
"Sou oposição, mas não prejudico e não faço mal a ninguém. Se tiver coisa boa para o país e para Minas, como as reformas Tributária e Política, não vou, nunca, atrapalhar. Nunca vou fazer isso", disse, ontem, em entrevista ao Estado de Minas.
Famoso na internet por publicar vídeos em que fiscaliza o cumprimento de serviços públicos, o deputado promete levar o espírito ao Senado Federal. A ideia de Cleitinho, nas próprias palavras, é "cobrar". Um dos pontos que o congressista eleito pretende reivindicar é a promessa feita por Lula no domingo (30). No discurso da vitória, o petista listou o combate à fome como "compromisso número um" de sua futura gestão.
"Vou cobrar. Sou povo. Brigo pela redução da gasolina, do preço dos alimentos e das contas de água e energia. Fui o cara que mais combateu isso e mais lutou pelo povo. Se ele vai fazer isso, vou ser o primeiro a cobrar (ações de combate à fome). É o que mais quero", garantiu.
Cleitinho venceu a eleição em uma onda que levou, ao Senado, outros políticos alinhados ao bolsonarismo. Em São Paulo, por exemplo, o escolhido foi Marcos Pontes (PL); no Distrito Federal, Damares Alves (Republicanos) derrotou os rivais. O grupo do presidente levou a melhor, também, no Rio Grande do Sul, com a escolha popular por Hamilton Mourão (Republicanos), que vai deixar a vice-presidência do país no fim do ano.
O senador mineiro, que derrotou Alexandre Silveira (PSD), candidato à reeleição com o apoio de Lula, afirmou ainda não ter conversado com outros parlamentares à direita para tratar da atuação da oposição. E, apesar de descartar obstruir "o que for útil para o povo", reforçou o discurso anticorrupção que marcou a sua entrada na política, em 2016, como vereador de Divinópolis, no Centro-Oeste mineiro.
"(O interesse) é ajudar. Mas, se tiver coisa errada e (Lula) fizer um governo como fez entre 2002 e 2010, farei minha função de fiscalizar e cobrar", pontuou.
Esforço mineiro faz Bolsonaro encurtar margem de Lula
Desde que ganhou o apoio de Bolsonaro para concorrer ao Senado, ainda em agosto, Cleitinho se engajou na campanha pela reeleição do presidente. No sábado (29), durante a última visita do concorrente à reeleição a Belo Horizonte, entregou a ele uma camisa do América nas cores verde e amarela. O grupo dos bolsonaristas mineiros, liderado por Cleitinho e pelos deputados Bruno Engler e Nikolas Ferreira (ambos do PL) ganhou, no segundo turno, o reforço do governador Romeu Zema (Novo).Bolsonaro liderou toda a apuração em Minas, mas quando a totalização dos votos já estava 93% concluída, foi ultrapassado por Lula. Perdeu por 0,4 pontos percentuais - 50,2% a 49,8% para a chapa de oposição. Apesar do revés, o presidente conseguiu encurtar a distância para o rival no estado, uma vez que, na votação inicial, foi derrotado por mais de 4 pontos (48,29% a 43,6%).
Para Cleitinho, em que pese o placar negativo, a recuperação ilustra um trabalho "extremamente positivo" feito pelos aliados de Bolsonaro em solo mineiro. "Saímos de 563 mil votos (a mais) que Lula teve no primeiro turno e tivemos mais de 500 mil votos a mais desta vez (em relação ao desempenho de Bolsonaro no primeiro turno). A diferença, no final, foi de 49 mil".
A partir do próximo ano, a bancada mineira vai ter dois senadores ligados ao bolsonarismo. Isso porque, além de Cleitinho, há Carlos Viana, do PL. O outro representante do estado na Casa é Rodrigo Pacheco (PSD), presidente do Congresso.
Dos três, Cleitinho é o mais próximo a Zema. Ele promete atuação em conjunto com o governador. "Tudo o que eu puder fazer, usando minha representatividade a favor do estado, vou fazer. Estarei à disposição para ajudá-lo (Zema) e para ajudar toda Minas Gerais".
