O filme ‘Ainda estou aqui’ acaba de ganhar mais um prêmio inédito para o cinema brasileiro. Desta vez, o longa dirigido por Walter Salles, foi eleito o Melhor Filme do Ano pela Federação Internacional de Imprensa Cinematográfica (FIPRESCI).

O prêmio, chamado Grand Prix FIPRESCI 2025, é resultado de uma votação on-line que reuniu 739 membros da centenária associação, formada por críticos e jornalistas especializados em cinema de 75 países. A entrega será realizada na sessão de abertura do 73º Festival Internacional de Cinema de San Sebastián, no dia 19 de setembro, com a presença do diretor.

Desde a sua criação, em 1999, a FIPRESCI nunca havia concedido o Grand Prix a um filme brasileiro. Entre os premiados ao longo da história estão nomes consagrados como Jean-Luc Godard, Pedro Almodóvar, Alfonso Cuarón, Ryusuke Hamaguchi, Aki Kaurismäki, Paul Thomas Anderson, Terrence Malick, Yorgos Lanthimos, Jafar Panahi e Chloé Zhao.

Walter Salles já havia sido reconhecido pela FIPRESCI em 2018 com o Prêmio pelo Conjunto da Obra, dedicado a realizadores latino-americanos. Além disso, “Ainda estou aqui” foi premiado em janeiro como Melhor Longa-Metragem Internacional pela mesma federação, durante o Festival de Cinema de Palm Springs.

A história se passa no Rio de Janeiro, início dos anos 70, em meio ao endurecimento da ditadura militar. A narrativa acompanha a família Paiva – Rubens, Eunice e seus cinco filhos – que vive à beira da praia, de portas abertas para amigos.

Um dia, Rubens Paiva é levado por militares à paisana e desaparece. Eunice, cuja busca pela verdade sobre o destino do marido se estenderia por décadas, é obrigada a se reinventar e a traçar um novo futuro para si e seus filhos.

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Baseado no livro biográfico de Marcelo Rubens Paiva, o longa traz uma história emocionante que redefine a memória da ditadura brasileira, mostrando o impacto pessoal e coletivo dos anos de repressão.

"Ainda estou aqui" se tornou fenômeno de bilheteria no Brasil e vem chamando a atenção do público e da crítica no exterior. Recebeu vários prêmios, como o de Melhor Roteiro no Festival de Veneza, para Murilo Hauser e Heitor Lorega (foto); o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Filme de Drama, para Fernanda Torres; Melhor Filme Internacional no Festival de Palm Springs, nos EUA; Melhor Atriz em Filme Internacional no Critics Choice Awards, nos EUA, para Fernanda Torres; Melhor Filme na 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo; Melhor Filme no Festival Internacional de Cinema de Vancouver, no Canadá; Melhor Filme no Festival de Cinema de Mill Valley, nos Estados Unidos. Alberto Pizzoli/AFP
Em clima de Copa do Mundo, o Brasil torce por "Ainda estou aqui" e Fernanda Torres. A surpreendente vitória da brasileira como Melhor Atriz em Filme de Drama no Globo de Ouro foi muito comemorada no país. Fernanda não esperava o prêmio americano, inédito para o Brasil. Surpresa e feliz, ela homenageou a mãe, Fernanda Montenegro, ao receber o troféu em 5 de janeiro, em Los Angeles. A brasileira concorreu com as estrelas Nicole Kidman, Angelina Jolie, Tilda Swinton, Kate Winslet e Pamela Anderson. Robyn Beck/AFP
O elenco de "Ainda estou aqui" conta com um jovem talento mineiro: a atriz Bárbara Luz faz o papel de Nalu, filha do meio do casal Paiva, amiga do então adolescente e futuro cineasta Walter Salles. Bárbara é filha de Eduardo Moreira e Inês Peixoto, atores do Grupo Galpão. Ela mora em Paris, onde estuda teatro na Sorbonne e trabalha como baby sitter. Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press
Fernanda Montenegro arrebatou público e crítica em sua pequena, mas muito marcante, participação em "Ainda estou aqui". Ela faz o papel da idosa Eunice Paiva, que enfrentou o Alzheimer por 14 anos e morreu em 2018, aos 86 anos. Eunice, até então dedicada dona de casa, reagiu à morte do marido e se transformou em respeitada advogada especializada em direitos indígenas. Sony Pictures/divulgação
Selton Mello, intérprete de Rubens Paiva no filme, comemorou as indicações nas redes sociais. Sony Pictures/divulgação
Fernanda Torres faz o papel de Eunice Paiva, atuação que lhe rendeu o Globo de Ouro de Melhor Atriz em Filme de Drama, em janeiro de 2025. O longa estreou no Festival de Veneza, na Itália, em setembro de 2024. Fernanda mostra Eunice contida, determinada a não deixar os filhos sucumbirem diante da tragédia e lutadora incansável pelo esclarecimento do assassinato do marido por agentes do Estado Sony Pictures/divulgação
O cineasta Walter Salles frequentava a casa dos Paiva no Leblon e se lembra de vê-la fechada em janeiro de 1971, depois do sequestro de Rubens. Tinha 14 anos e era amigo de Nalu, filha de Eunice e Rubens Paiva. O livro "Ainda estou aqui" emocionou o diretor. Em 2017, ele decidiu filmar a história de Eunice. As filmagens (foto) ocorreram em 2023. Sony Pictures/reprodução
Em 2015, Marcelo Rubens Paiva, filho de Eunice e Rubens Paiva, publicou o livro "Ainda estou aqui", contando o drama da família após o desaparecimento do pai, levado por agentes da ditadura militar em 1971. Eunice lutou muito para que o Estado se responsabilizasse pelo assassinato do marido. O atestado de óbito do ex-deputado só foi emitido em fevereiro de 1996. Em 2014, a Comissão Nacional da Verdade concluiu que Rubens foi torturado e morto nas dependências do Destacamento de Operações e Informações (DOI) do I Exército, no Rio de Janeiro. Posteriormente, Eunice enfrentaria o Alzheimer por 14 anos. O escritor foi ao Festival de Veneza, em setembro de 2024, para o lançamento do filme. Marco Bertorello/AFP
O filme "Ainda estou aqui" conta a história da família de Eunice e do ex-deputado Rubens Paiva, destroçada pela ditadura militar. Em 1971, o parlamentar cassado foi levado de casa no Leblon, no Rio de Janeiro, por agentes do governo e nunca mais voltou. Seu corpo jamais foi encontrado. Nesta foto, Rubens e Eunice estão com os filhos Vera, Eliana, Marcelo, Ana Lúcia e Maria Beatriz, além de dona Cici, mãe do ex-deputado. Objetiva/reprodução

Quais os prêmios que ‘Ainda estou aqui’ ganhou?

  • Oscar - Melhor Filme Internacional;
  • Grande Prêmio FIPRESCI -  Melhor Filme do Ano;
  • Prêmio Grande Otelo - Melhor Atriz Longa-Metragem (Fernanda Torres); Melhor Ator Longa-Metragem (Selton Mello); Melhor Direção de Fotografia; Melhor Roteiro Adaptado; Melhor Direção de Arte; Melhor Figurino; Melhor Maquiagem; Melhor Efeito Visual; Melhor Montagem; Melhor Som; Melhor Trilha Sonora; Melhor Longa-Metragem Ficção; Melhor Direção;
  • Sec Awards - Filme do Ano; Filme Nacional do Ano; Filme Favorito do Ano; Personalidade do Ano (Fernanda Torres);
  • Prêmios Sur Academia Argentina de Cinema -  Melhor Filme Ibero-Americano;
  • Prêmio Faz Diferença O Globo - Personalidades do Ano (Walter Salles); Personalidades do Ano (Fernanda Torres); Cinema (Selton Mello);
  • Prêmio Platino - Melhor Filme Ibero Americano, Melhor Atriz (Fernanda Torres) e Melhor Direção (Walter Salles);
  • Prêmio da Associação Brasileira de Autores e Roteiristas - Melhor Roteiro Adaptado;
  • Prêmio ABC - Melhor Direção de Fotografia Longa-Metragem Ficção;
  • Dorian Awards - Melhor Filme em Língua Não Inglesa do Ano;
  • Festival Internacional de Cinema de Roterdã - Prêmio do Público;
  • Festival Internacional de Cinema de Santa Bárbara (SBIFF) - Virtuosos Award (Fernanda Torres);
  • Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) - Melhor Longa-metragem Brasileiro;
  • Cinema for Peace Awards - Filme Mais Valioso do Ano;
  • OFTA Film Awards - Melhor Filme em Língua Estrangeira;
  • Latino Entertainment Film Awards - Melhor Filme em Língua Não Inglesa e Melhor Atriz (Fernanda Torres);
  • Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro (ACCRJ) - Melhor Filme de 2024;
  • Associação Cearense de Críticos de Cinema (Aceccine) - Melhor Longa-metragem Brasileiro;
  • Gold Derby (Júri Popular) - Melhor Filme, Melhor Atriz (Fernanda Torres) Melhor Roteiro Adaptado (Murilo Hauser e Heitor Lorega) e Melhor Filme Internacional;
  • Prêmio da Associação de Críticos de Porto Rico - Melhor Longa-Metragem Internacional;
  • Festival de Cinema de Palm Springs - Melhor Longa-Metragem Internacional (FIPRESCI);
  • Prêmio Arcanjo de Cultura - Cinema (“Ainda Estou Aqui”);
  • New Mexico Critics Awards 2024 - Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Roteiro Adaptado (Runner-up 2 lugar);
  • Prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) - Melhor Filme e Melhor Atriz (Fernanda Torres);
  • Satellite Awards 2025 - Melhor Atriz em Filme de Drama (Fernanda Torres);
  • Philadelphia Film Festival - Masters Of Cinema (Prêmio do Público - Menção Honrosa);
  • Miami Film Festival - Prêmio do Público;
  • Prêmios Goya - Melhor Filme Ibero-Americano;
  • Prêmio F5 - Melhor Filme, Atuação Infanto Juvenil (Cora Mora) e Atuação em Filme (Fernanda Torres);
  • Globo de Ouro 2025 - Melhor Atriz em Filme de Drama (Fernanda Torres);
  • National Board of Review (NBR Awards) - Top Cinco Filmes Internacionais;
  • Mill Valley Film Festival - Favorito do Público;
  • Festival international du film d'histoire de Pessac - Prix du Public e Prix Danielle Le Roy du Jury Étudiant;
  • Mostra Internacional de Cinema de São Paulo - Melhor Filme Nacional de Ficção;
  • The Critics' Choice Association - Celebration of Latino Cinema & Television: Melhor Atriz Internacional (Fernanda Torres);
  • Pingyao International Film Festival - Crouching Tiger Hidden Dragon East - West Award;
  • Vancouver International Film Festival - Prêmio do Público;
  • Festival Internacional de Cinema de Veneza - Melhor Roteiro, SIGNIS Award e Green Drop Award

O filme também foi selecionado para mais de 50 festivais no Brasil e no exterior, consolidando-se como um dos mais importantes longas da cinematografia nacional recente.

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