O jovem chimpanzé Noa (Owen Teague), que terá de salvar o Clã Águia, ganha a companhia da humana Mae (Freya Allan) -  (crédito: disney/divulgação)

O jovem chimpanzé Noa (Owen Teague), que terá de salvar o Clã Águia, ganha a companhia da humana Mae (Freya Allan)

crédito: disney/divulgação

 

Dominando o circuito comercial brasileiro a partir desta quinta-feira (9/5), "Planeta dos macacos: O reinado" chega com a missão de não só dar coerência à narrativa de mais de 50 anos (o filme de origem é de 1968), como também fazer bonito nas bilheterias. É uma nova trama, com novos personagens, mas o velho dilema entre a relação entre macacos e humanos no planeta continua.

 


Com direção de Wes Ball (da franquia "Maze Runner"), "O reinado" só existe porque a trilogia anterior – iniciada em 2011 com "Planeta dos macacos: A origem" e finalizada em 2017 com "A guerra" – arrecadou US$ 1,7 bilhão em todo o mundo. A ideia é começar tudo de novo, quem sabe dar início a uma nova trilogia, mas sem esquecer os filmes anteriores.

 


Os macacos aqui estão super realistas. Assim como nos filmes produzidos na última década, os personagens foram retratados por meio de uma tecnologia de captura de performance dos próprios atores (eles, basicamente, atuaram com um traje com sensores que transformou o desempenho em dados).

 


A trama é ambientada várias gerações após os acontecimentos de "A guerra". Ou seja, após a época de César (Andy Serkis, protagonista dos filmes anteriores), hoje desconhecido de boa parte dos símios.

 


RITO DE PASSAGEM

No prelúdio da história, os jovens chimpanzés Noa (Owen Teague), Anaya (Travis Jeffery) e Soona (Lydia Peckham), do Clã Águia, vivem um idílio. É chegada a hora de Noa passar por um rito de passagem. Ele deve encontrar um ovo de águia. O pássaro que nascer o acompanhará ao longo da vida, assim como acontece com os demais macacos adultos.

 


Depois de muito esforço, algo que quase lhe custa a vida, realiza seu intento. Mal sabia ele que não haveria o que celebrar. Uma humana misteriosa – Mae, personagem de Freya Allan, revelada na série "The Witcher" – o segue. No desdobramento da história, Noa, involuntariamente, torna sua pacífica aldeia a base do alvo de macacos mascarados e cruéis.

 

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Eles são liderados por Proximus (Kevin Durand), autonomeado o novo César – para tal, ele distorce os ensinamentos do antigo e esquecido líder em seu favor. Seu objetivo é, a bordo de um exército de macacos escravizados de outras aldeias, possuir os segredos da tecnologia que os humanos deixaram para trás muitos e muitos anos antes.

 


Fora da bolha

Em linhas gerais, a trama geral é acompanhar Noa resgatando seu clã. Mais interessante, no entanto, é ver o protagonista deixando a própria bolha. A vida pacífica era também um tanto ignorante, ele descobre ao conhecer um velho macaco, Raka (Peter Macon, que garante alguma comicidade à história). O nome César representa muita coisa que o jovem símio nunca ouviu falar.

 


Em sua jornada, vai entender ainda que os humanos não são seres desprovidos de inteligência, tampouco fala, como acreditava. A ausência de grandes nomes no elenco não desmerece em nada a produção – além do mais, a exceção dos humanos interpretados por Freya e William H. Macy (em pequena participação), todos os demais são macacos.

 

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Se olharmos para além dos efeitos e das sequências de luta e de perseguição, "O reinado" é uma narrativa sobre a forma como os vencedores reescrevem a história. Em sua parte final, o filme, como toda superprodução com vocação para grandes bilheterias, já deixa a semente para o desenvolvimento de uma nova trama.

 


Toca em questões prementes, como armamento versus pacifismo e a possibilidade de convivência pacífica entre grupos diferentes. Ainda que o desenvolvimento da história tenha coerência, "O reinado", como outros grandes filmes de ação, é longo em excesso. Aliás, da franquia ressuscitada em 2011, é o título de maior duração.

 

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Universo de filmes

O romance francês "O planeta dos macacos" (1963), de Pierre Boulle, é o ponto de origem de todas as produções realizadas ao longo de mais de meio século. A primeira adaptação cinematográfica, de 1968, hoje um clássico do cinema, foi estrelada por Charlton Heston e Roddy McDowall.

 

A trama teve quatro continuações, lançadas entre 1970 e 1973. Em 2001, Tim Burton fez um remake do filme original, de curta memória, com Mark Wahlberg e Helena Bonham Carter. Uma década depois teve início uma nova série de filmes, a partir de "Planeta dos macacos: A origem", que virou uma trilogia com as sequências "O confronto" (2014) e "A guerra" (2017). Os nove longa-metragens estão disponíveis na plataforma Star+.


“PLANETA DOS MACACOS: O REINADO”
(EUA, 2024, 145min.). Direção: Wes Ball. Com Owen Teague, Freya Allan e Kevin Durand. Estreia nesta quinta-feira (9/5), nos cines BH, Big, Boulevard, Cidade, Contagem, Del Rey, Diamond, Estação, Itaupower, Minas Shopping, Monte Carmo, Norte, Pátio, Ponteio e Via Shopping.