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Estado de Minas PANDEMIA

Falhas causam perda de doses de vacinas contra COVID no Brasil; entenda

Com ampla experiência em vacinação em massa, país tem tido lentidão no processo e falhas na distribuição, temperatura e conservação das doses


09/03/2021 17:38 - atualizado 09/03/2021 19:12

Lentidão na vacinação dos brasileiros é outro problema pertinente(foto: Reprodução/AFP)
Lentidão na vacinação dos brasileiros é outro problema pertinente (foto: Reprodução/AFP)
 A desorganização e a falta de preparo do Brasil têm causado prejuízos ao processo de vacinação contra a COVID-19, inclusive com a perda de doses de imunizantes. Os erros vão desde a má gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante a pandemia, que não viabilizou a compra das vacinas no momento certo, até o estoque, temperatura e distribuição das doses. 

Entre os problemas estão erros nas práticas da Cadeia do Frio (Cold Chain), que envolvem testes de armazenagem, conservação, manuseio, distribuição e transporte e não estão sendo seguidas devidamente. Os estudos sobre as etapas, feitos por especialistas, têm o objetivo de garantir a eficácia e temperatura das vacinas, principalmente durante o transporte.
 
De acordo com a especialista Liana Montemor, Diretora Técnica e de Estratégia Cold Chain do Grupo Polar, a perda de doses é resultado da falta de planejamento e dos erros cometidos pelo Brasil na armazenagem, falta de controle de temperatura e qualidade.

“Agora estamos nos deparando muito com o tema, mas a Cadeia do Frio é algo que existe há muito tempo no Brasil, pois todo e qualquer medicamento e vacinas transportados por aqui, por exemplo, exigem análise criteriosa e protocolos rígidos de manuseio, contudo os erros e falhas nesta cadeia impactam diretamente na falta de imunização da população”, disse.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgou que cerca de 50% das vacinas em todo o mundo são desperdiçadas, principalmente, em decorrência de problemas na temperatura. A especialista disse ainda que “é triste ver um país perdendo a eficácia de uma vacina por quebra da Cadeia do Frio e temperatura”.

“Olhando para uma ação nacional desta complexidade, insistimos na necessidade de garantir o controle da temperatura”, frisou.

Urgência causou sobrecarga no Plano Nacional de Imunização

Segundo a infectologista Luana Mariano, o Brasil nunca teve problemas com a vacinação em massa, mas que a urgência pela vacina contra a COVID-19 sobrecarregou o Plano Nacional de Imunização.

“Existe um planejamento para cada uma (outras vacinas) que não é realizado em uma condição de urgência. Nós temos experiência em logística e vacinação em si, mas isso não leva em consideração o fator urgência absoluta e correria igual estamos vivendo. A vacinação da COVID-19 é uma coisa extra, uma adição ao nosso Programa Nacional de Imunização. Então eu acho que da mesma forma que a saúde está sobrecarregada, o sistema de imunização e logística também está”, ressaltou.

Por outro lado, ela disse ao Estado de Minas que a perda de doses é um risco existente durante a distribuição das mesmas no país. “Um percentual de perdas é esperado. O que estamos vendo agora sobre a perda de doses é diferente do que normalmente é para outras vacinas por causa da urgência e de tudo que está acontecendo”.

“Toda perda é derivada de alguma falha. Talvez porque a logística não funcionou, o transporte não foi o melhor, houve problema com a geladeira do freezer do posto de saúde, enfim. Mas o nosso sistema normal de vacinação consegue compensar isso e o número de falhas é pequeno, pelo fato do Brasil ser experiente nesse processo”, afirmou.

Porém, a especialista não descartou o despreparo do governo.

“Elas (falhas) podem, sim, ter origem de uma questão governamental em diferentes níveis. Mas estamos dentro de um processo completamente atípico do que a gente vê. É natural acontecer, mas não é natural que isso se perpetue e não seja resolvido”, pontuou.

Avanço da COVID-19 


Em meio ao caos, o Brasil tem de enfrentar, ainda, o crescimento considerável de casos e mortes por causa da COVID-19 em praticamente todas as regiões, o que impacta diretamente na vacinação. Isso é reflexo da lentidão na imunização; circulação de variantes; festas de fim de ano, aglomerações e viagens do carnaval; queda no isolamento social; e principalmente a má gestão do Governo Federal na pandemia. 

De acordo com o infectologista Geraldo Cunha Cury, o negacionismo do presidente Jair Bolsonaro tem impacto significativo no comportamento da população. “Qualquer que seja o presidente da República, muitas pessoas fazem e seguem aquilo que é aconselhado por ele. Lamentavelmente, estamos assistindo a um conjunto de desinformação."

Na última semana, Bolsonaro voltou a ser alvo de críticas de especialistas da saúde ao chamar de “mimimi” e “frescura” o sofrimento pelo crescimento de mortes no país. "Chega de frescura, de mimimi. Vão ficar chorando até quando? Temos que enfrentar os problemas, respeitar, obviamente, os mais idosos, aqueles que têm doenças, comorbidades. Mas onde vai parar o Brasil se nós pararmos?", disse o presidente em discurso transmitido pela TV Brasil.

Prioridade à vacinação


A Associação Médica Brasileira (AMB) e a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) pedem aos governos estaduais e municipais e ao Governo Federal, prioridade absoluta à vacinação dos brasileiros.

“A vacinação ágil e em grande escala dos brasileiros reduzirá o caos e a tragédia que vivemos hoje”, diz parte do manifesto.

Leia a nota, na íntegra, abaixo:


“CONSIDERANDO que o Brasil contabiliza mais de 10 milhões de casos confirmados de COVID-19;

CONSIDERANDO que mais de 250 mil brasileiros morreram de COVID-19, representando 10% do total de mortes no mundo;

CONSIDERANDO que a maioria dos estados brasileiros e o Distrito Federal enfrentam o pior momento da pandemia, já com colapso do sistema de saúde em vários municípios do país;

CONSIDERANDO que o desemprego, piorado pela pandemia, atinge 14 milhões de brasileiros com suas dramáticas consequências sociais;

CONSIDERANDO que há sólidas evidências científicas de que as medidas de prevenção para COVID-19, incluindo o uso de máscaras, distanciamento social, higienização das mãos com água e sabão ou álcool 70%, evitar aglomeração, estão entre as principais medidas para diminuir a transmissão do novo coronavírus SARS-CoV-2, porém estamos sem diretrizes coordenadas dos órgãos centrais para a condução desta tragédia que o Brasil está vivendo;

CONSIDERANDO que a vacinação contra COVID-19 de forma célere e de grande número de brasileiros está entre as medidas mais eficazes para mitigar a disseminação do novo coronavírus, porém estamos longe de conseguir tão importante objetivo, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), em ação conjunta com a Associação Médica Brasileira (AMB), dirigem-se através desse manifesto público a todos os governantes e gestores públicos do governo federal, governos estaduais, Distrito Federal e municipais para que deem prioridade absoluta à vacinação, incluindo a compra de vacinas aprovadas pela ANVISA, bem como determinem a ampla implementação das medidas preventivas contra COVID-19, efetivando-as e divulgando-as amplamente.

Somente a imediata e ampla implantação das medidas preventivas e a vacinação ágil e em grande escala dos brasileiros poderão reduzir o caos e a tragédia ainda maior do que vivemos hoje. A saúde é direito de todos e dever do Estado.”
 

O que é o coronavírus

Coronavírus são uma grande família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus (COVID-19) foi descoberto em dezembro de 2019, na China. A doença pode causar infecções com sintomas inicialmente semelhantes aos resfriados ou gripes leves, mas com risco de se agravarem, podendo resultar em morte.


transmissão dos coronavírus costuma ocorrer pelo ar ou por contato pessoal com secreções contaminadas, como gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro, contato pessoal próximo, como toque ou aperto de mão, contato com objetos ou superfícies contaminadas, seguido de contato com a boca, nariz ou olhos.


A recomendação é evitar aglomerações, ficar longe de quem apresenta sintomas de infecção respiratória, lavar as mãos com frequência, tossir com o antebraço em frente à boca e frequentemente fazer o uso de água e sabão para lavar as mãos ou álcool em gel após ter contato com superfícies e pessoas. Em casa, tome cuidados extras contra a COVID-19.

Vídeo: Flexibilização do isolamento não é 'liberou geral'; saiba por quê

Principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:

  • Febre
  • Tosse
  • Falta de ar e dificuldade para respirar
  • Problemas gástricos
  • Diarreia
  • Em casos graves, as vítimas apresentam:
  • Pneumonia
  • Síndrome respiratória aguda severa
  • Insuficiência renal
  • Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus 

Mitos e verdades sobre o vírus

Nas redes sociais, a propagação da COVID-19 espalhou também boatos sobre como o vírus Sars-CoV-2 é transmitido. E outras dúvidas foram surgindo: O álcool em gel é capaz de matar o vírus? O coronavírus é letal em um nível preocupante? Uma pessoa infectada pode contaminar várias outras? A epidemia vai matar milhares de brasileiros, pois o SUS não teria condições de atender a todos? Fizemos uma reportagem com um médico especialista em infectologia e ele explica todos os mitos e verdades sobre o coronavírus.


Para saber mais sobre o coronavírus, leia também:

 


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