileira e estrangeira e recolher uma taxa de 10% ao fundo social do sindicato. A presidenta da entidade, Sonia Santana, criticou a postura da equipe internacional. “Posturas do tipo ‘o dinheiro é gringo, mandamos nós, é do nosso jeito’ não são aceitáveis no Brasil”, declarou à Fórum. 

A presidenta do Sated-SP, Rita Teles, reforçou a gravidade das denúncias e cobrou maior fiscalização do Ministério do Trabalho. “É inadmissível lidar com esse volume de denúncias de uma produção que vem de fora do país, não cumpre a legislação local, não apresenta os contratos de trabalho, e isso gera uma insegurança muito grande”.

O Estado de Minas tentou contato com a GoUp Entertainment, responsável pela produção de “Dark Horse” no Brasil. Até o momento, não obteve resposta. O espaço segue aberto para qualquer manifestação. 

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A J&D Produções, empresa encarregada da seleção de elenco, negou qualquer irregularidade. “Por questões contratuais, estamos impedidos de comentar sobre os trabalhos em andamento. Quanto às demais questões, estamos à disposição, reafirmando que sempre trabalhamos dentro das melhores práticas do mercado e de acordo com toda a legislação pertinente”, informou, em nota, ao Sindicato.

 

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