Formada pela UFMG, atua no jornalismo desde 2014 e tem experiência como editora e repórter. Trabalhou na Rádio UFMG e na Faculdade de Medicina da UFMG. Faz parte da editoria de Distribuição de Conteúdo / Redes Sociais do Estado de Minas desde 2022
Filme "Dark Horse", que retrata o atentado a faca contra Bolsonaro, está sendo acusada de agressões, dificuldades estruturais e más condições de trabalho. crédito: Ton Molina/STF
A produção do filme “Dark Horse”, que retrata o atentado a faca contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), está sendo acusada de agressões, dificuldades estruturais e más condições de trabalho. Os relatos são de figurantes, atores e técnicos que participaram das gravações entre outubro e novembro de 2025, em São Paulo (SP). As informações foram divulgadas inicialmente pela Revista Fórum e confirmadas pelo Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões de São Paulo (Sated-SP).
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Dirigido pelo cineasta Cyrus Nowrasteh, “Dark Horse" tem o ator norte-americano Jim Caviezel no papel principal e conta com a participação do ex-secretário de Cultura Mário Frias, escalado para interpretar o personagem Dr. Álvaro. Uma versão preliminar do roteiro obtida pela imprensa descreve cenas de ação ambientadas na Amazônia, envolvendo confrontos com cartéis de drogas e a presença de indígenas e xamãs.
Os atores Eddie Finlay, Marcus Ornellas e Sergio Barreto serão, respectivamente, Eduardo, Flávio e Carlos Bolsonaro em filme de longa metragem, 'O Azarão' Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram - Reprodução/site Sérgio Barreto
Um dos depoimentos mais graves é o do ator e figurante Bruno Henrique. Ele afirma ter sido agredido por membros da equipe de segurança da produção durante uma diária no Memorial da América Latina, no dia 21 de novembro. Segundo Bruno, a equipe proibiu o uso de celulares no set, mas não teria oferecido um local seguro para guardar os aparelhos. Diante disso, ele decidiu entrar com o celular. Ao ser abordado na revista, afirma ter sido arrastado, empurrado e expulso do espaço por um segurança estrangeiro.
“Esse americano que tomou a blusa em que o celular estava da minha mão veio, grudou no meu braço, me jogou para fora do local. (..) O segurança deu um tapa na minha mão e veio para cima de mim para me dar um soco. (…) Ele me deu um soco e, inclusive, eu fiz corpo de delito. Eu estava de óculos e, quando desci para pegar, ele me deu uma rasteira”, disse.
Bruno também denuncia problemas relacionados à alimentação e aos pagamentos. De acordo com ele, figurantes chegaram a comer comida estragada no set e, em alguns casos, trabalhadores foram impedidos de sair por tanto tempo que acabaram fazendo necessidades nas próprias roupas.
Outra denúncia é que o elenco brasileiro recebia um “kit lanche” como única forma de alimentação pelas mais de 8h de trabalhado. Enquanto a equipe estrangeira tinha direito a café da manhã, almoço e lanche da tarde liberado.
O Sated-SP informou que abriu um dossiê reunindo relatos recebidos pelos canais oficiais do sindicato. O material aponta possíveis irregularidades na contratação, incluindo atrasos de cachê e orientações para que figurantes pagassem R$ 10 pelo transporte até as locações — valor que seria descontado do pagamento ou exigido antecipadamente.
Além disso, profissionais relatam que direitos de imagem e voz teriam sido oferecidos por valores muito abaixo do padrão do mercado, com cachês entre R$ 100 e R$ 170. A empresa responsável pelo recrutamento afirma que os valores pagos seriam de R$ 150 a R$ 250 e negou irregularidades.
Os sindicatos que representam técnicos e artistas afirmam que a produção não seguiu parâmetros das convenções coletivas brasileiras.
O Sindcine lembra que produções estrangeiras devem apresentar contratos de trabalho, cumprir regras nacionais, garantir registro da equipe brasileira e estrangeira e recolher uma taxa de 10% ao fundo social do sindicato. A presidenta da entidade, Sonia Santana, criticou a postura da equipe internacional. “Posturas do tipo ‘o dinheiro é gringo, mandamos nós, é do nosso jeito’ não são aceitáveis no Brasil”, declarou à Fórum.
A presidenta do Sated-SP, Rita Teles, reforçou a gravidade das denúncias e cobrou maior fiscalização do Ministério do Trabalho. “É inadmissível lidar com esse volume de denúncias de uma produção que vem de fora do país, não cumpre a legislação local, não apresenta os contratos de trabalho, e isso gera uma insegurança muito grande”.
O Estado de Minas tentou contato com a GoUp Entertainment, responsável pela produção de “Dark Horse” no Brasil. Até o momento, não obteve resposta. O espaço segue aberto para qualquer manifestação.
A J&D Produções, empresa encarregada da seleção de elenco, negou qualquer irregularidade. “Por questões contratuais, estamos impedidos de comentar sobre os trabalhos em andamento. Quanto às demais questões, estamos à disposição, reafirmando que sempre trabalhamos dentro das melhores práticas do mercado e de acordo com toda a legislação pertinente”, informou, em nota, ao Sindicato.
O diretor Guillermo del Toro, 61, criticou o emprego da inteligência artificial (IA) no cinema ao ser homenageado com o Vanguard Tribute por seu novo longa, Frankenstein, durante o Gotham Awards, em 1/12/2025. Ele subiu ao palco na companhia de Jacob Elordi, que interpreta a Criatura, e Oscar Isaac, que faz o papel de Victor Frankenstein. Divulgação
Ao fim do discurso no Cipriani Wall Street, em Nova York, no qual agradeceu à toda equipe, o premiado cineasta mandou na lata: "f*** a IA". Em outubro, del Toro já havia subido o tom ao destacar que "preferia morrer" a utilizar IA generativa em seus filmes. Reprodução do Flickr Gage Skidmore
Em outra ocasião, durante entrevista ao podcast Fresh Air, da NPR, ele foi perguntado se utilizou tecnologia em sua nova versão de Frankenstein: “IA, sobretudo a generativa, não desperta meu interesse e nunca despertará. Aos 61 anos, espero continuar indiferente até o último dia da minha vida”, declarou. Reprodução do Instagram @gdtreal
“Frankenstein”, novo longa-metragem de Guillermo del Toro, entrou em cartaz nos cinemas em 23/10/2025. A produção apresenta o universo gótico e visceral que é uma marca registrada de Del Toro.
Divulgação
O filme, que chegou primeiro às telonas e tem previsão de entrada no catálogo da Netflix em 7 de novembro, é a realização de um sonho antigo do cineasta mexicano, que há décadas acalenta o desejo de revisitar o mito criado pela escritora Mary Shelley sob sua ótica particular.
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“Frankenstein”, segundo o próprio diretor, é o filme que ele sempre quis fazer. No Festival de Veneza, onde foi ovacionado, del Toro afirmou que a sua produção tem traços autobiográficos. Entre os destaques do elenco estão ainda Mia Goth, como Elizabeth Lavenza, e Christoph Waltz no papel de Heinrich Harlander.
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Nascido em 9 de outubro de 1964, em Guadalajara, no México, Guillermo del Toro Gómez cresceu entre livros de terror, histórias em quadrinhos e filmes de monstros.
Cronos /Wikimédia Commons
Ele estudou cinema na Universidade de Guadalajara e, antes mesmo de dirigir seu primeiro longa, fundou uma empresa de efeitos especiais chamada Necropia, onde começou a desenvolver a habilidade que mais tarde se tornaria sua marca: dar vida a seres fantásticos com textura, realismo e emoção.
Manuel Bartual /Wikimédia Commons
Em 1993, Del Toro dirigiu seu primeiro longa, “Cronos”, que foi um sucesso de crítica e venceu nove prêmios no México, além de conquistar o Grande Prêmio da Semana da Crítica no Festival de Cannes.
Reprodução do Flickr BIFFF Festival
O reconhecimento internacional abriu as portas de Hollywood, onde ele realizou “Mimic”, em 1997, um terror urbano sobre baratas mutantes que teve Mira Sorvino no papel principal.
Gage Skidmore/Wikimédia Commons
Depois de retornar ao cinema de língua espanhola com “A Espinha do Diabo”, ambientado na Guerra Civil Espanhola, Del Toro consolidou o estilo que o tornaria único: uma fusão entre horror e melancolia, realismo histórico e fantasia.
Reprodução do Flickr Dominic Dobrzensky
Já “O Labirinto do Fauno” conquistou três Oscars - Fotografia, Direção de Arte e Maquiagem - e consagrou o diretor como um autor de voz inconfundível - alguém capaz de transformar o terror em poesia.
- Reprodução do Youtube Canal Dieck Docs
Entre esses dois momentos, Del Toro também se aventurou em produções de grande orçamento, mas sem abandonar seu olhar autoral. Dirigiu “Blade 2” e “Hellboy”, adaptando para o cinema o personagem das HQs de Mike Mignola.
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Em “Hellboy 2: O Exército Dourado”, de 2008, ampliou essa dimensão visual e emocional, construindo mundos de beleza detalhista e criaturas de aparência assustadora, mas de alma sensível.
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Nos anos seguintes, Del Toro seguiu transitando entre o épico e o íntimo. Em “Círculo de Fogo”, de 2013, prestou homenagem aos filmes de monstros japoneses e à cultura dos robôs gigantes.
Reprodução do Instagram @gdtreal
A consagração definitiva viria em 2007, com “A Forma da Água”, um conto de fadas para adultos que lhe rendeu quatro Oscars, incluindo Melhor Diretor e Melhor Filme.
Reprodução do Youtube Canal Dieck Docs
A história de amor entre uma mulher muda e uma criatura aquática sintetiza a visão de mundo de Del Toro: o monstro é sempre o espelho da humanidade, e o amor, sua forma mais revolucionária.
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Nesse mesmo espírito, o cineasta se aventurou na animação em stop-motion com “Pinóquio”, de 2022, vencedor do Oscar de Melhor Animação, em que reinterpreta a clássica fábula sob o prisma da desobediência, da dor e da ternura.
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Del Toro também tem uma sólida trajetória como produtor. Ele se consolidou como um dos grandes incentivadores do cinema fantástico contemporâneo, especialmente de novos talentos da América Latina e da Espanha.
Reprodução do Youtube Canal Dieck Docs
Produziu obras marcantes como “O Orfanato”, de J. A. Bayona, que se tornou um dos maiores sucessos do terror espanhol moderno, e “Não Tenha Medo do Escuro”, de 2010, refilmagem de um clássico da década de 1970, em que atuou como roteirista e produtor.
Boungawa/Wikimédia Commons
Sua atuação nos bastidores também se estende a projetos como “Mama”, de 2013, dirigido por Andy Muschietti, e “O Conto dos Contos”, de Matteo Garrone, ambos marcados por atmosferas góticas e pela presença constante da fábula como forma de explorar o medo e a inocência.
Reprodução do Flickr Festival Internacional de Cine en Guadalajara
Na vida pessoal, o diretor mexicano casou-se em 1986 com Lorenza Newton, com quem teve duas filhas. A separação do casal aconteceu em 2018. Três anos depois, casou-se com a roteirista Kim Morgan, com quem colaborou no filme “O Beco do Pesadelo”, e a união segue até hoje.
Reprodução do Youtube Canal Dieck Docs