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Estado de Minas POLÊMICA EM BH

Moradores do Alto Caiçara desconhecem criação de Rua Olavo de Carvalho

Alguns moradores das redondezas se incomodaram com a possibilidade de uma homenagem ao filósofo Olavo de Carvalho e disseram 'detestar nazistas'


07/07/2023 20:35 - atualizado 07/07/2023 20:48
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Rua Um que pode ter nome alterado para Rua Olavo de Carvalho
Rua que pode ganhar nome em homenagem ao filósofo Olavo de Carvalho, no bairro Alto Caiçara, dá para um lote e está fechada com um portão (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Moradores no Alto Caiçara, na região Noroeste de Belo Horizonte, desconhecem a existência de via que Projeto de Lei (PL) quer transformar na Rua Professor Olavo de Carvalho, em homenagem ao filósofo de extrema-direita que morreu em janeiro de 2022 nos Estados Unidos.

A reportagem do Estado de Minas foi ao local indicado no Projeto de Lei (PL) 553/2023, de autoria do ex-vereador Uner Augusto (PRTB), mas, em um primeiro momento, não encontrou a rua que deveria ficar situada perpendicularmente à Rua de Servidão. Os moradores locais afirmavam desconhecer a via indicada.

O terreno, que foi loteado por Aramália Perona em meados de 1970, conta com poucas casas e um pequeno condomínio. Lá, os residentes também tiveram dificuldade em apontar o local que pode ganhar uma nova nomenclatura.

Foi quando o aposentado Aílton de Almeida Gomes, que mora no local há 15 anos, identificou a tal "rua" com a ajuda do mapa apresentado no PL. Ele relatou que a dita rua dava para um lote, mas que há muito tempo o dono, que não mora no local, colocou um portão para evitar invasões.
Ao saber da possibilidade de que a "rua" próxima pode trazer homenagem a Olavo de Carvalho, Aílton se inconformou e afirmou que o "pessoal aqui detesta nazista. Se precisar a gente faz manifestação". 

Condomínio na Rua de Servidão
Alguns moradores do condomínio que fica ao lado da possível rua que irá ter o nome alterado classificaram de "terrível" a possível homenagem (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
Já outro morador, o também aposentado José Eustáquio, que vive no local há 10 anos, afirmou que as ruas da região costumam trazer nomes de antigos moradores.

Um terceiro morador se mostrou indiferente com a possibilidade de mudança de nome da via mas se incomodou com a situação dela.

"Pra mim não faz diferença. Nome de rua é besteira. Se alguém me perguntar se vou ficar feliz se asfaltar a rua, vou ficar, mas pode colocar nome de rua do capeta, estando asfaltada", afirmou o morador que não quis se identificar.

Boa parte da Rua de Servidão não conta com asfalto e sofre com barro em época de chuva.

O Projeto de Lei 553/2023 que pode alterar a nomenclatura da via está aguardando a sanção ou veto do prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), desde quinta-feira (6/7).

Justificativa do ex-vereador

O ex-vereador Uner Augusto (PRTB), autor do projeto de lei, afirmou ter escolhido a rua Um por dois motivos.

"Esse nome (Rua Um) é dado geralmente para rua sem nome. Como era uma rua que não possuía nenhuma nomenclatura à época e não encontrava nenhum óbice na legislação municipal, escolhemos essa rua. Se não me engano é uma rua com certa importância no bairro e, como o professor Olavo de Carvalho também é uma pessoa que teve muita importância na vida política e filosófica do Brasil, acabei escolhendo essa rua", justificou.

Ao ser informado que a reportagem esteve no local e a rua indicada estava fechada com um portão por dar em um lote, Uner relatou que desconhecia isso e que, apesar de ter ido ao bairro várias vezes, ele "não lembrava que a rua estivesse fechada".

Também foi relatado para o ex-parlamentar o descontentamento de alguns residentes com a possibilidade de homenagear o filósofo.

"O projeto tramitou normalmente, de forma pública, na Câmara Municipal e à época não houve nenhuma manifestação contrária. (...) A população tem todo direito de ir atrás do poder público Executivo, no caso, e manifestar a opinião contrária dizendo que não querem que a rua receba esse nome ou qualquer outro nome que queiram dar.

O político mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em abril deste ano após o Partido Trabalhista Brasileiro (PRTB), no qual Uner é filiado, ter fraudado a cota de gênero durante as eleições de 2020. O vereador assumiu a cadeira de Nikolas Ferreira (PL-MG) - eleito deputado federal e à época filiado ao PRTB. 

Na época, ele afirmou que a decisão era fruto de "um processo que a esquerda está tentando ganhar no tapetão". A ação que puniu o PRTB de Belo Horizonte foi ajuízada pelo Psol.


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