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Estado de Minas ESTATAL

Kroll vai à Justiça após deputado da CPI da Cemig suspeitar de espionagem

Multinacional forense quer que Professor Cleiton explique declarações sobre possível participação da empresa em observação irregular de parlamentares


01/09/2021 14:40 - atualizado 01/09/2021 15:39

Professor Cleiton, deputado da ALMG, foi citado por empresa em pedido de explicação enviado à Justiça(foto: Guilherme Bergamini/ALMG)
Professor Cleiton, deputado da ALMG, foi citado por empresa em pedido de explicação enviado à Justiça (foto: Guilherme Bergamini/ALMG)
A Kroll, empresa de auditoria e investigação forense, acionou o Tribunal de Justiça de Minas (TJMG) com pedido de explicações endereçado ao deputado estadual Professor Cleiton (PSB), vice-presidente e sub-relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig).

No mês passado, o parlamentar levantou suspeitas sobre supostas espionagem contra os integrantes do comitê investigativo. O socialista chegou a solicitar exame do contrato entre a estatal e a Kroll, a fim de detectar possíveis conexões entre a auditora e a dita observação.

A Cemig contratou a Kroll, que faz investigações forenses, em maio deste ano. Logo após a volta do recesso parlamentar de julho, Professor Cleiton pediu aos colegas a análise, na CPI, do acordo entre a energética e a auditora. Ele relatou ter tido o celular grampeado.

O Estado de Minas teve acesso ao pedido feito pela Kroll ao Judiciário, cadastrado no sistema do TJMG no dia 16 do mês passado. Na visão da companhia de auditoria, as falas de Professor Cleiton "atentam contra a licitude" dos serviços de investigação corporativa. A peça já foi distribuída - está com o desembargador Antônio Carlos Cruvinel.

"As declarações prestadas pelo interpelado induzem à conclusão da interpelante em atos de espionagem supostamente cometidos contra a Assembleia Legislativa de Minas Gerais, sugerindo a prática de atos ilícitos de investigação e monitoramento telefônico dos parlamentares ligados à Comissão Parlamentar de Inquérito", lê-se em trecho da solicitação.

Segundo argumentam, no pedido de explicações, os defensores da Kroll, pessoas jurídicas podem ser alvo de difamação se fatos ofensivos à reputação são imputados. A ideia é, então, que o deputado do PSB possa se manifestar sobre o que embasou suas suspeitas em torno da empresa.

Professor Cleiton tomou ciência da ação que corre na Justiça por meio de contato feito pela reportagem. Sem ter conhecimento dos detalhes do pedido da Kroll, ele optou por não se manifestar por ora. Por ser deputado, Cleiton tem foro privilegiado. Assim, a petição da Kroll foi remetida à segunda instância. Ele também dispõe de imunidade parlamentar.

A Cemig contratou a Kroll para investigar, de forma independente, denúncias recebidas pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). A multinacional é famosa por averiguações internas em empresas para descobrir irregularidades e desvios de conduta. No ano passado, por exemplo, o grupo foi contratado para examinar possíveis malfeitos no Cruzeiro, envolvido em grande crise financeira e institucional. O Atlético também firmou acordo com a auditoria

Suspeitas motivaram pente-fino em gabinetes


Ante a desconfiança de deputados sobre possíveis escrutínios irregulares, a Polícia Legislativa do Parlamento mineiro se uniu aos setores de inteligência das polícias Civil e Militar. A força-tarefa fez varreduras nos gabinetes dos 14 deputados que compõem, como titulares ou reservas, a CPI da Cemig. Os exames não encontraram grampos ou escutas.

À época, pessoas que compõem o entorno da CPI cogitaram pedir apoio à Polícia Legislativa do Senado Federal. Houve relatos de assessores que recebiam ligações de números desconhecidos, em que os interlocutores pediam informações sobre a rotina de trabalho.

Na segunda (30), ao EM, Professor Cleiton disse que o grampo em seu celular foi desfeito. Apesar disso, o deputado afirmou que o pente-fino nos gabinetes deixou lacunas.

"Grampos não foram encontrados, mas as polícias Civil e Legislativa se depararam com algo inédito, que constará no relatório (das varreduras). Há, em cada gabinete, um alto-falante onde podemos ouvir a rádio da Assembleia. Mas os alto-falantes são (de) entrada e saída de áudio. Então, o que se conversava nos gabinetes poderia ser ouvido em algum lugar. Queremos saber que lugar é esse. Os alto-falantes foram desligados pela polícia".


Nota da Cemig a respeito da contratação da Kroll


A Cemig reafirma que realizou a contratação da empresa de investigação forense Kroll, assim como dos escritórios Sampaio Ferraz e Terra Tavares Ferrari Elias Rosa, para realizar investigação independente dentro dos limites de sua atuação corporativa. Isso foi necessário porque a Cemig foi comunicada pelo Ministério Público do Estado de Minas Gerais (MPMG) de apurações sobre a conduta dos então gestores da área de Compras em supostos casos de corrupção. Após a Cemig tomar ciência disso, em janeiro de 2021, os então gestores da área foram destituídos das posições de liderança e afastados dos cargos de origem. A investigação do MPMG encontra-se sob sigilo.

Em reunião da CPI realizada em 16 de agosto de 2021, a superintendente de Auditoria Interna da Cemig, Débora Lage Martins, informou que a Auditoria também produziu relatório de investigação a partir de uma série de denúncias sobre o mesmo tema recebidas no Canal de Denúncias da Cemig entre 2019 e 2020. O relatório foi incorporado à investigação independente em curso e entregue ao MPMG na cooperação que a Cemig tem com este órgão de fiscalização.


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