Gustavo Nolasco
Gustavo Nolasco
DA ARQUIBANCADA

Em boca fechada não entra mosca azul

"O episódio do anúncio antecipado da contratação de Dudu foi de uma prepotência da Diretoria de Futebol cruzeirense e de uma burrice sem tamanho da Comunicação

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Nas monarquias, ditaduras cívico-militares e teocracias-milicianas (como a que defensores de estupradores tentam implantar no Brasil), a ausência de críticas construtivas é uma questão de sobrevivência, pois, nesses regimes antidemocráticos, qualquer opinião interpretada como rebeldia à submissão pode ser motivo para execução sumária. No futebol, esse silêncio frente aos erros dos soberanos se chama “passar o pano”, e isso, geralmente, termina em desastres para as torcidas, como o vivido pelo Cruzeiro em 2019.

Em um regime democrático, a crítica construtiva é fundamental para se manter o alto nível das administrações. Já a figura do “passador de pano”, no mundo do futebol, representa duas categorias abomináveis: a do “idiota útil” e a do “comunicador-aproveitador”, que bajula soberanos para alcançar benesses pessoais, como likes monetários e patrocínios casados para seus canais de redes sociais. Ambos fazem com que administradores passem a se portarem como “reis” e consequentemente, se desobriguem de assumir culpas e rever erros.

 

Acendi velas aos santos e orixás para agradecer a saída da Patota de Corintianos e Playboys de Sapatênis da SAF Cruzeiro. Reforcei a mandinga para agradecer a chegada de Pedro Lourenço e sua postura de respeito à torcida. Porém, isso não me tira a obrigação da crítica construtiva: o episódio do anúncio antecipado da contratação de Dudu foi de uma prepotência da Diretoria de Futebol cruzeirense e de uma burrice sem tamanho da Comunicação/Redes Sociais do clube.

Ninguém dentro da instituição foi capaz de fazer a leitura crítica de que publicizar uma novidade dessa magnitude, antes de um documento assinado, poderia provocar uma reviravolta? Ou poderia ser a pega para o contragolpe da imprensa paulista, bairrista e xenófoba? Que a venda de um ídolo para um time rival (Cruzeiro) causaria furor na torcida (Palmeiras) a ponto de uma violenta pressão causar medo no jogador?

Tudo é suposição, mas a impressão deixada por esse episódio (de antecipar o comunicado de uma contratação sem garantias) é a de que ele só serviu para inflar o ego de quem conduzia a negociação e para dar poder de barganha ao empresário do atleta. Lembre-se, cruzeirense, nesse caso, trata-se da figura abjeta denominada André Cury.

Cabendo, então, um adendo. Por respeito à história recente, deveria ser regra dentro do Cruzeiro jamais abrir negociação que envolva esse execrável empresário brasileiro. Com a suposta chegada de Dudu, André Cury voltaria a gravitar pela Toca da Raposa II e pela Toquinha.

Já que estamos falando de “memória curta”, para finalizar, um pouco de história. Em 2003, o Santos anunciou publicamente a contratação do centroavante Márcio Nobre, antes de ele assinar o contrato. Vanderlei Luxemburgo, então técnico do Cruzeiro, sabendo do fato e contando com a “ajuda” do empresário do jogador, melou a negociação. Enquanto os dirigentes santistas aguardavam Márcio Nobre no aeroporto de São Paulo, ele desembarcava em Belo Horizonte.

 

BOCA ABERTA NÃO COMBINA COM OMISSÃO

 

Se no episódio de Dudu, a mosca azul encontrou boca aberta para entrar, em outro episódio lastimável deste final de semana, a crítica à comunicação da SAF vai pela omissão e pela boca fechada. Trata-se do vergonhoso silêncio do clube quanto ao sumiço da carga de ingressos destinada aos cruzeirenses para a peleja contra o Vasco, em São Januário.

Quando foi aberta a venda dos ingressos (às 10h da última sexta-feira), eles já estavam “esgotados”. Nenhum torcedor cruzeirense residente no Rio de Janeiro, que passa o ano todo esperando a chance de ver o time em campo, teve acesso ao bilhete. Obviamente, eles foram desviados antes da abertura para venda.

Em 2023, contra o Flamengo, no Maracanã, aconteceu o mesmo. Naquela ocasião, a SAF de Ronaldo, omissa e prepotente por natureza, se negou a dar qualquer explicação ao torcedor cruzeirense. Mas a própria torcida acabou por descobrir que o clube desviou os ingressos para alimentar a venda casada via agência de turismo.

E agora, em São Januário? Quem desviou os ingressos? Para quem?

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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