Giovana Madalosso mergulha nos mistérios do coração em 'Batida só'
Escritora bate papo com os leitores sobre seu novo romance, neste sábado (1º/11), em BH. Livro aborda fé, ciência, morte e cura
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Em “Batida só”, livro da curitibana Giovana Madalosso, a protagonista Maria João é uma jornalista que descobre ter grave arritmia após passar por traumático assalto. A condição a obriga a desacelerar e a leva de volta à cidade interiorana onde cresceu. Vivendo na antiga casa dos avós, ela reencontra a amiga de infância Sara e seu filho Nico, que enfrenta a leucemia em estágio terminal.
O terceiro romance de Giovana Madalosso aborda a introspecção, o distanciamento emocional e a aceitação de doenças, além de propor reflexões sobre fé e ciência. Aos 50 anos, ela também é autora de “Tudo pode ser roubado” (2018) e “Suíte Tóquio” (2020), finalista do Prêmio Jabuti, em 2021, na categoria Romance Literário.
A escritora estará em Belo Horizonte neste sábado (1°/11) para lançar “Batida só”, às 11h, na Livraria da Rua, onde vai participar de bate-papo mediado por José Eduardo Gonçalves.
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“Batida só” tem como ponto de partida a experiência pessoal de Giovana. Sua filha enfrentou uma doença, diferente daquelas retratadas nos livros da mãe.
Depois de recorrer a médicos e especialistas que não deram o retorno esperado, ela procurou respostas em centros de cura.
“Sou ateia desde criança, mas naquele momento de desespero me vi experimentando várias coisas, visitando cerimônias religiosas e centros de cura”, conta a escritora. Apesar da inspiração pessoal, ela afirma que a narrativa do romance é integralmente ficcional.
Um ponto importante para a criação da narrativa foi a análise do coração. “Comecei a entender que o coração tem um protagonismo enorme no nosso corpo. Ele está diretamente ligado às emoções”, observa. A partir disso, Giovana estabeleceu a metáfora sobre a necessidade de esconder os sentimentos.
“É um coração que precisa ser poupado das emoções para sobreviver. Isso fala muito do nosso tempo, em que tanta gente se poupa para não sofrer. Tem gente que até namora com inteligência artificial”, ela comenta.
Travessia para a ficção
A autora idealizou “Batida só” durante dois anos. “Foi o tempo que levei para fazer a travessia do que vivi para a ficção”, explica. Diferentemente dos outros romances, em que fazia pesquisas de campo enquanto escrevia, “Batida só” veio de memórias e das leituras de Giovana sobre centros de cura.
Na construção da trama, ela pensou em personagens com diferentes crenças. Maria João representa o ateísmo, Sara a religiosidade e Nico a espiritualidade.
Giovana Madalosso não teve receio de se aprofundar em tema tão sensível, além de polêmico. “Tomei uma decisão crucial, logo no começo da escrita, de que esse não é um livro sobre uma religião específica. Tanto que a Sara mistura um pouco da religião católica, um pouco da evangélica. O livro é para discutir fé e ateísmo, independentemente de que fé seja essa. Quando me coloquei nesse lugar, vi que não tinha nada a temer”, afirma.
O título “Batida só” remete à solidão de Maria João, que decide se isolar física e emocionalmente para viver sem estimular o coração. No entanto, apesar da tentativa inicial de afastamento, há a relação intensa da protagonista com os outros dois personagens.
“Quis mostrar que a vida realmente acontece, que a gente está vivo quando interage com as outras pessoas. É no momento da busca pela solidão que eles se encontram. No contato humano entre esses três personagens, a gente vê a vida pulsar com mais força e da maneira mais bonita”, diz.
Preconceito
Conhecida por destacar a experiência e a complexidade feminina em suas obras, Giovana Madalosso observa que o destaque do novo romance é a amizade entre duas mulheres, marcada por diferenças entre elas.
“O livro fala do preconceito que a gente tem com diferenças sociais e religiosas. A Maria João olha para a Sara, no início, com certa restrição, mas a Sara se prova uma mulher muito forte. Elas têm diferenças ideológicas e sociais, mas são duas mulheres resistentes. No fim, é sobre ter alguém ali do seu lado quando importa”, conclui Giovana Madalosso.
“BATIDA SÓ”
• De Giovana Madalosso
• Editora Todavia
• 240 páginas
• R$ 74,90
• Lançamento neste sábado (1º/11), às 11h, na Livraria da Rua (Rua Antônio de Albuquerque, 913, Savassi). Haverá bate-papo mediado por José Eduardo Gonçalves e sessão de autógrafos
* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria