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Estado de Minas ALIMENTAÇÃO

Pseudoalimentos:'Se não sabe dizer o nome do ingrediente, não deve ser bom'

Dados de 2022 da Federação Mundial de Obesidade relacionam o crescente consumo de ultraprocessados com o aumento de peso da população mundial


24/08/2022 12:15 - atualizado 24/08/2022 12:15

carrinho de supermercado em frente a uma prateleira com vários produtos industrializados
Ministério da Saúde (MS) constatou aumento de 14,3% no consumo de alimentos ultraprocessados (foto: Alexa / Pixabay )
“Descasque mais e desembale com inteligência e cautela”. A prática sugerida é mandatória, especialmente após a divulgação de dados alarmantes da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS 2019), do Ministério da Saúde (MS), que constatou aumento de 14,3% no consumo de alimentos ultraprocessados. Ainda, um novo estudo do Datafolha, encomendado pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) em 2020, revela que o consumo desses alimentos saltou de 9% para 16% em adultos acima dos 45 anos. O aumento do consumo de ultraprocessados entre os mais jovens subiu de 30% para 35%. Os preferidos: salgadinhos, biscoitos recheados e bebidas açucaradas, como lácteas e achocolatados. 

Os alimentos ultraprocessados costumam ser palatáveis e apresentam preços mais competitivos. Inclusive, percebe-se um consumo de geração para geração, na qual a criança cresce exposta a esses produtos, aumentando a chance de consumi-lo ao longo da vida. Mas a que custo?

“Os alimentos ultraprocessados são aqueles produtos com adição de aditivos, ou seja, substâncias utilizadas com o objetivo de modificar características físicas, químicas, biológicas e/ou sensoriais durante fabricação, processamento, preparação, tratamento, embalagem, acondicionamento, armazenagem, transporte e/ou manipulação. Esses adicionais podem ser obtidos de fontes naturais ou sintetizados em laboratórios”, explica a nutricionista e consultora da Jasmine Alimentos, Adriana Zanardo. 
Além de prontos para o consumo imediato, os ultraprocessados frequentemente apresentam relevantes quantidades de farináceos, açúcares refinados, gordura vegetal hidrogenada, sódio, corantes, aromatizantes e emulsificantes artificiais. Esses aditivos são utilizados para aumentar a palatabilidade (sabor, textura, cheiro), estimular o consumo e prolongar o tempo de validade (também conhecido como shelf life, ou tempo de prateleira do produto).

Aditivos dos ultraprocessados estão relacionados ao aumento do peso corporal

criança rodeada de produtos dentro do carrinho do supermecado
Os ultraprocessados preferidos: salgadinhos, biscoitos recheados e bebidas açucaradas, como lácteas e achocolatados. (foto: Victoria_Borodinova/Pixabay)
Todos os aditivos que compõem o produto ultraprocessado estão diretamente relacionados ao aumento do peso corporal, maior propensão e/ou agravamento de câncer, disfunções em glicemia, insulina e pressão. Isso se deve ao fato da maioria deles (farináceos, açúcares refinados e gordura vegetal hidrogenada) apresentarem as chamadas “calorias vazias”, que não agregam nutrientes e ainda incorrem em alterações metabólicas de carboidratos e gorduras.

O consumo frequente desses alimentos também tem a capacidade de alterar a microbiota intestinal e aumentar o risco de disbiose (desequilíbrio de bactérias) e todas as condições clínicas e/ou doenças ligadas ao intestino.

Leia também: Estudo aponta resquícios de agrotóxicos em alimentos ultraprocessados.

Ainda, um estudo recente conduzido pela Universidade de São Paulo (USP), revelou que pessoas que consumiram mais de 20% das calorias diárias em ultraprocessados tiveram um impacto negativo de aproximadamente 30% em sua cognição, ou seja, no que se refere ao conhecimento (pensamento, memória, percepção, linguagem e atenção). 

Há quantidades seguras para os salgadinhos, docinhos e refris?

Segundo as recomendações do Ministério da Saúde, a quantidade máxima de açúcares simples não pode ultrapassar 10% das calorias sugeridas para ingestão diária.

A gordura saturada, ou seja, aquela encontrada principalmente em alimentos de origem animal, não deve corresponder a mais do que 10% da quantidade de gorduras totais consumidas.

Em relação ao sódio, orienta-se o consumo de até 2g/dia. “Cabe destacar que a quantidade de sódio indicada diz respeito tanto ao sal de adição como de produtos industrializados”, completa Adriana Zanardo. 
 
Para as demais substâncias, não existem doses seguras regulamentadas específicas. Desta forma, recomenda-se que a maior parte da dieta seja composta por alimentos in natura e/ou minimamente processados.

“A redução do consumo de ultraprocessados deve respeitar a premissa do “descasque mais e desembale com consciência”. Além disso, é preciso buscar informação de fontes confiáveis para que nós, consumidores, estejamos munidos de conhecimento para fazer boas escolhas frente à crescente propagação dos ultraprocessados”, explica a nutricionista.

Atenção: processamento não é necessariamente negativo

mulher em frente a prateleira de produto num supermercado
A principal dica é: leia sempre o rótulo dos produtos (foto: Joshua Rawson-Harris/Unsplash )

Considerando a sociedade moderna, o avanço da tecnologia e o controle de patologias relacionadas a alimentos contaminados, o processamento é um aliado ao estilo de vida saudável devido à segurança alimentar e à rotina atribulada das pessoas. Devido à praticidade e variabilidade do consumo, os alimentos processados cuidadosamente são muito bem-vindos. 

“A primeira dica é: leia o rótulo! Gosto de fazer a analogia de que, se você não consegue falar o nome da substância, ela provavelmente não é boa. Você sabia que o corante natural de urucum e o amarelo tartrazina têm a mesma finalidade, mas o primeiro é natural, ao passo que o segundo é artificial?”, comenta Adriana Zanardo. 

Todo produto ou alimento tem alguma restrição

Existem produtos embalados sem adição de quaisquer substâncias artificiais. “Os alimentos processados são aqueles que foram submetidos a processos físicos como assamento, resfriamento e foram fabricados em equipamentos industriais específicos. A inclusão de ingredientes ou aditivos naturais, a fim de preservar e dar mais cor e sabor aos alimentos, é segura”, explica a gerente de P&D da Jasmine Alimentos, Melissa Carpi.

Leia também: Cinco motivos para retirar o açúcar da alimentação, segundo a neurociência.

“Na Jasmine, utilizamos apenas óleos vegetais sem gordura trans, melado de cana e extrato de malte, edulcorante stevia natural, corante natural de urucum e ingredientes naturais como beterraba em pó, espinafre em pó, alfarroba em pó. São ingredientes que auxiliam no sabor, na cor e na conservação do produto, mantendo suas propriedades nutritivas”, complementa Melissa Capri.

A nutricionista Adriana Zanardo destaca, todavia, que “nenhum alimento e/ou produto tem indicação de consumo livre, pois cada consumidor possui necessidades, condições clínicas, histórico pessoal e familiar específicos".



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