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Estado de Minas CARA E CORAGEM

Gabriela Loran: 'Ser trans não define a mulher que sou'

Atriz afirma que jamais aceitou o que é imposto a ela. 'Não quero ficar marcada só como trans, pois isso desumaniza meu corpo e minha história', avisa


18/09/2022 04:00 - atualizado 17/09/2022 01:08

Gabriela Loran como luana na novela cara e coragem, da globo
Em 'Cara e coragem', Luana (Gabriela Loran) guarda segredos da protagonista Clarice, vivida por Taís Araújo (foto: Estevam Avelar/Globo)

"Foi um caos, mas um caos maravilhoso", conta a atriz Gabriela Loran sobre a semana em que teve de se dividir entre o ritmo de gravação da novela "Cara e coragem", na Globo, e o Rock in Rio, onde marcou presença como repórter do TikTok.

Em "Cara e coragem", a atriz dá vida a Luana, cúmplice da protagonista Clarice, personagem de Taís Araújo. Foi convidada para o papel pela diretora artística Natália Grimberg.

A personagem de Gabriela foi a escolhida pela autora Claudia Souto para guardar o segredo da ricaça vivida por Taís. Com isso, Luana acabou ganhando mais destaque na trama e nas reviravoltas que ainda estão por vir no folhetim das 19h.

Romeu Evaristo, como médico, Taís Araujo, deitada na cama de olhos fechados, e Gabriela Loran, ao fundo, em cena da novela Cara e coragem
Romeu Evaristo, Taís Araujo e Gabriela Loran contracenam em "Cara e coragem" (foto: Paulo Belote/Globo)


A atriz estreou na Globo em “Malhação”, em 2018, quando viveu Priscila, transexual, professora de dança e performer da arte drag. "Foi um grande presente, porque tem a minha carreira antes e a minha carreira depois de 'Malhação'", comenta. "'Malhação' me abriu muitas portas por ser a primeira atriz trans a participar." 

Antes, Gabriela, natural de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, trabalhava como garçonete enquanto se dividia entre os estudos e trabalhos não remunerados como atriz. Com o reconhecimento, tornou-se influencer sobre temas da realidade de uma pessoa trans.

Filme em Gramado

A novela teen também abriu as portas do cinema para ela. Em "O último animal" (2022), do diretor português Leonel Vieira, Gabriela vive sua primeira protagonista na telona. O filme foi exibido na 50ª edição do Festival de Gramado, mas ainda não estreou nas salas de cinema.

"O Brasil está muito despreparado em relação a oportunidades. Lá fora, a gente ainda consegue ver atrizes trans que têm a possibilidade de fazer personagens que fogem de estereótipos. Estereótipos trans, inclusive”, afirma.

Gabriela Loran diz que ficou marcada, por um longo tempo, por sua participação em “Malhação”. “As pessoas não sabiam meu nome, mas sabiam que eu era 'a atriz trans de 'Malhação'. Querendo ou não, ser trans é minha condição de vida, mas eu sou muito além disso. Não quero ficar marcada só como trans, pois isso desumaniza meu corpo, desumaniza toda a minha história também. Eu sou trans, tenho orgulho de ser trans, nasci trans e vou morrer trans, mas ser trans não define a mulher que eu sou", avisa.
 
Gabriela Loran como Giovanna, da série Arcanjo renegado
Giovanna, de 'Arcanjo renegado', é chefe de gabinete da presidente da Alerj, papel de Chris Viana (foto: Globoplay/reprodução)
A atriz também está no ar na segunda temporada de "Arcanjo renegado", série da plataforma Globoplay. Ela vive Giovanna, chefe de gabinete da presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), papel de Chris Viana.

"Sobre Luana de 'Cara e coragem', a gente não entra no debate se ela é trans ou não. O eixo da personagem não é a identidade de gênero dela. Fazendo paralelo com 'Arcanjo renegado', Giovanna é, sim, mulher trans, mas ser trans não é a questão da personagem", afirma.
 
Na terceira temporada, já escrita pelo autor José Júnior, a transfobia vivida pela personagem não será diretamente ligada a ela.
 
"Isso é interessante. Quando a gente consegue ver, a gente percebe que a personagem é trans, mas ela não está duvidando se ela vai usar o banheiro masculino ou feminino. Não estão errando o pronome da personagem, ela está ali, tem a importância dela", comenta. "A relevância da Giovanna na dramaturgia é gigantesca, pois a gente nunca teve personagem trans num cargo tão alto. O José Júnior dá representatividade, mas também protagonismo num lugar diferente, num lugar de ascensão. E isso é muito importante também."

A outra faceta que ela Gabriela deseja mostrar poderá ser vista na série "Novela", parceria do Porta dos Fundos com a Amazon Prime Video, protagonizada por Mônica Iozzi e com Miguel Falabella no elenco. "Ter oportunidade de fazer humor é muito gostoso. Fazer humor com pessoas como o Falabella, que tem repertório incrível, foi um presente."

Oscar e novela das 9

A convivência com atores de destaque não a intimida. Ela conta que cresceu vendo a maioria deles na TV e hoje atua com Taís Araújo, em "Cara e coragem", Chris Vianna e Zezé Motta, em "Arcanjo renegado".

"Sou mulher movida a sonhos e nunca estou satisfeita. Se disser que não me imaginava ao lado deles, estaria mentindo, porque sempre me projetei mentalmente nesses lugares. Nunca aceitei o que foi predisposto pra mim. Sempre falei onde queria chegar. Mas quero mais. Quero ser protagonista da novela das nove. Quero ganhar o Oscar. Eu sonho alto. Eu sonho grande", avisa.

Muito feliz com o momento frutífero de sua carreira, Gabriela Loran promete mostrar sua potência como atriz. “Não quero ficar limitada a personagens laterais. Quero ser maior, quero ser do tamanho que eu sou. Se essas oportunidades não vierem, se esses personagens não vierem, já comecei a escrever as personagens que quero viver também", finaliza.

*Estagiário sob supervisão da  subeditora Tetê Monteiro


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