À Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa (CLDF), Torres disse que era ministro do governo Bolsonaro à época dos fatos, e que não tinha atribuições para desmobilizar o acampamento. Após ser confrontado, Torres disse que não teve acesso a esses documentos elaborados pela PF, e detalhou que soube disso assistindo à televisão”.
“Não acompanhei o que foi feito lá dentro. Investigações sigilosas não temos acesso. Mas, uma coisa delicada, é que o próprio Exército ajudou na retirada dos policiais no acampamento (...) Eles estavam fazendo levantamento dentro de investigação sigilosa. Eu não sei dizer o que eles estavam fazendo ali. Foi o que eu vi pela televisão”, disse.
Logo em seguida, Torres reiterou que não era atribuição dele acabar com o acampamento. Ele explicou que a PF, sob subordinação do Ministério da Justiça, determinou o monitoramento e a investigação dos integrantes do acampamento. “Quando eu assumi a secretaria, foi uma das primeiras medidas que tomei (desmobilizar o QG). Tive uma reunião com o general Dutra e a secretária de Desenvolvimento Social do DF (em 6 de janeiro)”, explicou.
“Nessa reunião, o general me mostrou o celular dele: ‘Anderson, olha aqui. Olha o acampamento um mês atrás, e olha agora de manhã’. Naquela sexta, os acampamentos estavam quase desmobilizados. Muitas pessoas que estavam ali (eram) moradores de rua. Foi por isso que ele pediu para convidar a secretária (Ana Marra, secretária da Sedes)”, reforçou.
Depoimento

Existia um clima de incerteza sobre o comparecimento ou não do ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro (PL), mas a defesa confirmou a presença dele na sessão da CPI de hoje, principalmente após a performance avaliada como positiva no depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro, do Congresso Nacional. Antes do tão aguardado depoimento, Torres deixou de ir à CPI da CLDF uma vez, em março. Na época, Moraes ressaltou que cabia ao próprio ex-secretário escolher se deveria ou não comparecer.
Para convencê-lo, os distritais chegaram a propor uma sessão secreta, para que fosse evitada a exposição dele, principalmente porque Torres se queixava a interlocutores de que não queria que as três filhas o vissem na condição de preso. O período também ficou marcado por Torres tentar se desvencilhar de Bolsonaro, trocando de advogado, que, à época, também era do próprio ex-presidente.
Estagiário sob supervisão de Adriana Bernardes*
