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ARTES CÊNICAS

Centenário dos Diários Associados é comemorado no palco

Nos 100 anos de fundação dos Diários Associados por Assis Chateaubriand, trajetória do empresário é contada em musical que tem pré-estreia hoje (16/12), no Rio

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“Aos 32 anos, ele realizava o sonho de ser dono de um jornal. E começava a sonhar mais alto ainda: aquele seria o primeiro de uma cadeia de diários.” É desta maneira que Fernando Morais encerra, em “Chatô – O rei do Brasil” (1994), biografia de Assis Chateaubriand (1892-1968), o périplo (empréstimos, pedidos de favores e até a criação de uma imaginária Sociedade Anônima) que culminou com a compra de “O Jornal”.


O jornal carioca, adquirido por ele em outubro de 1924, foi o início dos Diários Associados. Na comemoração dos 100 anos do grupo de mídia do qual o Estado de Minas faz parte, uma passagem do mesmo período da trajetória de Chatô virá à tona nesta semana, em torno da efeméride.


Nesta segunda-feira (16/12), o Teatro Copacabana Palace vai receber uma prévia, para convidados, de “Chatô e os Diários Associados – 100 anos de uma paixão”. O musical, criado pelo dramaturgo Eduardo Bakr em parceria com o supracitado Morais, estreia em 27 de março, também no Rio, no Teatro João Caetano.


Com direção-geral de Tadeu Aguiar, direção musical de Guto Graça Mello e coreografia de Carlinhos de Jesus, a montagem terá temporadas em São Paulo, Brasília e Belo Horizonte.


Morador do Copa

Pois 100 anos atrás Chatô, ainda distante de se tornar um dos empresários mais poderosos e controversos do Brasil do século 20, vivia justamente no Copacabana Palace. Mudou-se em 1924 para um apartamento de três quartos e cozinha no célebre hotel, inaugurado um ano antes por Otávio Guinle.


Vivia com tudo o que tinha direito, incluindo dois mordomos franceses que havia surrupiado do norte-americano Percival Farquhar, magnata com atuação na indústria ferroviária e exploração do minério.


Tal passagem, também descrita com detalhes por Morais na biografia, é mais um exemplo da figura singular (para usar um só adjetivo) que foi Chateaubriand. É e também de uma forma fora do padrão que o musical pretende dar conta de sua trajetória.


A narrativa terá início na atualidade, quando Fabiano, um jornalista desempregado, se depara com a estátua de Chateaubriand na Praça da Independência, no Recife. A imagem de pedra ganha vida, reclamando dos constantes roubos de sua caneta. Inicia uma conversa com o repórter, e pede a ele que escreva sua história. Desta maneira, Fabiano vai viajar no tempo, acompanhando as passagens mais relevantes da trajetória do “rei do Brasil”.


Nesta noite, os dois protagonistas, Stepan Nercessian (Chatô) e Cláudio Lins (Fabiano) terão seu primeiro encontro com o público. Ensaiando há um mês, vão antecipar algumas passagens do musical. No palco, estarão acompanhados das atrizes Patrícia França (uma mulher do passado que será o interesse romântico de Fabiano) e Silvia Massari (a secretária de Chatô). O elenco de bailarinos e músicos também vai se apresentar.


“A gente vai fazer um resumo da história, apresentando os principais personagens, mas já trazendo alguns números musicais, clássicos do nosso cancioneiro”, comenta Cláudio Lins, que vai interpretar “A deusa da minha rua” (Nilton Teixeira e Jorge Faraj) e “Eu sonhei que tu estavas tão linda” (Lamartine Babo e Francisco Mattoso), standards da virada da década de 1930 para a de 1940.


“Mais do que as rádios, o jornal era muito importante para o Chateaubriand. Tanto que a encenação se passa numa redação com ele dando emprego para o Fabiano”, comenta Cláudio, que vem atuando em musicais de destaque. Acabou recentemente mais uma temporada de “Elis, a musical”, em que interpretou o arranjador e pianista César Camargo Mariano.


Os ensaios, ele conta, seguirão durante o primeiro trimestre de 2025, incluindo o carnaval. “Estamos felizes, o trabalho vai ser bonito, e o Tadeu é muito criterioso”, diz o ator e cantor que, para se preparar para o espetáculo, vem descobrindo o universo de Chatô por meio do calhamaço biográfico (730 páginas) lançado por Morais 30 anos atrás.


“É um livro essencial, pois ele descreve o mundo do jornalismo daquela época com uma riqueza de detalhes incrível. Você vai vendo os nomes e recebe uma aula da nossa história”, comenta Lins.


“O Cruzeiro”

A partir da compra de “O Jornal”, Chateaubriand deu início aos Diários Associados. Foram dezenas de jornais, rádios e revistas. Em 1928, ele fundou em Belo Horizonte o Estado de Minas e, no Rio de Janeiro, o semanário “O Cruzeiro”, que circulou até 1975.


Menina dos olhos de Chatô, a revista se tornou a referência em veículo de comunicação de massa do Brasil. Seu auge foi entre os anos 1940 e 1950. Em 1942, “O Cruzeiro” tinha tiragem de 48 mil exemplares – em agosto de 1954, atingiu seu recorde, com 720 mil exemplares em edição dedicada à morte de Getúlio Vargas.

Outro marco do império de Chatô foi a Tupi. Inaugurada em 1950, foi a primeira emissora de TV do país. Assim como na ‘novela’ para conseguir comprar “O Jornal”, Chateaubriand moveu mundos e fundos para criar uma emissora em um país continental em que não havia sequer um aparelho de TV à venda.


Para que houvesse gente assistindo à transmissão inaugural, ocorrida em São Paulo, em 18 de setembro, conseguiu trazer dos Estados Unidos, via contrabando, 200 aparelhos de TV. Metade foi parar nas lojas. A outra parte o próprio enviou para empresários, políticos e personalidades. Um dos presenteados foi o presidente Eurico Gaspar Dutra. 

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