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Estado de Minas CEGUEIRA FACIAL

'Cegueira facial': doença de Brad Pitt dificulta identificar pessoas

A doença que acomete o ator pode ser socialmente incapacitante e impedir o indivíduo de reconhecer o próprio rosto


11/07/2022 12:08 - atualizado 11/07/2022 12:22

Brad Pitt
Brad Pitt diz que busca o diagnóstico desde 2013 e que a condição gera constrangimento e transtornos, que se sente envergonhado, e com isso preferiu se isolar dentro de casa (foto: Valerie Macon/AFP)

Pode parecer ironia, mas um dos homens mais bonitos do mundo pode não reconhecer o próprio rosto. A prosopagnosia ganhou destaque após as declarações de Brad Pitt de que seria portador da doença, como explica o PHD em neurociências, psicólogo e biólogo Fabiano de Abreu Agrela. O ator revelou que busca o diagnóstico desde 2013 e que a condição gera constrangimento e transtornos, que se sente envergonhado, e com isso preferiu se isolar dentro de casa.

O termo prosopagnosia é derivado do termo grego "gnosia", que significa conhecimento, antecedido pelo prefixo de negação "a", indicando "falta de conhecimento". Também conhecida como "cegueira facial" ou "agnosia facial", a prosopagnosia, elucida o especialista, é uma doença que afeta a percepção de estímulos visuais do indivíduo e prejudica a identificação de rostos, mesmo de pessoas do convívio do paciente. "Em casos mais graves, o paciente não consegue distinguir um rosto de um objeto, por exemplo", diz Fabiano.

 

 

 

As condições que caracterizam a doença ainda não são de conhecimento pleno, o que dificulta uma série de medidas para o tratamento. "O foco de qualquer tratamento deve ser ajudar o indivíduo com prosopagnosia a desenvolver estratégias compensatórias. Adultos que têm a condição como resultado de acidente vascular cerebral ou trauma cerebral podem ser treinados novamente para usar outras pistas para identificar indivíduos. Eles costumam usar, entre outras maneiras de identificar pessoas, a voz, as roupas ou atributos físicos únicos. Entretanto, essas técnicas não são tão eficazes quanto reconhecer um rosto", afirma.

 

Andréa Ladislau, psicanalista
A psicanalista Andréa Ladislau diz que o distúrbio é, muitas vezes, classificado como falta de memória, falta de educação, arrogância ou até mesmo estrelismo (foto: Arquivo Pessoal)
 



De acordo com a psicanalista Andrea Ladislau, essa condição, infelizmente, pode afetar qualquer pessoa, podendo ter uma causa genética ou ser uma consequência neurológica de doenças como a esquizofrenia, AVC, traumas cerebrais, Alzheimer ou depressão severa. "Por ser pouco conhecido, o distúrbio é, muitas vezes, classificado como falta de memória, falta de educação, arrogância ou até mesmo estrelismo. No caso do ator de Hollywood, a limitada interação social, discutida em alguns tabloides, apontam Brad como sendo um 'ator estrela', fato que o levou a desenvolver episódios de ansiedade, tristeza e depressão", comenta a especialista.

 

"A angústia por não reconhecer facialmente as pessoas, principamente as mais próximas, é imensa e pode potencializar uma sensação de nulidade e impotência", acrescenta.


A prosopagnosia não gera prejuízos cognitivos, como perda ou alterações da memória ou déficit no aprendizado, no entanto, pode resultar de doenças neurodegenerativas, lesões cerebrais e até acidente vascular cerebral (AVC).

"Nota-se com frequência algum grau de prosopagnosia em crianças com autismo e síndrome de Asperger, podendo ser um fator que colabora para as dificuldades de desenvolvimento social desses pacientes", complementa Fabiano.

 

Mutação ou exclusão genética 

 


A prosopagnosia congênita, explica ele, parece ocorrer em famílias, o que torna provável que seja o resultado de uma mutação ou exclusão genética, mas, em alguns casos, é um distúrbio congênito, presente ao nascimento na ausência de qualquer dano cerebral.

"A doença gera muitos transtornos a seus portadores e pode ser socialmente incapacitante, dificultando o reconhecimento de amigos e familiares. Quando ocorre em crianças, muitas vezes elas já nascem com a deficiência e nunca tiveram um momento sequer em que pudessem reconhecer rostos."

Atualmente, a doença é negligenciada, pontua Fabiano, o que resulta em poucos estudos sobre a condição e situações que dificultam o reconhecimento de feições.

 

 


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