Marina Chagas Sales, ginecologista, com um aparelho de laser genital

A médica ginecologista Marina Chagas Sales diz que a luz do laser atinge camadas profundas na pele, restabelecendo a função das células que produzem o colágeno

Tulio Santos/EM/D.A Press
Ao longo da vida, o corpo da mulher passa por inúmeras transformações e, quando se trata de saúde íntima, é importante atenção especial. E o laser íntimo é a tecnologia disponível que vai auxiliar nesse cuidado para garantir saúde e qualidade de vida. Sem muita divulgação, ele promove inúmeros benefícios e atua no combate a uma série de condições ligadas à vulva e à vagina. Portanto, se tornou um aliado das mulheres, uma ferramenta a mais para contribuir para a confiança, autoestima e o bem-estar delas.
 
A médica ginecologista Marina Chagas Sales, especialista em colposcopia, videocirurgia, histeroscopia e laser digital, explica que na medicina os lasers em geral já não são uma ferramenta nova. Por outro lado, quando se trata do seu emprego na região íntima, a aplicação é bem mais recente e desconhecida pela maioria das mulheres. O laser genital foi desenvolvido na Itália há cerca de 20 anos, chegando ao Brasil somente em 2015.
 
Marina conta que o laser genital é aplicado no interior da vagina e na parte externa da vulva, incluindo introito vaginal e da uretra, pequenos e grandes lábios genitais. “Seu uso endovaginal tem o objetivo de corrigir o ressecamento vaginal e a perda de urina. Externamente, ele trata a fragilidade da pele que sangra e dói na relação sexual, melhora da libido, do prurido crônico e clareamento da pele da vulva. A melhora da libido se deve à melhora da fragilidade da pele e ao aumento da vascularização do clitóris”.

Não há limitação de idade, basta existirem sinais ou sintomas que justifiquem o tratamento (...) No meu consultório, já tratei pacientes de 28 a 88 anos

Marina Chagas Sales, ginecologista, especialista em colposcopia, videocirurgia, histeroscopia e laser digital

A ginecologista destaca que existe também benefício para tratar flacidez vaginal, situação na qual há a percepção de entrada de ar na vagina durante a relação sexual, os chamados “flatos vaginais”. “Além disso, no pós-parto, a mulher pode perceber a vagina larga e o laser pode ser programado para reverter essa situação, dando firmeza à região.”
 
De acordo com a médica, o laser é útil para todas as mulheres que querem recuperar a parte íntima de sua feminilidade: “Não há limitação de idade, basta existirem sinais ou sintomas que justifiquem o tratamento.  As pacientes mais jovens conseguem bons resultados em menor tempo. No meu consultório, já tratei pacientes de 28 a 88 anos”.

Segurança e contraindicações 

Marina Chagas Sales enfatiza que o tratamento com o laser é seguro, sendo escassas as contraindicações. “Basta estar com o exame de prevenção em dia, ausência de infecções genitais e não estar menstruada nem grávida no dia da sessão. É recomendável suspender o uso de anti-inflamatórios durante o tratamento”.
 
A ginecologista destaca que a maioria das pacientes procura o tratamento ao perceber alterações decorrentes da queda hormonal, em idade próxima da menopausa. “A falta de hormônio influencia no declínio da adequada produção de colágeno, o que faz com que a pele da vulva fique cada vez mais flácida é frágil. Progressivamente, a vagina vai ficando mais seca, sem lubrificação. Surge sintoma de dor na relação, sendo frequente traumatismo e sangramento no intercurso sexual.”

Rejuvenescimento íntimo

A ginecologista explica que a falta de hormônio também favorece a perda de qualidade do colágeno que sustenta a bexiga e a uretra, deixando essas estruturas mais fracas. Assim, a incontinência urinária fica mais fácil de ocorrer em pacientes pós-menopausa: “A luz do laser atinge camadas profundas na pele, restabelecendo a função das células que produzem o colágeno: os fibroblastos. Essas células não trabalham bem sem hormônio. No tratamento, ocorre espessamento progressivo da mucosa, voltando ao estado normal, como antes da menopausa. Esse espessamento é comprovado por estudos com biópsia da vagina antes e depois do tratamento. Por isso, alguns chamam o laser de rejuvenescimento íntimo”.
 
A incontinência urinária afeta muitas mulheres e causa isolamento social, baixa-autoestima e constrangimento. Segundo Marina Chagas, a perda de urina é um sintoma desconfortável apresentado por mulheres de várias idades, mesmo anos antes da menopausa. “Certamente, há comprometimento da autoestima, podendo levar ao isolamento social. O laser está indicado para os casos leves a moderados de incontinência urinária, com elevada taxa de satisfação no controle do sintoma.”

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Vale confirmar que o laser genital é somente para mulheres, não havendo aplicação para o público masculino. E o protocolo é fazer três sessões do laser, uma por mês. “É esperado que seu efeito dure por um ano a um ano e meio. Então, é indicada uma sessão única anual para manter o efeito”, conta a ginecologista. E saiba que o laser é feito com ponteiras internas e externas que conduzem uma luz infravermelha até os tecidos. A energia para cada momento e para cada paciente é individualizada e programada com segurança no visor do aparelho. A cada etapa, o epitélio vai ficando mais espesso, elástico e resistente, levando ao fortalecimento da vulva, uretra e vagina.

O custo

Infelizmente, o laser genital é um tratamento de alta tecnologia, não coberto ou reembolsado pelos planos de saúde e também não está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). Conforme a médica, em Belo Horizonte, o preço por sessão varia entre R$ 1.500 a R$ 2.000. “Trata-se de um investimento em melhoria da qualidade de vida.”
 
Marina Chagas Sales conta que o laser é aplicado em consultório, com o uso de anestésico tópico, o que torna confortável a aplicação. “É um tratamento seguro e os riscos mais importantes são de ordem estética. Como tudo em medicina, não há garantia de sucesso, mas estudos apontam resultados excelentes para o ressecamento genital e a perda de urina leve a moderada. Trato em meu consultório desde 2019 e observei melhora importante do exame genital das pacientes. Muitas pararam de perder urina e voltaram a ter relação sexual sem dor desde a primeira sessão.”

Líquen escleroso

A ginecologista lembra ainda que uma condição pouco conhecida pelas mulheres também é tratada pelo laser. Trata-se do líquen escleroso: “Nessa doença, a porção de pele acometida vai ficando progressivamente mais espessa, decorrente do ato de coçar que ela provoca. Ocorre alteração de cor, geralmente formando placas brancas. As pacientes confundem com vitiligo. Costuma acometer regiões da vulva, como os grandes e pequenos lábios e o introito vaginal. Trata-se de uma patologia não transmissível, de causa desconhecida, provavelmente autoimune. Seu desconforto para a mulher é grande, levando a prurido vulvar intenso e alterações da anatomia local”.
 
Ilustração

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Ações do laser genital  

  1. Perda de urina
  2. Ressecamento vaginal
  3. Aliado diante das alterações decorrentes da queda hormonal, principalmente com a proximidade da menopausa
  4. Melhora da libido
  5. Trata do líquen escleroso, doença que pode acometer regiões da vulva
  6. Reabilitação pós-parto para tratar frouxidão vaginal
  7. Melhora a elasticidade 
  8. Atua na atrofia ou flacidez da vagina e da vulva, entre outros.