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Estado de Minas SAÚDE DA MULHER

Embolização pode ser alternativa para preservar o útero

Cirurgião alerta para altas taxas de histerectomia no Brasil, número que fica entre 200 mil e 300 mil ocorrências por ano


18/09/2022 09:20 - atualizado 18/09/2022 09:22

cirurgião vascular e endovascular
Josualdo Euzébio Silva, cirurgião vascular e endovascular (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

O número de histerectomias entre brasileiras é alto, representando o segundo maior índice de cirurgias femininas, depois das cesáreas, conforme estatísticas do Sistema Único de Saúde (SUS). Josualdo Euzébio Silva, cirurgião vascular e endovascular, ressalta que é preocupante a taxa de mulheres que retiram o útero, pois trata-se de uma intervenção  mutiladora, que poderia ser evitada em grande parte desses casos com um processo muito mais simples e minimamente invasivo: a embolização.
 
A retirada completa ou parcial do útero ainda é uma prática elevada no Brasil e no exterior. As notificações nos Estados Unidos, por exemplo, chegam a 200 mil casos por ano e a estimativa brasileira, fica entre 200 mil a 300 mil ocorrências anuais, com três óbitos a cada mil procedimentos. 

O cirurgião destaca que os miomas representam cerca de 60% a 70%  desses procedimentos, sendo que cerca de 50% das brasileiras têm ou terão miomas em algum estágio da vida e, mais de 1/3 delas na fase reprodutiva, ou seja, até os 38 anos. Os miomas são tumores benignos na parede muscular do útero.  
 
Ele explica que a embolização se tornou uma técnica valorizada e ganha cada vez mais espaço na medicina como opção para cuidar da saúde feminina. O procedimento começou na França, em 1994, e está sendo largamente usado no mundo em decorrência dos resultados considerados relevantes.  

A miomectomia é a retirada do mioma e pode ser feita, até mesmo, por vídeo, embora não deixe de ser invasiva, enquanto a embolização usa microcateteres para preservar o útero e futuras gestações.

A embolização introduz um cateter, por meio de um corte minúsculo na virilha ou no braço, até a artéria uterina, nutridora do mioma, executando a embolização com a liberação de pequenas partículas, agentes embólicos,  bloqueando essa artéria mantenedora para a paulatina redução do mioma. 
 

"A paciente recebe alta precoce, podendo retornar às atividades habituais mais rapidamente que na retirada do útero"

Josualdo Euzébio Silva, cirurgião vascular e endovascular

 
 
A intervenção tem uma diversidade de materiais para uso, variando de acordo com cada caso. O processo de obstrução intencional dos vasos sanguíneos alimentadores dos miomas é opção à remoção cirúrgica para evitar um sangramento menstrual excessivo, dor ou sintomas compressivos na bexiga ou no intestino.
 
A embolização usa métodos de imagem para guiar os procedimentos intervencionistas. Ao contrário das cirurgias convencionais, não é necessário usar incisões. O cirurgião utiliza imagens de radiografias, tomografia ou ultrassonografia que apontam a área. 
 
“A redução da circulação sanguínea no local propicia uma melhora dos sintomas, de maneira rápida e pouco dolorosa. Aproximadamente, 90% das mulheres experimentam alívio dos sintomas com essa técnica. Todo o procedimento é feito em ambiente hospitalar, com anestesia local ou bloqueio espinhal, ou mesmo anestesia geral, dependendo da avaliação do anestesiologista”, explica. “A paciente recebe alta precoce, podendo retornar às atividades habituais mais rapidamente que na retirada do útero”, afirma.
 
O cirurgião observa que a embolização permite a interação com diversas especialidades médicas para  indicar o melhor tratamento em cada situação. O ginecologista é o especialista para determinar o tratamento dos miomas, como a retirada do  útero, retirada dos miomas, o uso de hormônio ou a embolização. 
 
O problema ocorre porque o mioma cresce e ocupa o espaço intrauterino, aumentando o útero e podendo levar ao impedimento da nidação. A situação não significa um obstáculo à gravidez; no entanto, é um fator dificultador, sendo que a nova técnica preserva o órgão e não provoca cicatriz.

CICATRIZES

A retirada impossibilita a gestação e a miomectomia, muitas vezes causando cicatrizes em áreas uterinas importantes. A embolização preserva o útero, porém não é uma garantia de fertilidade, mesmo sendo uma alternativa menos invasiva, sem sangramento e sem necessidade de transfusão de sangue.
 
É importante destacar que, mesmo sendo uma técnica menos invasiva, apresenta riscos e, em alguns casos, é necessária a retirada do útero, sendo importante a integração com o ginecologista para indicar o melhor tratamento e fazer o controle pós-operatório.

A embolização é amplamente usada pela cirurgia endovascular, em várias áreas da medicina, como nos casos de má-formação arteriovenosa, tumores para regredir o tamanho e facilitar a cirurgia, uso de embolização com agentes quimioterápicos, em caso de traumas vasculares com sangramentos de difícil controle.
 
 
ENTENDA O PROCESSO

1- Punciona-se a artéria da virilha. É introduzido um fio-guia até as artérias do útero e depois um cateter

2- É injetado o meio de contraste para identificar as artérias que irrigam o mioma 

3- Partículas de polivinil (PVA) são enviadas para bloquear a irrigação 

4-  Sem sangue, o mioma murcha,  desaparecendo os sintomas

BENEFÍCIOS  

• Nenhuma incisão cirúrgica é necessária, apenas uma punção na virilha, ou no braço, por onde entra o cateter e o material embolizante. As técnicas minimamente invasivas apresentam uma tendência nos procedimentos médicos, como por exemplo cirurgia videolaparoscópica e cirurgia robótica.

• Geralmente, as pacientes retornam às atividades habituais muito mais cedo do que se tivessem feito uma cirurgia, devido ao fato de não serem necessárias grandes incisões, com menor trauma dos tecidos.

• Aproximadamente 90% das mulheres apresentam resolução significativa ou completa dos sintomas relacionados aos miomas (sangramento ou sintomas compressivos relacionados ao volume do mioma).

•  Em média, os miomas encolherão pela metade de seu volume original. Mais importante ainda é que amolecem após a embolização e não exercem mais pressão sobre os órgãos pélvicos adjacentes.

• Estudos demonstraram que é raro o crescimento de miomas tratados ou o desenvolvimento de novos miomas após a embolização de mioma uterino. A situação é decorrente do fato de que todos os miomas no útero, mesmo os nódulos em estágio inicial, que podem ser muito pequenos para ser vistos em exames de imagem, são tratados durante o procedimento. A embolização de mioma uterino é uma solução mais permanente que a opção de terapia hormonal, porque, quando o tratamento hormonal é interrompido, geralmente, os miomas voltam a crescer.

Embolização: técnica trata miomas uterinos

A ilustração  exemplifica o procedimento. Através de uma punção na virilha com a introdução de cateter de diâmetro muito fino e posicionado na artéria nutridora do mioma, são injetadas micropartículas para interromper a irrigação do mioma, resultando em sua involução. 


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