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Estado de Minas MANIFESTAÇÕES

Vídeo mostra prisão sem mandado de homem por 'jogar ovos' em bolsonaristas

Filipe Cezario foi detido com base em alegações de testemunhas e vídeo, que acabou não mostrado por policiais; caso ocorreu no 1º de Maio, em Belo Horizonte


05/05/2021 17:09 - atualizado 06/05/2021 16:46

No Dia do Trabalho, bolsonaristas se reuniram em BH para dar apoio ao presidente da República(foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)
No Dia do Trabalho, bolsonaristas se reuniram em BH para dar apoio ao presidente da República (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press)
Imagens obtidas pelo Estado de Minas mostram o momento da prisão de Filipe da Fonseca Cezario, 32, acusado de jogar ovos em manifestantes favoráveis ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), no sábado (1°/5). Ele foi apontado como responsável por tentar atingir, da janela de seu apartamento, integrantes de um ato que passava pela Avenida Afonso Pena, no Centro de Belo Horizonte. (Veja um trecho da gravação nesta matéria)

A prisão foi efetuada pela Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), que alegou flagrante. Filipe e as pessoas que dividem apartamento com ele, contudo, afirmam que o vídeo utilizado pelas forças de segurança para embasar o flagrante não foi mostrado. 

Nas imagens obtidas pela reportagem, o grupo também reclama que não há mandado judicial para justificar a detenção. Analista de sistemas, Filipe Cezario foi levado à Central de Flagrantes. Preso no início da tarde do feriado do Dia do Trabalho, foi liberado na noite do mesmo dia.

Ao lado dos policiais responsáveis pela prisão, estava o deputado estadual Bartô (Novo), que participou da manifestação bolsonarista. Alguns agentes entraram no apartamento para conduzir o rapaz à delegacia. O parlamentar, por seu turno, acompanhou a ação do corredor do 11° andar do edifício.

Um dos vídeos recebidos pela reportagem mostra, justamente, a saída de Filipe do apartamento. Em imagens anteriores, seus colegas de apartamento reclamam da forma como os policiais chegaram à residência. 

"Eles bateram na porta sem interfonar. A gente não sabia que tinha alguém subindo. Eles falaram com o porteiro que era flagrante e subiram”, lembra, ao EM, Andreza Francis, namorada de Filipe.

Momentos antes de ser levado, Filipe é orientado a desligar o celular e entregar a outra pessoa. Ele pergunta a um dos policiais o artigo da lei que justifica sua detenção, mas não obtém resposta. Diante da tentativa de ser algemado, o analista de sistemas, que têm problemas na clavícula, reclama de dores no braço.

Andreza, que filmava o momento, questiona por reiteradas vezes qual seria destino do namorado. Os policiais só fornecem o endereço da delegacia quando recebem solicitação de Bartô, o deputado. 

Antes de ser levado, Filipe conversa por telefone com uma advogada, que o orienta a ficar em casa. Ele, contudo, acaba aceitando acompanhar os policiais. Andreza crê que seu domicílio foi invadido. Em alguns momentos, ela pede às forças policiais que deixem o apartamento, mas não tem a solicitação atendida.

“Eles falaram que tinham um vídeo (para justificar o flagrante). A gente nunca viu nada. Esse vídeo, na delegacia, não foi apresentado”, sustenta a namorada do rapaz detido.

Filipe entrará com processo por danos morais, calúnia e difamação. "Eu temo pela minha vida, a ditadura bateu na minha porta. Foi uma ação política", desabafou, ainda no sábado.

Bartô alega ter agido como “assessor” de testemunha


A repercussão do caso fez Bartô pedir a palavra nessa terça-feira (4), durante reunião plenária da Assembleia Legislativa, para se defender. Ele alegou não ter se identificado como deputado durante o imbróglio. O parlamentar garantiu que não afirmou que Filipe foi o responsável por atirar ovos em manifestantes. Segundo Bartô, Filipe foi levado sob custódia por desacato.

Aos colegas, ele justificou que o analista de sistemas, quando passou a falar com a advogada, ignorou ordens dadas por policiais. “Não houve, por hora alguma, abuso de autoridade por parte deste deputado”, se defendeu Bartô, que diz ter subido ao andar de Filipe para “assessorar” uma testemunha do suposto ataque de ovos. 

Também deputado estadual, Bruno Engler (PRTB) gravou vídeos com Bartô pedindo ajuda popular para identificar outros autores de ataques a bolsonaristas do alto de prédios.

Deputados querem que corregedoria da PM explique prisão


Na segunda-feira (3/5), 12 deputados estaduais de PT, PCdoB, Rede Sustentabilidade, Psol e PSB oficializaram a intenção de pedir à corregedoria da PMMG que forneça explicações sobre a prisão. O grupo encaminhou ofício à Comissão de Direitos Humanos da Assembleia com o pedido. Se houver aval do colegiado, a solicitação será enviada à corporação.

Nesta quarta (5), a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados também oficializou a intenção de discutir o tema. O grupo vai promover audiência pública sobre o assunto. A ideia é, inclusive, ouvir o policial responsável pela autuação.

“Isso não pode acontecer. É a utilização da Polícia Militar enquanto polícia política, para dar guarida à determinada manifestação”, protesta o mineiro Rogério Correia (PT), que assina o pedido de audiência ao lado do correligionário Padre João.

A reportagem contactou a Polícia Militar para saber como a corporação trata o caso internamente. Se houver resposta, este texto será atualizado.

Atualização feita às 16h46 de quinta-feira, 6/5/21:
Nesta quinta, a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) informou, por meio do Comando de Policiamento da Capital, que instaurou procedimento administrativo para apurar as circunstâncias que geraram a prisão.


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