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Estado de Minas ELEIÇÕES 2022

Bloqueios em rodovias por bolsonaristas prejudicam passageiros e motoristas

Apesar da determinação do STF, caminhoneiros continuam paralisados nas rodovias de todo o país. Em Minas, há pelo menos 18 pontos de interdições


01/11/2022 09:40 - atualizado 01/11/2022 13:01

Manifestantes
Na BR-381, manifestantes protestam por uma intervenção militar (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Bloqueios nas principais rodovias de todo o país provocam transtornos para diversos cidadãos na manhã desta terça-feira (1º/11). De acordo com a Polícia Rodoviária Federal (PRF-MG), há pelo menos 18 pontos de interdição nas rodovias federais de Minas Gerais, isto porque eleitores do presidente Jair Bolsonaro (PL), que ainda não aceitaram a derrota para o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), protestam contra o resultado das eleições.

Nesta manhã, a reportagem do Estado de Minas flagrou uma extensa fila de caminhões paralisados na BR-381, próximo ao KM 484, no sentido São Paulo. Por lá, manifestantes protestavam por "intervenção militar" nos resultados das eleições e aguardam um pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro (PL).
 
Até o momento, Bolsonaro não se pronunciou sobre a derrota. 
 
Na BR-040, na altura do trevo de Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o analista de Recursos Humanos Rodrigo Silveira, de 36 anos, enfrenta transtornos para chegar ao trabalho.
 
Ele conta que, geralmente, sai para o trabalho às 6h para trabalhar às 8h, em Contagem, também na Grande BH, mas hoje, devido a manifestação, teve que sair às 5h20. 

"A paralisação começou por volta das 04h30, sendo liberada apenas a passagem de ambulâncias, carros de prefeituras a caminho da capital para tratamento médico", disse Silveira.

Para ele, os mais prejudicados são os trabalhadores, que assim como ele, precisam adaptar a rotina para chegar aos locais de trabalho. 
 

Questionado sobre o que ele acha do movimento dos caminhoneiros, o analista afirma que é totalmente contrário e dispara críticas aos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro.

"Essa manifestação é totalmente sem sentido. A democracia existe e deve ser respeitada, o direito de ir e vir é consagrado em nossa Constituição Federal. Porém os apoiadores do atual presidente, rasgam totalmente a Constituição e se acham no direito de prejudicar milhares de pessoas por todo país", opinou.

Rodrigo ainda destaca que as autoridades estão agindo lentamente para resolver a situação. Em reunião de emergência com os membros do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Alexandre de Moraes determinou a liberação de todas as rodovias com o trânsito interrompido pelos caminhoneiros.

"Se vê que a Polícia Rodoviária Federal está atuando de maneira lenta, sem pensar na população. Aqui no trevo de Neves foi vergonhoso. "Tentando" conversar com os manifestantes, mas sem sucesso, sem ações que encerre a manifestação", criticou.

Ainda segundo Silveira, líderes do movimento dos caminhoneiros, falam que vão fechar a BR-040 por volta das 16h. Ele alerta que os manifestantes estão dizendo que vão parar apenas quando o presidente Jair Bolsonaro se pronunciar sobre o resultado das eleições.
 
Por volta das 12h, Rodrigo disse que a Polícia Militar atuava local para a liberação da pista, mas apenas de um lado da vida. "Mesmo assim os manifestantes estão atrapalhando essa liberação e, nos bairros, a empresa de ônibus não está liberando os coletivos. Sendo assim, a situação continua a mesma", disse. 
 

Caminhoeiros contra a paralisação

Apesar do movimento de interdições em rodovias ter sido iniciado por caminhoneiros, não são todos os motoristas que estão a favor da manifestação. Diante dos bloqueios, outros trabalhadores estão sendo obrigados a ficar parados nas estradas, sob ameaças e condições precárias.
 
Em outro trecho da BR-040, um dos caminhoneiros ouvido pelo Estado de Minas, que preferiu não se identificar, contou à reportagem que está parado no local contra a sua vontade, a espera de uma solução.

"Quando eu cheguei aqui de madrugada eu fui onde que estava o pessoal fechando. Cheguei lá, eles fizeram eu voltar com pedra na mão, falando que se eu não voltasse para trás eles iam quebrar o caminhão. Eu tive que voltar 3km para trás e arrumar um local aqui para encostar o caminhão", disse ao Estado de Minas

De acordo com o motorista, estão deixando passar apenas carros pequenos e ônibus. Questionado sobre o movimento, ele diz que é totalmente contrário a paralisação.

"Tô apoiando não. Tô aqui contra a minha vontade. Eu tinha que estar descarregando meu caminhão hoje, às 5h da manhã, lá em Volta Redonda no Rio de Janeiro, eu nem sei quando eu vou poder descarregar. Nem todo mundo que está aqui é a favor", declarou.
 

Do ponto em que o motorista está até o seu destino final, a distância é de cerca de 360 km. 

Segundo ele, outros colegas de trabalho também estão sendo impedidos de sair do local. "Muitos e muitos, muitos. Acho que 50% está obrigado", pontua.

O motorista que é diabético, destaca as dificuldades da paralisação na estrada. "Sem comida, sem água. Eu sou diabético, tomo insulina, até agora sem almoçar. Não tem lugar para almoçar. Comi um pão com manteiga, bebi uma água, deu para equilibrar as coisas", desabafa.
 

Militantes nas rodovias 

O Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) orientou que os militantes da organização se mobilizem para desbloquear as rodovias que estão sendo fechadas por caminhoneiros bolsonaristas. 

 

Em nota, o MTST disse que a gestão do governo Bolsonaro foi autoritária, fascista e desrespeitosa. "Desde domingo, observamos no país travamentos que contestam o resultado eleitoral e pedem intervenção militar. Tais protestos acontecem com a complacência de forças de segurança, como a PRF", alegou o movimento.

 

"Diante disso, a coordenação nacional do MTST orienta sua militância nos estados a organizar manifestações para desbloquear as principais vias de acesso, exigindo o respeito às eleições. Esperamos ser tão bem recebidos pelas forças de segurança quanto os bolsonaristas estão sendo", completou. 

 

Bloqueio nas estradas


Desde a noite de domingo (30/10), após a vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, bolsonaristas têm bloqueado rodovias pelo país, buscando questionar o pleito nacional, a espera de um posicionamento do presidente Jair Bolsonaro. 

Ontem (31/10) à noite, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou que a PRF desbloqueie as rodovias com trânsito interrompido por bolsonaristas. A ordem dele foi confirmada pelo STF, em reunião de emergência na madrugada de hoje. 
 
Hoje, Moraes ainda determinou que policias militares podem desbloquear até mesmo as estradas federais. 
 
Durante a segunda-feira (31/10), a PRF divulgou que liberou dez pontos de interdição em rodovias federais no estado de Minas. Até a madrugada de hoje, após a decisão do STF, mais oito pontos foram liberados. 
 


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